Por Ígor Lopes
O músico português José Barros, uma das principais referências no universo dos cordofones portugueses, especialmente da viola braguesa, vai estar no Brasil em outubro para apresentar o projeto intitulado “Violas Encantadas”.
José Barros, que já é uma figura conhecida no Brasil desde a sua última visita em 2018 com a cantora Isabel Silvestre, apresenta agora uma colaboração especial com o famoso músico brasileiro de viola caipira, Fernando Deghi, atualmente a residir em Portugal. Esta parceria resulta num projeto que celebra as semelhanças e peculiaridades das violas de ambos os países, criando uma verdadeira ponte musical.
O projeto “Violas Encantadas” integra instrumentos tradicionais portugueses como a braguesa, a viola beiroa, a campaniça e a amarantina, com a viola caipira e a viola arpa de Deghi. Barros destaca a harmonia entre as diferentes afinações e sonoridades das violas, revelando que esta interação cultural é um dos pontos altos do projeto.
“As “Violas Encantadas” é um projeto à volta das violas tradicionais de arame. E temos em Portugal um dos grandes músicos da viola caipira do Brasil que é o Fernando Deghi que vive em Portugal e nós tínhamos prometido um ao outro construir um projeto entre as violas e o canto En-Cantadas: significa do encanto, mas também cantadas”, explicou José Barros sobre a essência deste novo projeto no Brasil.
Entre os temas a serem apresentados estão composições tradicionais e populares como “Asa Branca” e “Xalana”, cruzadas com peças originais de Barros, como “Saudades”. O projeto visa “mostrar a proximidade cultural entre Portugal e Brasil através da música”.
Ricardo Fonseca junta-se a Barros e Deghi nesta aventura musical, que já tem obtido grande sucesso em Portugal e que agora se prepara para conquistar o público brasileiro.
“Violas Encantadas” é descrito por Barros como um projeto único, que difere de tudo o que foi feito até agora, oferecendo uma experiência musical rica e inovadora.
“Então estas são umas violas cantadas. E as violas portuguesas – a braguesa, a beiroa, a campaniça, a amarantina – cruzando com a viola campaniça do Alentejo, principalmente com a viola caipira e a arpa do Fernando Deghi. Construímos uma cultura que é das violas que é comum a Portugal e ao Brasil. E desenvolvemos um trabalho à volta do que é cantar uma cantiga como, por exemplo, ‘Asa Branca’ com ‘A Padeirinha’ que é um tradicional português não saindo do mesmo ambiente”, acrescentou Barros.
A digressão pretende ser um evento imperdível, celebrando a riqueza cultural e a união entre as tradições musicais de Portugal e Brasil.
“Nós cruzamos este mundo das violas tradicionais que é viola de arame das cordas duplas e traduzimos isso num projeto a que chamamos ‘Violas Encantadas’. Eu, Fernando Deghi e também o Ricardo Fonseca. É um trabalho que vamos querer apresentar no Brasil inteiro”, disse.
“A viola caipira tem um diálogo muito próximo do que eu tenho, por exemplo, com a minha braguesa que eu toco com o Fernando. As violas são idênticas, muitas vezes com afinações e sonoridades diferentes porque já são instrumentos com construção em Portugal e no Brasil,” explicou.
A passagem pelo Brasil é o culminar de um sonho e uma grande vontade de mostrar esta proximidade cultural.
“A grande curiosidade é que neste momento estou a tocar braguesas que foram construídas por Ferrone no Brasil. Portanto há todo um cruzar de informação e de cultura que é muito salutar para a música e para a cultura que se apregoa tanto da sua proximidade. Nós não quisemos que estas palavras vãs aconteçam só quando estamos a conversar. Há uma grande proximidade entre Portugal e Brasil e depois não se exemplifica. Isso é em meu ver um grande exemplo do que pode ser”, afirma.