Da Redação com ONUNews
O Conselho de Segurança da ONU debateu nesta terça-feira o combate ao terrorismo e a prevenção do extremismo violento por sugestão de Moçambique, que preside o órgão em março.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, enfatizou que o fenômeno avança explorando situações de instabilidade política, econômica e de segurança. Segundo ele, grupos terroristas exploram as desigualdades e a exclusão para “agravar tensões”.
O líder das Nações Unidas também alertou sobre como os grupos criminosos promovem a desinformação no espaço virtual e reforçam a intimidação a meninas e mulheres. Ele afirmou que o terrorismo é uma afronta aos direitos humanos.
De acordo com o secretário-geral, o terrorismo representa a negação e destruição dos direitos humanos. Guterres afirmou que nenhuma região está a salvo dessa ameaça, mas destacou que a situação no continente africano é “especialmente preocupante”. Ele destacou o avanço do terrorismo na região do Sahel e em outras áreas onde há instabilidade política e faltam serviços básicos.
O presidente de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi fez a comunicação do país ao Conselho de Segurança da ONU. O líder moçambicano enfatizou a situação “crítica” no continente africano.
Recrutamento de jovens
O chefe de Estado moçambicano comentou como a endoutrinação, juntamente com as condições sociais precárias, têm favorecido o recrutamento de jovens.
“A expansão do terrorismo é bastante ameaçadora e é impulsionada por fatores que variam de contexto para contexto.Por um lado, a doutrinação radical, movida por intolerância. Por outro, a manipulação de fatores socioeconômicos tem acelerado o recrutamento, sobretudo de jovens, por grupos terroristas.”
O chefe de Estado também apontou com preocupação a associação entre grupos terroristas e o crime organizado transnacional. Segundo ele, no contexto africano, essa tendência se expressa no tráfico de pedras preciosas como fonte de financiamento para atividades de recrutamento de jovens.
Citando o índice global do terrorismo de 2022, Nyusi ressaltou que cerca de 48% das mortes por terrorismo ocorreram na África, sendo a região do Sahel o novo epicentro dos ataques. Ele mencionou que há cinco anos, Moçambique sofre com episódios violentos.
Cinco anos de violência em Moçambique
“Na região austral de África, a República de Moçambique é desde outubro de 2017 um alvo direto de ataques terroristas. Estes atos estão a causar mortes e destruições, retardando a agenda do desenvolvimento para o bem-estar dos nossos povos.”
Sobre os esforços de combate ao terrorismo, o chefe da ONU citou iniciativas de colaboração regional no Sahel, na bacia do lago Chade e em Moçambique.
De acordo com o secretário-geral da ONU, a resposta a essa ameaça deve ter um forte componente de direitos humanos. Caso contrário, pode gerar marginalização e exclusão, piorando ainda mais os contextos afetados.
O presidente de Moçambique, por sua vez, pediu “um mecanismo comum para resiliência comunitária que previna o extremismo violento”. Ele considera necessário investir no desenvolvimento sustentável local, especialmente na geração de empregos para os jovens.