Da redação com Lusa
No Porto, as árvores do parque de Serralves “quase fizeram o favor de desenhar o projeto” da nova Ala Álvaro Siza, afirmou o arquiteto que lhe dá nome, na apresentação do novo espaço do Museu de Serralves, a abrir sábado.
“Tenho a esperança de ter correspondido de forma apropriada ao programa que me foi indicado e, já agora, de não ter molestado o parque e as árvores classificadas que quase me fizeram o favor de desenhar o projeto. As árvores que espreitam pelas poucas, mas intencionais, janelas”, declarou o arquiteto Álvaro Siza Vieira aos jornalistas, durante uma visita à nova ala do museu, quinta-feira.
Siza Vieira declarou que aguardou “com alguma ansiedade a inauguração efetiva da nova Ala do Museu de Serralves, submetida agora a uma primeira prova de funcionamento, enquanto espaço expositivo das três artes plásticas: a arquitetura, a pintura e escultura”.
O novo edifício vem aumentar em 33% a área de construção do Museu de Serralves, que é constituída por três pisos (um piso de arquivos e dois pisos de exposição), e é inaugurado com as exposições “Anagramas Improváveis” e “C.A.S.A. Coleção Álvaro Siza Arquivo”.
A exposição “Anagramas Improváveis – Obras da Coleção de Serralves” foi pensada por curadores de várias idades de Serralves que trouxeram “visões renovadas e frescas” e foi concebida como uma “espécie de sucessão de diálogos entre artistas de diferentes gerações e de diferentes nacionalidades”, disse à Lusa o cocurador Ricardo Nicolau.
Os diálogos são “patrocinados” pela “própria arquitetura do museu”, porque de uma sala podem ver muitas outras salas, o que significa que as coleções de vários artistas vão estar em “diálogo ao quadrado e ao cubo”, explicou o curador.
A serem apresentadas vão estar obras adquiridas recentemente como, por exemplo, trabalhos de Juliana Huxtable, Zanele Muholi, Arthur Jafa, João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira, João Maria Gusmão & Pedro Paiva, Alexandre Estrela, Trisha Donnelly ou Korakrit Arunanondchai.
Quanto à Coleção Álvaro Siza, conta com nove segmentos – um para cada década da sua vida – que são complementados com a arte que o arquiteto produz à parte por prazer e que doou a Serralves.
Nela podem descobrir-se, por exemplo, os desenhos do arquiteto desde a sua infância, quando fazia banda desenhada, ou a cozinha desenhada para a sua avó.
Os edifícios que desenhou ao longo da sua vida, desde as primeiras casas aos projetos de habitação social do pós-25 de Abril estão também presentes ao longo da exposição.
Segundo a presidente do conselho de administração da Fundação de Serralves, Ana Pinho, o contributo do Estado, a par dos fundadores privados – nos últimos oito anos entraram 179 novos fundadores privados -, foi que tornou possível o desenvolvimento da coleção de Serralves e da própria instituição.
“É uma contribuição para o investimento, não só para a aquisição de obras de arte, mas também para a aquisição de novos projetos como é o caso deste edifício [a nova Ala Álvaro Siza], e outros”, disse.