Mundo Lusíada
Com agencias
Morreu na madrugada de 27 de agosto (horário de Lisboa) o bombeiro Bernardo Figueiredo, de 23 anos, ferido durante combate a incêndio no dia 22 na Serra do Caramulo (Norte de Portugal). Ele é o quarto integrante da corporação a morrer neste mês em combate a incêndio.
Na semana passada, morreu Rita Pereira (22 anos), que estava na mesma brigada de Bernardo Figueiredo. No dia 15 de agosto, foi registrada a morte do bombeiro Pedro Miguel Jesus Rodrigues (41 anos) na Freguesia de Coutada, no Concelho da Covilhã (Serra da Estrela). No começo do mês (4), morreu António Ferreira, 45 anos, após ser cercado pelo fogo durante combate a incêndio no distrito de Miranda do Douro (também ao Norte de Portugal e próximo à fronteira com a Espanha).
Desde 1980, 106 bombeiros portugueses morreram por causa dos incêndios. Conforme dados da Autoridade Nacional de Proteção Civil, o mês de agosto é a época de maior ocorrência de incêndios florestais e apenas 1% tem causa natural. Os principais motivos estão relacionados a negligência e acidentes após queimadas irregulares e outras práticas proibidas nesta época do ano. Mais de 40 pessoas foram presas em Portugal durante o mês, acusadas de provocar incêndios.
A morte dos bombeiros causou comoção nacional. Cerca de mil pessoas acompanharam o funeral de Rita Pereira no final de semana e, desde dia 25, milhares de usuários da internet registram protesto na página da Presidência da República de Portugal no Facebook por causa do suposto silêncio do presidente Aníbal Cavaco Silva quanto ao falecimento dos bombeiros. Segundo a Presidência, Cavaco Silva prestou solidariedade diretamente aos parentes e à corporação.
Durante a madrugada, foram registrados 63 focos de incêndio no país, o que mobilizou 320 bombeiros e 76 viaturas. Para esta terça dia 27, o Instituto de Português de Mar e Atmosfera alerta sobre risco “máximo” de incêndio em mais de 30 distritos.
Formação acima da média
O comandante dos Bombeiros Voluntários do Estoril disse que Bernardo Figueiredo tinha uma formação “muito acima da média” no combate a incêndios florestais. “Era uma pessoa que estava preparada em termos de formação, fisicamente [estava] extremamente apto. Uma pessoa com um nível operacional muito acima da média”, afirmou Carlos Coelho, em declarações à Lusa.
“Infelizmente não foi possível evitar as mortes da Rita e do Bernardo”, lamentou Carlos Coelho. Isto porque, “o comportamento do fogo não é o comportamento de uma ciência exata”. “Há diversas condicionantes, desde a morfologia do terreno até às condições climatéricas que estavam no local. [Neste caso], essencialmente uma mudança de vento brusca, por aquilo que dá a entender”, referiu.
A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, lamentou a morte do bombeiro, enviando um “abraço de muito pesar” a corporações, famílias, vizinhos e amigos. “A morte de Bernardo Figueiredo culmina um itinerário de sofrimento, num verão de incêndios que a todos nos doeu. [É] uma morte que se junta a outras e ainda aos ferimentos de tantos, marcas que ficam na nossa memória coletiva como se todos fossemos um grande coração a bater”, lê-se no comunicado enviado pelo Gabinete da Presidente da Assembleia da República.
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