Ministro português se reúne com presidente e ministros em Brasília

[Atualizado – 18h]

Mundo Lusíada

O Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira, esteve em reunião bilateral com o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, neste 23 de janeiro no Palácio Itamaraty em Brasília.

Os Chanceleres abordaram temas bilaterais, multilaterais e regionais, entre os quais a preparação para a Cimeira Brasil-Portugal, a realizar-se no próximo mês de abril, em Lisboa; a cooperação bilateral em diversos setores, como comércio e investimentos, energia, inovação, defesa e infraestrutura; o Acordo Mercosul-União Europeia; a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP); e a situação na Ucrânia.

Nesta viagem oficial ao Brasil, o chanceler português foi recebido em audiência pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além do Vice-Presidente Geraldo Alckmin.

Durante a visita a Brasília, o ministro Cravinho anunciou que o Presidente brasileiro, Lula da Silva, vai discursar na Assembleia da República de Portugal nas comemorações do 25 de Abril. “É a primeira vez que um chefe de Estado estrangeiro faz um discurso nessa data”, afirmou João Gomes Cravinho, em conferência de imprensa, no Palácio Itamaraty, ao lado do ministro Mauro Vieira.

A informação já foi criticada por partidos políticos em Portugal, pelo ministro português ter feito um “atropelo inaceitável”, e em resposta o presidente do parlamento remeteu a sessão solene do 25 de Abril para “devido tempo”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português encontra-se em Brasília no âmbito da preparação da cimeira luso-brasileira, que Portugal vai acolher entre 22 e 25 de abril, ocasião em que o Presidente brasileiro visita o país.

Segundo o governo brasileiro, além dos laços históricos e culturais entre Brasil e Portugal, ambos os países mantêm “excelente relacionamento comercial”, com substantivo volume transações. O fluxo comercial em 2022 atingiu US$ 5,26 bilhões.

UE-Mercosul

O ministro Mauro Vieira ainda agradeceu o apoio de Portugal na aceleração para a conclusão do acordo comercial da União Europeia (UE) com o Mercosul, e destacou o “importante apoio português nessa negociação” com o bloco formado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

“Da nossa parte é importante avançar”, frisou, destacando a “dimensão do acordo”. “Contamos como acordo de Portugal”, sublinhou Vieira, lembrado que o Presidente Lula quer fechar o acordo ainda no primeiro semestre do ano, mas “se for necessário um pouco mais de tempo” o Brasil espera.

Esta declaração surge duas semanas depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter afirmado que espera que no segundo semestre do ano a presidência espanhola conclua o acordo comercial com o Mercosul.

O primeiro-ministro manifestou a sua esperança de que a presidência espanhola da União Europeia, no segundo semestre deste ano, “dê um forte impulso” para se concluir o acordo com o Mercosul.

Ucrânia

O Brasil, tanto com a administração de Jair Bolsonaro, como agora de Lula da Silva, tem adotado uma posição passiva em relação à invasão da Ucrânia. Brasília condenou a invasão russa da Ucrânia na Organização das Nações Unidas (ONU), mas não adotou sanções econômicas contra Moscou.

Questionado em Brasília, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal afirmou que a frase de Lula da Silva “quando um não quer, dois não brigam”, referindo-se à invasão russa “infelizmente não se aplica”.

“A frase quando um não quer, dois não brigam infelizmente não se aplica”, afirmou João Gomes Cravinho, em conferência de imprensa, no Palácio Itamaraty, ao lado do ministro do Brasil, Mauro Vieira.

João Gomes Cravinho referiu-se assim à frase proferida por Luiz Inácio Lula da Silva, perante o chanceler alemão, numa visita oficial a Brasília, depois de ter afirmado que o Brasil não tem qualquer interesse em ceder munições à Ucrânia. A guerra, insistiu o ministro português, existe “porque um lado quis que existisse” informou a agencia Lusa.

Durante a conferência de imprensa, e questionado por este tema, o ministro brasileiro insistiu na tônica de que o Brasil é um país de paz e que nas discussões sobre a guerra tem de haver um “espaço para negociação de paz”.

No início do mês, Lula da Silva defendeu a criação de um grupo de países que se envolva numa mediação para pôr fim à guerra na Ucrânia, uma espécie de G20, que inclua países como Índia, Brasil, Indonésia e China.

Nas últimas semanas, especialmente com a visita do chanceler alemão e da ministra dos Negócios Estrangeiros francesa a Brasília e com a visita de Lula da Silva a Washington para se encontrar com Joe Biden, os apelos destes países para uma tomada de posição mais alinhada ao ocidente intensificaram-se.

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