Da Redação
Com Lusa
O músico João Gil, em conjunto com a Cruz Vermelha Portuguesa, lançou um desafio a todos os artistas lusófonos para participarem no “maior concerto do mundo” e, assim, angariarem fundos destinados a Moçambique, país afetado pelo ciclone Idai.
“Nós queremos mobilizar os povos da língua portuguesa. Queremos mobilizar o povo do Brasil, o povo de Angola, todos os músicos angolanos”, anunciou João Gil numa conferência de imprensa na sede da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), em Lisboa.
O músico disse ainda que se pretende mobilizar Moçambique, Cabo Verde, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau.
“Podem enviar os seus conteúdos (…) e, a partir de 18 de abril, nós começamos um concerto interminável”, declarou o músico português.
A iniciativa, dinamizada também com Rui Veloso, pretende angariar fundos destinados a ajudar as vítimas do ciclone Idai em Moçambique, país que já contabiliza 242 vítimas mortais, e irá funcionar de uma forma diferente de outros concertos solidários realizados até agora.
Em vez de uma transmissão televisiva, a emissão da “Operação Imbondeiro – O Maior Concerto do Mundo” seria feita através do portal `on-line` da Cruz Vermelha Portuguesa, podendo então ser partilhada pelas várias estações de rádio e canais televisivos.
Uma vez no portal da Cruz Vermelha Portuguesa, as estações podem fazer a ligação e podem transmitir os concertos “de uma forma absolutamente aberta” e no seu rodapé constará uma linha da Altice para a recolha de fundos diretamente para o fundo de emergência da CVP, explicou o presidente da instituição, Francisco George.
A iniciativa anunciada consiste, de acordo com João Gil, numa alternativa mais “democrática” e permite a participação de todos os artistas interessados, assinalando que os moldes anteriores conduziam à limitação do número de participantes.
“Quando nós fizemos o concerto de Pedrógão [Grande], não demos vazão a todos os artistas que queriam trabalhar, que queriam colaborar, e desta vez não há limites”, afirmou João Gil, acrescentando que este “pode ser o maior concerto do mundo”.
O músico referiu também os “fantasmas que estão no ar acerca da distribuição” dos valores recolhidos em concertos anteriores, mas assegura que “há uma auditoria constante das verbas que vão entrando”.
Durante a conferência de imprensa, a Cruz Vermelha Portuguesa anunciou já ter angariado 394.000 euros e que utilizará parte deste valor para fretar um avião com rumo à cidade moçambicana da Beira que transportará 30 toneladas de ajuda humanitária.
O número de mortos confirmados na sequência do ciclone Idai subiu para 242 em Moçambique e 259 no Zimbabué. As únicas estimativas conhecidas do Maláui continuam inalteradas, em 56 mortos e 177 feridos.
O chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, decretou o estado de emergência nacional na terça-feira e disse que 350 mil pessoas “estão em situação de risco”. Moçambique decretou três dias de luto nacional.
A Cruz Vermelha Internacional indicou que pelo menos 400.000 pessoas estão desalojadas na Beira, considerando que se trata da “pior crise” do gênero em Moçambique.
O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilômetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.
Do Brasil
O presidente Jair Bolsonaro também afirmou que está disponível para ajudar a população moçambicana afetada pelo ciclone, declarando estar também solidário com os povos do Zimbabué e Maláui.
“Ontem (quarta-feira) liguei para o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, para prestar solidariedade ao seu país e às vítimas da devastação causada pelo ciclone Idai. Colocamo-nos à disposição no que for possível. Solidarizo-me com o povo do Zimbabué e Maláui, também atingidos pelo ciclone”, escreveu Bolsonaro na rede social Twitter.
Em Bruxelas, o Centro de Coordenação de Resposta de Emergência da Comissão Europeia já recebeu ofertas de assistência de sete Estados-membros, entre os quais Portugal, para ajudar Moçambique na sequência da devastação.
Na sequência de um pedido de ajuda de Moçambique, o Mecanismo de Proteção Civil da UE foi ativado e, “numa resposta imediata, o Centro de Coordenação de Resposta de Emergência da Comissão já recebeu ofertas de assistência por parte da Alemanha, Dinamarca, Luxemburgo, Espanha, Itália, Portugal e Reino Unido, através do mecanismo”, indica a Comissão Europeia.
O executivo comunitário precisa que “a assistência oferecida inclui equipamento de purificação de água, equipas de emergência médica, equipamentos de abrigo e tendas, ‘kits’ de higiene, alimentação, colchões e telecomunicações por satélite para trabalhadores humanitários no terreno”.
“Além disso, uma equipa de 10 especialistas de sete Estados-membros (Alemanha, Finlândia, Holanda, Portugal, Romênia, Suécia e Eslovênia) será enviada para Moçambique, para ajudar com questões logísticas e aconselhamento”, aponta a Comissão, lembrando que “esta assistência adicional acresce à ajuda humanitária da UE de 3,5 milhões de euros” anteriormente anunciada para Moçambique, Maláui e Zimbabué.
“Moçambique não está sozinho nestes tempos difíceis. Mais ajuda da UE está a caminho. Estamos a trabalhar 24 sobre 24 horas, sete dias por semana, para fazer chegar bens essenciais e salvar vidas. Também estamos a enviar especialistas humanitários da UE para as áreas afetadas, para coordenar a nossa assistência. Agradeço aos Estados-membros pelo seu apoio generoso. Isto é a solidariedade da UE em ação”, declarou o comissário para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, Christos Stylianides.