Moradores do Centro Histórico manifestam-se contra despejos no Porto

Porto. Foto Mundo Lusíada

Da Redação
Com Lusa

Cerca de 30 pessoas manifestaram-se, em frente à Câmara do Porto, numa ação da Associação de Moradores do Centro Histórico com o objetivo de “alertar o presidente” para os despejos que consideram ser “o terrorismo que assolou a cidade”.

“Para satisfazer o alojamento a turistas, estão a atirar famílias portuguesas para a rua. Este terrorismo [despejos] assolou a cidade do Porto, nomeadamente nas seis freguesias do centro histórico, que eram consideradas o antro da cidade e que agora passaram a ser a zona rica do Porto”, disse à Lusa António Dias, morador na freguesia de Miragaia.

António Dias, de 63 anos, foi despejado há um ano da casa onde viveu “desde sempre”.

“O termo do contrato acabou e a rua é o único local que nos aguarda. Felizmente tive a ajuda da minha cunhada, com quem vivo atualmente”, explicou.

“Nada contra os turistas, acabem com a lei da Cristas”, “Mais habitação para a população”, “Habitação sim, despejos não”, foram algumas das frases de protesto das cerca de 30 pessoas que se juntaram em frente à Câmara Municipal do Porto.

Com o objetivo de “alertar” e “chamar à atenção” do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e dos restantes autarcas, os moradores vestiram-se de preto como símbolo de “luto”.

“É inadmissível tirarem-nos da nossa casa. Fomos criados e nascidos lá e agora querem que vamos para os bairros”, frisou Zeldira Costa, moradora na rua Mouzinho da Silveira, freguesia da Sé e São Nicolau, no Porto.

Zeldira Costa vive há 30 anos na casa onde “criou os filhos e netos” e é “das poucas” que resistiu aos despejos.

“A senhoria queria dar-me dez mil euros para sair, eu recusei e bati o pé, ainda fui a tribunal, mas de nada valeu. Ela fez-me a vida negra”, contou Zeldira.

Aos que chegavam e se juntavam à manifestação eram dados apitos e as faixas davam lugar a perguntas como ‘Posso viver onde nasci?’.

A “luta” dos moradores do Centro Histórico não é a de Carlos Ribeiro, morador na zona da Lapa, que apenas se juntou à manifestação para “apoiar quem já apoiou algum dos moradores da Lapa”, explicou.

A Associação de Moradores do Centro Histórico do Porto, criada há cerca de um mês, prevê que a manifestação à porta da câmara municipal dure até às 22:00.

Contactada pela Lusa, a Câmara do Porto afirmou desconhecer os motivos da manifestação.

“Se a Lusa se refere a 11 pessoas que hoje se colocaram em frente à estátua de Almeida Garrett fazendo barulho durante horas, a Câmara do Porto desconhece em absoluto os motivos ou porque ali estão”, afirmou a autarquia.

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