Da Redação
A Mostra de Cinemas Africanos entra no seu 7º ano com mais uma programação na cidade de São Paulo (SP), de 11 a 18 de setembro no Cinesesc, e em Salvador (BA), de 18 a 25 de setembro, no Circuito Saladearte Cinema da UFBA, Cine MAM e Cinema do Museu, além do Cineteatro 2 de Julho (IRDEB – Federação). Em São Paulo, o festival acontece de 11 a 18 de setembro no Cinesesc e apresenta 16 longas e 4 curtas de 14 países do continente africano, com vários títulos inéditos no Brasil e uma programação especial sobre a exploração colonial, violência e epistemicídio que marcaram a história de países do continente. A presença de convidados africanos também se mantém na programação com debates pós sessão. Os ingressos para assistir aos filmes custam R$ 24,00 (inteira), R$ 12,00 (meia) ou R$ 8,00 (credencial plena), enquanto as atividades paralelas têm entrada franca. Informações no site www.mostradecinemasafricanos.com.
A Mostra abre com a estreia no Brasil do longa “Black Tea – O Aroma do Amor” (2024), de Abderrahmane Sissako, premiado cineasta mauritano. O longa conta a história de uma jovem da Costa do Marfim que se apaixona por um homem chinês mais velho, após imigrar para a Ásia. Nascido na Mauritânia, Sissako é conhecido por filmes que exploram a globalização e o deslocamento, com várias premiações em festivais internacionais. Com apoio da Embaixada da França no Brasil e no Senegal, o cineasta estará presente no festival e participa de uma masterclass no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc.
Outro destaque deste ano é o conto senegalês Banel e Adama (2023), da franco-senegalesa Ramata-Toulaye Sy, que acompanha um jovem casal de uma pequena aldeia confrontado pelas convenções da sua comunidade. O filme, que já chegou despertando atenção e concorrendo à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2023, foi exibido no Festival do Rio no ano passado e tem sua pré-estreia comercial no Brasil na Mostra de Cinemas Africanos. A diretora também vem a São Paulo para participar da Mostra. “Black Tea – O Aroma do Amor”e Banel e Adama tem distribuição garantida no Brasil pela Imovision
Entre os filmes estreantes no Brasil, que também contarão com a presença dos seus realizadores, estão a docuficção Pirinha (2024), da cabo-verdiana Natasha Craveiro, que apresenta a jornada de uma jovem lutando para libertar-se das masmorras de seu subconsciente e dos traumas de infância. Da África do Sul, o documentário “Banido” (2024), de Naledi Bogacwi, narra os acontecimentos em torno do filme “Joe Bullet” (1973), composto totalmente por pessoas africanas negras e banido pelo governo do apartheid. Já o nigeriano Dika Ofoma discute as complexidades das relações comunitárias e familiares em um contexto de tensão política no curta “Uma Segunda-Feira Tranquila” (2023).
Único festival calendarizado no Brasil dedicado exclusivamente à exibição de filmes africanos contemporâneos, a Mostra de Cinemas Africanos 2024 tem curadoria de longas assinada pela diretora e idealizadora da Mostra, Ana Camila Esteves e pela programadora senegalesa Ibee Ndaw.
Programação Especial: Direito à arte, à terra e ao luto
Uma seleção de filmes que tratam da exploração colonial, racismo e epistemicídio, integra um programa especial na Mostra de Cinemas Africanos 2024. Com curadoria de Ana Camila Esteves, Gabriela Almeida e Emi Koide, esta sessão exibe curtas e longas documentais que tematizam, de diferentes formas, o trauma e o luto da violência colonial e o direito à restituição de objetos, obras de arte e restos mortais.
A sepultura vazia (2024) de Agnes Lisa Wegner e Cece Mlay mostra os traumas do colonialismo e a luta das famílias para repatriar os restos mortais de seus familiares. Em Nossa terra, nossa liberdade (2023) de Meena Nanji e Zippy Kimundu, mãe e filha quenianas investigam as atrocidades cometidas pelo governo colonial britânico contra o Quênia e seu povo. A História de Ne Kuko (2023) de Festus Toll segue o ativista Mwazulu Diyabanza na luta pela devolução de objetos africanos mantidos em museus europeus. Dois filmes clássicos que também tratam do saqueamento e opressão colonial sobre obras de arte africanas fecham a programação: As Estátuas Também Morrem (1963), de Alain Resnais, Chris Marker, Ghislain Cloquet e Você me Esconde – A colonização da arte africana no Museu Britânico (1970) de Nii Kwate Owoo.
Masterclass Abderrahmane Sissako
A Mostra de Cinemas Africanos também tem como missão difundir conhecimento, produzir conteúdo e promover o diálogo entre a produção audiovisual africana e brasileira. Nesta edição em São Paulo, o festival realiza uma Masterclass com o cineasta mauritano Abderrahmane Sissako, um dos maiores nomes do cinema africano contemporâneo, vencedor dos prêmios Cesar de melhor Direção, Roteiro e Filme, com \”Timbuktu” (2015), além do Prêmio Especial do Juri, no Festival de Cannes, entre vários outros festivais. O evento é gratuito e acontece dia 12 de setembro (quinta-feira), das 10h30 às 13h, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, com mediação da pesquisadora brasileira Hannah Serrat, especialista na obra do cineasta.
A Mostra de Cinemas Africanos 2024 em São Paulo tem realização do Sesc São Paulo, idealização de Ana Camila Comunicação & Cultura e apoio cultural da Embaixada da França no Brasil e no Senegal.
Programação Salvador (BA)
Em Salvador, a Mostra de Cinemas Africanos abre dia 18 de setembro, no Cineteatro 2 de Julho (IRDEB – Federação), às 20h, com exibição do filme “Banel & Adama” (2023), da jovem franco-senegalesa Ramata-Toulaye Sy. Além dos filmes estreantes, a curadoria preparou programações especiais que giram em torno de marcos históricos como os 30 anos de liberdade na África do Sul, 30 anos do genocídio em Ruanda e o centenário de Amílcar Cabral (1924-1973), icônico líder revolucionário da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. A programação acontece de 18 a 25 de setembro e também conta com atividades formativas como laboratório crítico e minicursos.
A Mostra de Cinemas Africanos em Salvador-Bahia tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.
A programação na cidade baiana também é marcada por um encontro inédito que vai reunir mais de 50 profissionais do audiovisual africano e brasileiro, que atuam em diversos setores da cadeia de produção, do roteiro à distribuição. O Encontros do Audiovisual Brasil-África busca criar um espaço propício para a colaboração, onde conhecimentos e experiências possam ser trocados para impulsionar as indústrias cinematográficas dos dois territórios. As atividades acontecem no Cineteatro 2 de Julho (IRDEB – Federação) e a participação do público é gratuita.
Serviço:
Mostra de Cinemas Africanos 2024
São Paulo (SP): 11 a 18 de setembro: Cinesesc
Masterclass com Abderrahmane Sissako
12 de setembro, das 10h30 às 13h: Centro de Pesquisa e Formação do Sesc – São Paulo (SP)
Salvador (BA): 18 a 25 setembro: Cineteatro 2 de Julho, Circuito Saladearte Cinema da UFBA, Cinema do Museu e Cine MAM;
Encontros do Audiovisual Brasil-África:
19 a 22 de setembro: Cineteatro 2 de Julho – IRDEB – Salvador (BA)
Gratuito
Cineastas africanos convidados: Abderrahmane Sissako (Mauritânia), Ramata-Toulaye Sy (França/ Senegal), Natasha Craveiro (Cabo Verde), Naledi Bogacwi (África do Sul), Dika Ofoma (Nigéria)
Informações e programação: mostradecinemasafricanos.com
LONGAS
“Adeus, Julia” (“Goodbye Julia”, Sudão, Egito, Alemanha, França, Arábia Saudita, Suécia: 2023), dir.: Mohamed Kordofani – Trailler;
“A sepultura vazia” (“The empty grave”, Tanzânia, Alemanha: 2024), dir.: Agnes Lisa Wegner e Cece Mlay;
“Banel & Adama” (“Banel & Adama”, Senegal, França, Mali: 2023), dir: .Ramata-Toulaye Sy – Trailler;
“Banido” (“Banned”, África do Sul: 2024), dir.: Naledi Bogacwi;
“Black Tea – O Aroma do Amor” (“Black Tea”, França, Luxemburgo, Taiwan, Mauritânia: 2024), dir. Abderrahmane Sissako; Trailler
“Dente por dente” (“Dent pour dent”, Senegal, Bélgica, França, Ruanda: 2023), dir.: Ottis Ba
“Depois das longas chuvas” (“Baada Ya Masika”, Quênia, Suíça: 2023), di.: Damien Hauser;
“Dia dos pais” (“Father’s day”, Ruanda: 2022), dir.: Kivu Ruhorahoza
“Didy” (“Didy”, Suíça: 2024),dir.: Gaël Kamilindi e François-Xavier Destors
“Disco Afrika: Uma história de Madagascar” (“Disco Afrika: A Malagasy Story”, França, Alemanha, Ilhas Maurício, Catar, África do Sul: 2023), dir.:: Luck Razanajaona
“Donga” (“Donga”, Líbia: 2023), dir.: Muhannad Lamin
“Legado: A história descolonizada da África do Sul” (“Legacy: The de-colonized history of South Africa”, África do Sul: 2024), dir.: Tara Moore
“Não se atrase para o meu funeral” (“Don’t be late for my funeral”, África do Sul: 2023), dir.: Diana Keam;
“Nome” (“Nome”, Guiné-Bissau, França, Portugal, Angola: 2023), dir.: Sana N’Hada;
“Nossa terra, nossa liberdade” (“Our land, our freedom”, Quênia, Portugal, EUA: 2023), dir.: Meena Nanji e Zippy Kimundu
“O Homem Novo” (“Omi nobu”, Cabo Verde: 2023), dir.: Carlos Yuri Ceuninck
“Os recrutas de Londres” (“London recruits”, África do Sul: 2024), dir. Gordon Main;
“Pirinha” (“Pirinha”, Cabo Verde: 2024), dir.: Natasha Craveiro;
“Todas as cores do mundo estão entre o preto e o branco” (“All the Colours of the World are Between Black and White”, Nigéria: 2023), dir: Babatunde Apalowo;
“Zaho Zay” (“Zaho Zay”, Madagascar, Áustria, França: 2020), dir.: Maéva Ranaïvojaona e Georg Tiller;
CURTAS
“A espera” (“The wait”, África do Sul: 2023), dir.: Imran Hamdulay
“A história de Ne Kuko” (“The Story of Ne Kuko”, Países Baixos: 2023), dir.: Festus Toll
“As Estátuas Também Morrem” (“Les statues meurent aussi, França: 1963), dir.: Alain Resnais, Chris Marker, Ghislain Cloquet
“Keba, interrompido” (“Keba, Interrupted”, África do Sul: 2024), dir.: Meja Shoba;
“Uma segunda-feira tranquila” (“A Quiet Monday, Nigéria: 2023), dir.: Dika Ofoma;
“Você me esconde – A colonização da arte africana no Museu Britânico” (“You Hide Me – The Colonization of African Art in the British Museum”, Reino Unido: 1970 ), dir.: Nii Kwate Owoo
“Zanatany – Quando as mortalhas sem alma sussurram” (“Zanatany, L’empreinte des linceuls esseulés”, Bélgica, França: 2024), dir.: Hachimiya Ahamada