Da Redação
Com Lusa
A Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) e o Turismo do Algarve contestaram o plano de retoma de atividade anunciado pela companhia área TAP para os próximos dois meses por “não servir” a região como “principal destino turístico nacional”.
Numa posição conjunta, o presidente da AMAL, António Miguel Pina, e o homólogo da Região de Turismo do Algarve (RTA), João Fernandes, criticaram a decisão da companhia aérea de reduzir de três para duas, no mês de julho, as ligações diárias entre os aeroportos de Faro e Lisboa, num período em que se procura retomar a economia após a paragem forçada pela pandemia de covid-19.
“Antes da pandemia, a suposta companhia aérea de bandeira do país assegurava apenas três voos diários de Lisboa a Faro, numa tímida ponte aérea com o ‘hub’ nacional. Quando a pandemia eclodiu na Europa, a TAP foi expedita a suprir as já reduzidas ligações ao Aeroporto Internacional de Faro e, de acordo com o plano agora apresentado, o reatar da atividade para o Algarve será muito lento, com apenas duas ligações diárias em julho”, lamenta.
António Miguel Pina e João Fernandes consideraram que o plano de retoma de parte da operação anunciado na segunda-feira pela companhia aérea portuguesa “não serve o Algarve, nem segue o exemplo das congêneres aéreas mundiais, que anunciaram uma retoma mais robusta da operação para a região”.
Os responsáveis máximos da AMAL e da RTA apontaram como exemplos contrários à decisão da TAP as opções de companhias aéreas como a Edelweiss, que operará o primeiro voo comercial Zurique-Faro a 28 de maio, a Luxair Tours, com o primeiro voo Luxemburgo-Faro a 31 de maio, ou a Transavia Netherlands, com operação Amesterdão-Faro a partir de 04 de junho.
“Felizmente, o Algarve tem-se destacado pelo interesse que gera em companhias aéreas e operadores turísticos além-fronteiras”, congratularam-se aqueles responsáveis, apontando ainda o exemplo da companhia alemã Lufthansa, que vai retomar os voos para 20 destinos mundiais a partir de meados de junho, entre os quais Faro, indicaram.
A mesma fonte lamentou ainda que as decisões destas companhias internacionais não tenham “invalidado o fato de a companhia aérea que se diz nacional continuar a desconsiderar o Algarve nos seus planos, quando este é o maior destino de férias do país”.
Críticas
Após críticas à companhia, o primeiro-ministro António Costa também afirmou que a Comissão Executiva da TAP tem o dever legal de “gestão prudente” e considerou que “não tem credibilidade” um plano de rotas sem prévia informação sobre a estratégia de reabertura de fronteiras de Portugal.
“Não tem credibilidade qualquer plano de rotas definido pela TAP sem a prévia informação sobre a estratégia de reabertura de fronteiras definida pela República Portuguesa”, acentuou o primeiro-ministro.
António Costa disse mesmo ver-se “obrigado a recordar à Comissão Executiva da TAP os deveres legais de gestão prudente e responsável da companhia”.
Esse conjunto de deveres legais de gestão prudente e responsável na gestão da transportadora aérea nacional, de acordo com o primeiro-ministro, “não é compatível com a definição, divulgação e promoção de planos de rotas cuja viabilidade depende da vontade soberana da República Portuguesa na gestão das suas fronteiras”.
Na segunda-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que “acompanha a preocupação manifestada por vários partidos políticos e autarcas relativamente ao plano de retoma de rotas da TAP, em particular no que respeita ao Porto”.
O plano da TAP foi igualmente criticado pelo presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, e autarcas de municípios como Gondomar, Valongo e Vila Real e por dirigentes do PS, do PCP e do BE, entre outros.