Por Vanessa Sene
Especial de Ponta Delgada, nos Açores para o Mundo Lusíada
O Governo dos Açores iniciou, em 12 de setembro, a semana de conferências sobre Migrações, o Metropolis. Palestrantes, convidados, visitantes, estudantes de diversos países estão entre os que integram a visita nos Açores. O Mundo Lusíada viu tudo de perto, participou de conferências e visitas de estudo, acompanhando tudo em português e inglês, para atender a maior demanda do grupo, estrangeiros.
Em meio ao trabalho, novos lugares, paisagens belíssimas, conhecer Açores pela ilha que estamos, São Miguel. São ao todo 130 mil habitantes, metade deles na dita capital da ilha, em Ponta Delgada, uma cidade litorânea, simpática e favorecida para o turismo.
Pelo ponto turístico Portas do Mar, na área dos cais em Ponta Delgada, encontramos todo o grupo e nos reunimos para as próximas atividades. Lá, no cais, além da vista com os barcos ancorados remetendo a uma paisagem de postal, encontramos passeios que levam os turistas para ver golfinhos e baleias, a 40 Euros. O local exato em alto mar, depende do dia e da disposição dos animais, que mesmo curiosos se aproximam do barco sem intervenção dos visitantes.
Mas só andando pela cidade para sentir a cultura local. Outro ponto turístico, Portas da Cidade, representa a antiga entrada da cidade, onde as pessoas sempre passavam pelos arcos. É um dos símbolos de Ponta Delgada.
A capital começou mesmo em Santa Clara, o primeiro local em que os pescadores se fixaram. E a região toda ganhou fama pela beleza natural. Há por exemplo a Avenida Príncipe de Mônaco em alusão ao príncipe que muitas vezes visitou o local, era amante do mar e seus estudos, e portanto teve uma avenida com seu nome em São Miguel.
Quando chegamos a esta ilha, aterrissamos no Aeroporto de São João. Se precisarmos de atendimento, vamos ao Hospital Divino Espírito Santo. É o que se chama por aqui de “insularidade”, tudo é ligado a cultura da ilha, sempre remetendo a história e tradição religiosa. Conta se que no Séc. 15, na época dos primeiros povoadores, os tremores de terra eram constantes já que algumas áreas são vulcânicas. Os pescadores então achavam ser o diabo, e rogavam proteção a Deus. Até hoje, a tradição religiosa é muito forte por aqui.
A exemplo do folclore que a diáspora açoriana representa, conhecemos também o Rancho Folclórico Casa do Povo do Livramento, um grupo já no seu segundo CD, que realiza todos os anos intercâmbio com diferentes grupos folclóricos. Segundo a diretoria Karina Silva, eles garantem a estadia, alimentação e participação no festival de folclore realizado sempre em setembro, e vice versa. Este ano o grupo esteve em Portugal Continental, com seus 35 componentes. Quem quiser poderá conferir a divertida apresentação feita no Campo da Batalha nos Açores, aos participantes da Conferencia Metropolis, no site YouTube.com/MundoLusiada.
A extensão do arquipélago é mesmo muito grande, para algumas ilhas o melhor acesso por avião. Entre os pontos mais conhecidos estão Lagoa da Sete Cidades, o encontro dos lagos azul e verde que chama muita atenção dos turistas, e as Furnas, onde os açorianos preparam um Cozido a portuguesa embaixo da terra, numa temperatura altíssima da própria região vulcânica, e o alimento é cozido por cerca de 6 horas. Muitos são os pontos a visitar, desde o Café Camões ao belíssimo Teatro Micaelense, o passeio vale a pena.
Economia nos Açores – No meio do séc. 18, Açores contava com uma grande produção de laranja, que seguia principalmente para Portugal continental e também para Inglaterra. Mas na época, eis que uma grande produção de laranja do Brasil passou a oferecer o mesmo produto, acabando assim com este rico clico para os Açores. Para recompensar a perda, o arquipélago passou a produzir vários outros itens, de culturas variadas, como café, abacaxi, tabaco e chá. Mas nunca mais alcançariam a economia daquela época.
Do resultado desta história, muitos açorianos ficaram sem trabalho e os dois principais destinos dos açorianos nesta altura foram Estados Unidos e Brasil.
LAGOA DAS SETE CIDADES
Seguindo a programação do governo dos Açores, fomos a Lagoa da 7 Cidades, ponto turístico que traz muitos curiosos para esta região da Ilha de São Miguel.
A montanha das 7 Cidades tem altura de 650 metros, para chegar até lá passamos pela freguesia de Povoado, numa paisagem exuberante de campos infinitos e terrenos de pastagem. As vacas são animais comuns de se ver por aqui. Há na ilha cerca mais de 100 mil vacas, quase uma por habitante. Elas vieram sobretudo de Holanda, não são açorianas, mas são como um símbolo da ilha por estarem em muitos lados. E dão mesmo uma pitada interiorana ao ambiente, na paisagem de campos de pastagem, tendo o oceano ao fundo.
Mas voltamos a nossa estrada com destino a Lagoa 7 Cidades, e muitas flores, principalmente hortênsias. Esta ilha foi desejo de descobertas de muitos reis, por ser rica e bonita, e muitas expedições foram enviadas para descobri-la, mas foram mesmo os portugueses a encontrá-la primeiro. Ainda em temos passados, o Rei Don Carlos e sua rainha visitaram São Miguel, e seguiram para ver a famosa Lagoa. Foi em 1801 que eles estiveram por aqui, e portanto um dos locais de passagem, onde o rei parou para observar a beleza da natureza, ficou neste local chamado como Vista do Rei.
Passamos ainda pelo Pico do Carvão, e cavernas realmente grandes. Há uma com 4km de área, na Ilha do Corvo, onde vivem 300 pessoas. Muitas expectativas para conhecer a tal Lagoa, que por consequência da natureza, não conseguimos visualizar em total claridade, por causa do dia chuvoso em São Miguel. Ficou se a história, e a promessa de voltar para rever melhor a lagoa, que é mesma dividida em duas cores, na junção das águas verdes e azuis.
Diz a lenda deste local que a filha de um rei passeava pelos campos da montanha quando conheceu seu verdadeiro amor, um amor proibido. Tendo conhecimento da historia, o Rei proibiu a filha deste romance mas lhe permitiu um último encontro para se despedir do amado. Dos seus olhos azuis, caiu se lágrimas que fizeram a parte azul da lagoa, e dos olhos verdes do rapaz, as lágrimas transformaram se na parte verde da famosa lagoa. Assim, o amor deles estaria para sempre juntos.
Lendas a parte, o caminho de volta nos permitiu conhecer a freguesia de Ferraria. Simpática e tranquila, com suas casas similares e azulejadas, a vila traz um novo conto, desta sobre a Ponta da Ferraria. Conta a história que os ingleses, ao chegarem a esta ilhota, fincaram sua bandeira inglesa no solo. Os portugueses viram e ignoraram. Mas por causa do vulcão, quando os ingleses retornaram ao local não havia mais ilha nem bandeira, tudo tinha desaparecido. A história diz que a natureza acabou com um problema diplomático entre Portugal e Inglaterra.
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