Da Redação
O papa emérito Bento XVI morreu neste dia 31 de dezembro, confirmou em comunicado o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni. “Com pesar informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34, no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano”.
Desde quarta-feira passada, quando o Papa Francisco afirmou que seu predecessor estava muito doente, fiéis do mundo inteiro se uniram em oração pela saúde do Papa emérito. Bento XVI tinha 95 anos e vivia no Mosteiro Mater Ecclesiae desde sua renúncia ao ministério petrino, em 2013.
O corpo do Papa emérito estará na Basílica de São Pedro para a saudação dos fiéis a partir da segunda-feira, 2 de janeiro. O funeral será na quinta-feira, 5 de janeiro, às 9h30 locais na Praça São Pedro, presidido pelo Papa Francisco.
Ainda de acordo com o diretor da Sala de Imprensa, Bento XVI recebeu a unção dos enfermos na quarta-feira, ao final da missa celebrada no Mosteiro e na presença das “Memores Domini”, que há anos o assistem diariamente.
Portugal
O Presidente português enviou uma mensagem de condolências ao Papa Francisco manifestando “profunda consternação pelo falecimento de Sua Santidade o Papa Emérito Bento XVI”.
“O Presidente da República sublinhou que ao longo dos seus oito anos de Pontificado, o Papa Bento XVI permaneceu um símbolo de estabilidade e de defesa dos valores da Igreja Católica: o Amor ao próximo, a Solidariedade e o apoio aos mais pobres e aos mais desprotegidos e a importância do Perdão e da Reconciliação”.
E recordou a Visita Apostólica do Papa Bento XVI a Portugal, em maio de 2010, por ocasião do 10.º aniversário da beatificação dos Pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta Marto, “não esquecendo as palavras de apreço então expressas relativamente ao nosso país” concluiu Marcelo Rebelo de Sousa.
O cardeal-patriarca de Lisboa realçou hoje a “enorme clareza doutrinal” do papa emérito Bento XVI, que hoje morreu aos 95 anos, destacando, em particular, a abertura ao diálogo “dentro e fora da Igreja”.
Manuel Clemente considerou, em declarações à agência Ecclesia, que este é o momento para “uma ação de graças” pela vida de Bento XVI, “pelo que ela significou, pelo seu pontificado e pela sua enorme clareza do ponto de vista doutrinal, que não foi de modo algum de fechamento, mas de grande abertura à atualidade, das pessoas com quem dialogou, dentro e fora da Igreja e na maneira como ele conseguiu expressar as verdades da (…) fé, numa linguagem coerente, clara e atual”.
Na sua mensagem divulgada pela agencia Lusa, o cardeal-patriarca sublinha, por outro lado, a “coragem” de Joseph Ratzinger ao pedir a resignação ao papado, “quando sentiu não ter condições para continuar a exercer o ministério”.
Para Manuel Clemente, Bento XVI foi uma figura “gigantesca, do ponto de vista teológico, filosófico, pastoral e pontifical”.
Um Papa entre dois tempos
Durante toda sua vida, Bento XVI procurou, investigou, perguntou; também como Pontífice os seus discursos e as suas homilias são caracterizadas por esta constante busca. Por este motivo gerou animados debates, talvez principalmente, dentro da própria Igreja.
“Eu já não pertenço ao mundo antigo, mas o novo, na realidade, não começou ainda”: palavras do Papa emérito, Bento XVI, sobre si mesmo. Esta frase se encontra no livro “Últimas conversações” (com Peter Seewald). Um Papa entre dois tempos: assim se definira na ocasião. Acrescentando depois que só na posteridade, tem-se condições de reconhecer a avaliar os tempos e as mudanças dos tempos.
Sete anos, dez meses e nove dias. Foi o tempo do pontificado de Bento XVI, iniciado em 19 de abril de 2005 e concluído em 28 de fevereiro de 2013, depois do anúncio surpresa, dia 11 de fevereiro, da sua renúncia ao Ministério Petrino. Um pontificado bem mais breve do que seu predecessor São João Paulo II, o segundo mais longo da história, mas não menos intenso, durante o qual Papa Ratzinger fez, entre outras coisas, 24 viagens apostólicas ao exterior; participou de três Jornadas Mundiais da Juventude e a um Encontro Mundial das Famílias; escreveu três encíclicas, uma constituição apostólica, três exortações apostólicas; convocou quatro Sínodos (2 ordinários e 2 especiais); criou 84 cardeais; proclamou 45 santos e 855 beatos, entre os quais Papa Wojtyla, lembrou o Vaticano News.
O fio condutor deste pontificado foi a vontade de anunciar ao mundo o Evangelho do Amor de Cristo evocado pela sua primeira Encíclica “Deus caritas est”, para restituir “Deus ao centro” em um mundo que “a fé corre o risco de apagar-se” (Carta aos Bispos de todo o mundo, 10 de março de 2009), na consciência de que isto requer a purificação da Igreja e a conversão dos homens e das estruturas.