Da Redação
“O maior desafio que a Humanidade hoje enfrenta são as alterações climáticas”, afirmou o Primeiro-Ministro, António Costa, na cerimônia de entrega de 55 veículos elétricos a organismos da Administração Pública, em Lisboa.
A entrega ocorreu no âmbito do Programa de Apoio à Mobilidade Elétrica na Administração Pública ECO.mob, que estipula a substituição de 1200 veículos com mais de 10 anos por veículos elétricos em toda a Administração Pública até 2020.
“Porque põe em causa a sobrevivência da Humanidade no planeta, é essencial enfrentar as alterações climáticas através da descarbonização da economia e da alteração das formas de mobilidade”, acrescentou o Primeiro-Ministro.
António Costa referiu os principais meios de prosseguir este objetivo: “Em primeiro lugar, preservar os transportes públicos. Em segundo lugar, torná-los menos carbonizados, promovendo a mobilidade suave, nomeadamente, os veículos elétricos”.
Segundo o primeiro-ministro, Portugal já esteve na vanguarda da mobilidade elétrica, há uma década. “Hoje, esta volta a ser uma prioridade do Governo, e consensual, que veio para ficar”, sublinhou.
Dando o seu próprio exemplo, António Costa recordou que, enquanto Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, se deslocava oficialmente num veículo elétrico.
“É bom ver que este exemplo deu frutos” disse o Primeiro-Ministro, que requisitou à PSP um veículo do mesmo tipo, para o cargo que ocupa atualmente. O Ministro do Ambiente seguirá a mesma prática, tal como mais de 50 dirigentes da Administração Pública.
“Uma viatura elétrica não é apenas vantajosa para o Ambiente, sendo também um sossego para o condutor e seus passageiros, já que passamos a deslocar-nos sem ruído”.
Dar o exemplo
Estiveram também presentes na cerimônia os Ministros Adjunto, Pedro Siza Vieira, do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, e do Mar, Ana Paula Vitorino.
“O Estado deve dar o exemplo” na mobilidade elétrica, disse o Ministro do Ambiente, Matos Fernandes. E reiterou que “o compromisso de Portugal depois do Acordo de Paris sobre Alterações Climáticas é reduzir em 24% as emissões do setor dos transportes até 2030”.
Portugal assumiu o objetivo de atingir a neutralidade carbônica até 2050, e tem tido um percurso de descarbonização da economia significativo, registrando-se uma redução de 20% das emissões desde 2005.
Os transportes representam atualmente cerca de 25% das emissões nacionais, tendo apresentado uma redução das emissões de 15% desde 2005, e para descarbonizar a mobilidade, “a grande aposta começa nos transportes públicos”, disse o Ministro.
“No último ano tivemos grandes ganhos de oferta no Metro do Porto, na Carris e nos STCP, não negando que ainda temos dificuldades na Transtejo/Soflusa e mais ainda no Metro de Lisboa”, referiu, acrescentando que no ano de 2017 foram mais 23 milhões de passageiros no total destas empresas.
No período do Governo anterior “perderam-se 100 milhões de passageiros nestas empresas, pelo que neste momento é possível recuperar numa legislatura os passageiros perdidos, porque é sempre muito mais difícil ganhar passageiros do que perde-los”, disse.
“O uso do carro elétrico, num país em que 60% da energia produzida já provém de fontes renováveis, é mesmo a melhor opção”, sublinhou o Ministro.
Matos Fernandes referiu que a mobilidade elétrica tem crescido em Portugal com a compra de mais veículos, a reabilitação da rede pública de abastecimento elétrico, com instalação de 40 carregadores rápidos e de 100 carregadores semi-rápidos nos antigos postos lentos que tinham mais utilização – sendo Portugal “um dos lideres mundiais na produção de carregadores para veículos elétricos”.
Estão ainda em análise propostas para instalação de mais 200 carregadores semi-rápidos e os regimes de incentivos à mobilidade elétrica existentes em 2017 foram alargados em 2018.
O Ministro destacou que foram comprados 360 carros elétricos para os serviços ambientais das autarquias (câmaras municipais e juntas de freguesias) e quase 150 para os sistemas multimunicipais de águas e resíduos.
E ainda que a expansão da rede Mobi.E levará pelo menos um carregador a cada sede de concelho, sendo a rede pública um complemento das redes domésticas, pois é sobretudo em casa que os carros deverão ser carregados, “e com um custo imbatível de 3 cêntimos por quilômetro”, sublinhou.
No final de 2017, existiam em Portugal 7231 veículos elétricos em circulação, dos quais 4230 veículos ligeiros de passageiros. O aumento das vendas de veículos elétricos de 2016 para 2017 foi de 139%, segundo divulgou o governo.
O lançamento da segunda fase do ECO.mob em 2018 contemplará o financiamento da aquisição de 200 veículos elétricos para o Parque de Veículos do Estado, em substituição de veículos antigos e poluentes.
Este programa é financiado pelo Fundo Ambiental, que tem por finalidade apoiar políticas ambientais para a prossecução dos objetivos do desenvolvimento sustentável, sendo um dos principais instrumentos de apoio à descarbonização da economia.
As principais receitas do Fundo Ambiental têm origem nas nos leilões europeus de licenças de emissão, o Imposto Sobre Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP) sobre o gasóleo de aquecimento e sobre a produção de eletricidade a partir de carvão e a taxa de carbono sobre esta atividade.