Mudanças Climáticas: Não há tempo a perder, diz ONU

 

Mundo Lusíada E Rádio ONU

UN Photo/Evan Schneider

A Conferência sobre Mudança Climática, em Bali, na Indonésia, pretendeu estabelecer as bases de um novo acordo para substituir o Protocolo de Quioto, que expira em 2012. O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, havia encerrado sua participação no evento para visitar o Timor-Leste, mas decidiu retornar a Bali para acompanhar a fase final das negociações.

Ban afirmou que o mundo precisa agir rapidamente contra o aquecimento global, e que não há mais tempo a perder. Segundo ele, a ciência já provou claramente que o efeito estufa é uma ameaça a toda a humanidade.

Na quinta-feira 13 de dezembro, o diretor-executivo da Secretaria da Convenção da ONU sobre Mudança Climática, Yvo de Boer, disse que estava muito preocupando com o ritmo lento das conversações. A reunião, com mais de 15 mil participantes entre representantes de 190 países, sociedade civil e agências da ONU, entrou numa fase de “tudo ou nada”, e era preciso consenso. Boer pediu aos participantes maior atenção aos problemas dos países em desenvolvimento, e disse que um atraso nas medidas de adaptação é um ataque direto aos pobres porque, segundo ele, são os mais vulneráveis aos impactos das alterações climáticas.

De forma inesperada, os Estados Unidos voltaram atrás e aceitaram o pedido de “mais ação” dos países desenvolvidos no combate ao aquecimento global. A chefe da delegação americana, Paula Dobriansky, disse anteriormente que “não podia concordar” com as objeções da Índia e da China. Mas suas declarações foram duramente criticada por diversos países. No sábado, quando os americanos voltaram a pedir a palavra, ninguém esperava pela mudança. “Vamos seguir em frente e nos juntar ao consenso”, disse Dobriansky.

Previsto para aprovar o novo texto na sexta, 14 de dezembro, a reunião acabou se estendendo até madrugada do sábado. O tratado assinado faz apenas uma referência ao IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas), mas sem falar em metas. Uma nota de rodapé vincula o documento às metas de redução de 25% a 40% da emissão de gases até 2020.

Segundo o diretor-geral da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), a última década foi a mais quente da história. Conforme Jarraud, o aquecimento global é uma das conseqüências das mudanças climáticas.

"Nós viemos aqui dar três recados. Primeiro, precisa ser feita alguma coisa nesse planeta, senão não temos mais tanta vida. A outra coisa é que é impossível discutir um modelo de política de combate ao desmatamento, sequestro de carbono para melhorar o clima, sem a nossa presença. E viemos também dizer de que forma esse fórum e os governos pensam beneficiar as populações que estão conservando", disse o representante dos Seringueiros do Amazonas, Manuel Silva da Cunha, que falou sobre a preocupação dos indígenas brasileiros. No encontro, a delegação brasileira foi chefiada pelo ministro Celso Amorim e ministra Marina Silva. Celso Amorim ainda participou, a convite do Governo da Indonésia, nos dias 8 e 9 de dezembro, da reunião "Diálogo de Ministros de Comércio sobre Questões de Mudança do Clima". De acordo com informações do InfoRel, a reunião tem por objetivo discutir questões ligadas ao comércio e meio ambiente, para inter-relações positivas entre políticas comerciais e medidas de combate à mudança do clima. Não há tempo a perder As Nações Unidas sugeriram aos países industrializados uma redução entre 25 a 40%, até 2020. Segundo a ONU, os cortes deverão atingir 50% até 2050. Um estudo do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (Ipcc) afirma que se todos os governos contribuírem com 0,1% de seu Produto Interno Bruto, PIB, será possível parar o efeito estufa nos próximos 30 anos.

No dia 11 de dezembro, a Organização das Nações Unidas marcou o Dia Internacional da Montanha com um alerta sobre a velocidade do aquecimento global. Segundo a ONU para Agricultura e Alimentação (FAO) a mudança climática está causando o desaparecimento de espécies em áreas montanhosas. A causa principal do aquecimento global é altas emissões de dióxido de carbono.

De acordo com a FAO, nos últimos 30 anos, houve um aumento de cerca de 70% nas emissões de gases poluentes. Um dos exemplos é o caso do Butão, no centro-sul da Ásia, onde as geleiras estão diminuindo de 20 a 30 metros por ano. Uma das medidas para combater o problema prevê a distribuição de aparelhos de rádio à população rural para que recebam advertências sobre a situação climática da região. O Dia Internacional da Montanha é comemorado desde 2003 pela ONU, após aprovação em Assembléia Geral.

2008: Brasil prioriza clima e reforma na ONU Segundo o vice-representante do Brasil nas Nações Unidas, embaixador Piragibe Tarragô, em 2008 a reforma do Conselho de Segurança e a Mudança Climática estão no topo da agenda do país na ONU. Ao lado da Alemanha, do Japão e da Índia, o país tem feito propostas sobre a reforma do órgão. Atualmente, o Conselho de Segurança tem 15 membros incluindo cinco permanentes.

“A reforma do Conselho de Segurança, para nós, é muito importante. Em segundo lugar, o tema da mudança climática. Nós sabemos todos as implicações que isso tem, não só para o planeta mas também para o Brasil. Nós vamos dedicar um grande esforço para participar dessa negociação que possa congregar o apoio de todos para tentar uma solução para a mudança climática. Não é uma solução fácil, muito pelo contrário, é bastante complexa. Mas nós estamos dispostos a dar a nossa contribuição”, disse.

O Brasil tem interesse num assento no Conselho de Segurança. De acordo com Piragibe Tarragô, a nomeação do embaixador brasileiro, Sérgio Duarte, para dirigir o Departamento de Assuntos sobre Desarmamento, em 2007, ajudou a aumentar a participação do Brasil na ONU. Segundo ele, contribuiu também a participação ativa do país à Comissão de Consolidação da Paz, e a liderança das tropas de paz das Nações Unidas no Haiti.

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, durante sua primeira visita ao Brasil em novembro, afirmou que o programa brasileiro de utilização de fontes renováveis de energia é uma iniciativa que pode ser adotada por outros países para diminuir o efeito estufa.

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