Ministro Santos Silva afirma que PS está disponível para alargar ‘geringonça’

Da Redação
Com Lusa

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou, no Porto, que o Partido Socialista está “disponível” para uma renovação e alargamento da ‘geringonça’ a outros partidos políticos.

Questionado pela Lusa sobre a vitória do Partido Socialistas (PS) nas legislativas de domingo, Augusto Santos Silva, que concorreu pelo círculo eleitoral Fora da Europa, [os resultados dos círculos da emigração ainda não estão apurados] defendeu que “a mensagem do eleitorado” foi “clara”.

“A mensagem do eleitorado é o reforço da posição do PS, tal como nós tínhamos dito, o país precisa de estabilidade e a estabilidade governativa precisa do reforço do Partido Socialista”, defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros, à margem da sessão de abertura da primeira reunião do Conselho da Ortografia da Língua Portuguesa, que decorreu no Porto.

Santos Silva referiu que a mensagem do eleitorado foi também “clara” no sentido de dar “continuidade à atual fórmula política” e adiantou que, tal como o secretário-geral do PS disse este domingo, o “Partido Socialista está disponível para uma renovação e alargamento da geringonça”.

O PS venceu as eleições legislativas de domingo sem maioria absoluta e terá de tentar a repetição de uma solução de Governo à esquerda, numa eleição marcada pela derrota histórica da direita e pela entrada de três novos partidos no parlamento.

Com 36,6% dos votos, o PS de António Costa vê legitimada a governação, mas com 106 deputados – quando falta apurar os resultados para eleger quatro mandatos no estrangeiro – fica obrigado a tentar nova solução de Governo à esquerda, que poderá ser alargada ao PAN e ao Livre, que elegeu pela primeira vez uma deputada (Joacine Katar Moreira).

De acordo com uma nota publicada pela Presidência, o Presidente da República vai ouvir na terça-feira os partidos com representação parlamentar a começar pelo Livre, às 11:30, e terminando com o PS, às 20:00, tendo em vista a indigitação do primeiro-ministro.

Resultados

PS, BE e CDU (PCP/PEV), após quatro anos em que formaram juntos uma solução governativa inédita, aumentaram o seu peso no parlamento para cerca de 60%, mas juntaram menos votos do que em 2015.

As eleições legislativas de domingo resultaram numa nova maioria de esquerda, e agora com mais um partido, o Livre, que elegeu pela primeira vez uma deputada, mas o parlamento viu também crescer o número de forças à direita, com a eleição de deputados pelos estreantes Iniciativa Liberal e Chega, cada um com um eleito.

Ainda assim, as forças à direita têm um dos piores resultados de sempre, somando menos de 35% dos votos, mas que só poderá ser avaliado de forma definitiva quando estiverem apurados os resultados dos círculos da Europa e de Fora da Europa e atribuídos os respetivos mandatos.

O PAN (Pessoas-Animais-Natureza), que subiu de um para quatro eleitos, tem recusado situar-se à esquerda ou à direita, rejeitando essa dicotomia.

Com os resultados do território nacional já apurados, as forças políticas da chamada ‘geringonça’, que apoiaram o Governo minoritário do PS chefiado por António Costa desde 2015, têm em conjunto 2.688.011 votos.

Há quatro anos, quando estavam igualmente apuradas as freguesias de todos os círculos distritais do continente e das regiões autónomas, PS, Bloco de Esquerda (BE) e CDU tinham juntos 2.736.845 votos, número que no mapa final dos resultados das eleições aumentaria em cerca de 7 mil votos.

Em termos de mandatos, com os 106 eleitos do PS, os 19 do BE, os 10 do PCP e os dois do PEV (Partido Ecologista “Os Verdes”), a maioria de esquerda terá, pelo menos, 137 lugares em 230, mais 15 do que na anterior legislatura – que sobem para 138 com a deputada do Livre.

O peso dos partidos à esquerda no parlamento, que era de 53%, sobe para cerca de 60% ficando, contudo, aquém dos dois terços de deputados que permitem, entre outras coisas, aprovar revisões da Constituição.

Mesmo com os quatro deputados do PAN, não se forma essa maioria reforçada, qualquer que venha a ser a distribuição dos mandatos da emigração.

Somente em 2005, quando o PS teve a sua única maioria absoluta, e nas eleições de 1975 para a Assembleia Constituinte a esquerda teve uma representação parlamentar tão expressiva, superior a 60% dos deputados.

Por sua vez, PSD e CDS-PP, que há quatro anos concorreram coligados, tiveram agora em conjunto 1.637.001 de votos e 82 deputados, ainda sem os votos e os quatro mandatos da emigração.

Em 2015, a coligação Portugal à Frente elegeu 107 deputados e, quando estavam contabilizados os resultados do território nacional, tinha mais 400 mil votos.

Com o deputado do Chega e o eleito pelo partido Iniciativa Liberal, as forças à direita somam agora, pelo menos, 84 deputados em 230, representando, neste momento, cerca de 37% do hemiciclo.

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