Mundo aguenta duas guerras, mas com “custos muito elevados” – Presidente

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, Lisboa, 4 de maio de 2023. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Da Redação com Lusa

O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou neste dia 15 que o mundo aguenta duas guerras em simultâneo, mas com “custos muito elevados”, sobretudo para os mais pobres.

“O mundo aguenta? Aguenta, mas isso significa custos muito elevados, custos sobretudo muito elevados para os mais pobres”, frisou Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que, em guerras como a da Ucrânia ou de Israel, “sofrem sempre mais aqueles que menos têm”, sejam pessoas, regiões, Estados ou continentes.

Em declarações aos jornalistas em Vouzela, no final de uma homenagem às vítimas dos incêndios de outubro de 2017, o chefe de Estado lembrou que os dois conflitos surgiram nos anos seguintes à pandemia de covid-19, deixando “um lastro na vida das pessoas, das comunidades e dos Estados que é difícil de medir neste momento”, porque “ainda não acabaram”.

Questionado sobre se concorda com as palavras do primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, que defendeu que Israel tem o direito de se defender agindo militarmente, mas também tem de o fazer respeitando as populações civis de Gaza, Marcelo Rebelo de Sousa fez uma distinção entre os conflitos em curso.

“Enquanto na Ucrânia estamos perante um conflito entre dois Estados, aqui estamos perante um ataque terrorista a um Estado, mas sendo certo que esse ataque terrorista vem de uma parcela daquilo que ainda não é um Estado, mas que as Nações Unidas esperariam que pudesse vir a ser um Estado a conviver com o Estado de Israel”, explicou.

Neste âmbito, defendeu que “aplicar aqui os princípios e os valores do direito internacional implica uma sensibilidade, um cuidado, uma preocupação muito elevada”.

O Presidente da República destacou os esforços que Portugal tem feito, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, para retirar os portugueses que estavam no território israelita.

“Portugal até foi mais longe, porque deu transporte a nacionais de outros Estados que queriam também sair. Não pode dar a todos, mas pode dar àqueles que não teriam meios para pôr de pé um esquema de saída”, realçou.

Apesar das diferenças, na sua opinião, “os dois conflitos são delicados”: no caso da Ucrânia, envolvendo “praticamente todas as potências mundiais”, há uma “balança de poderes que está a ser discutida” e, no caso de Israel, “há um problema de balança de poderes e de dificuldade em encontrar uma via”.

“A União Europeia tem tido um papel, em todas essas situações, muito importante, como, aliás, as Nações Unidas no espaço de que dispõe, que muitas vezes não é muito”, considerou.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “a União Europeia soube distinguir o ataque terrorista da continuidade do apoio econômico que proporciona às populações palestinianas”.

“É um equilíbrio e uma gestão tão complexa e tão sensível que todo o cuidado é pouco quando se está a comentar uma realidade dessas”, admitiu.

O grupo islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, lançou a 07 deste mês um ataque surpresa contra Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.

Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

Os ataques já provocaram milhares de mortos e feridos nos dois territórios.

Nesta segunda-feira, a União Europeia (UE) anunciou uma ponte aérea com o Egito para enviar ajuda humanitária à população palestiniana de Gaza, que enfrenta uma situação “desastrosa”.

“A União vai lançar a operação ‘Ponte Aérea Humanitária da UE’, que consiste em vários voos para o Egito para levar mantimentos vitais a organizações humanitárias que estão no terreno em Gaza”, segundo a Comissão.

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