Da Redação
Com Lusa
O ministro das Finanças português, Mário Centeno, foi eleito presidente do Eurogrupo, ao impor-se na segunda volta da votação realizada em Bruxelas, anunciou o Conselho da União Europeia.
De acordo com fontes europeias, Centeno foi o mais votado na primeira volta (oito votos), após a qual saíram da “corrida” a letã Dana Reizniece-Ozola e o eslovaco Peter Kazimir, tendo o ministro português derrotado o candidato luxemburguês Pierre Gramegna na segunda volta da eleição.
Centeno torna-se assim o terceiro presidente da história do fórum de ministros das Finanças da zona euro, depois do luxemburguês Jean-Claude Juncker e do holandês Jeroen Dijsselbloem, assumindo funções em janeiro próximo para um mandato de dois anos e meio, até meados de 2020.
Mário Centeno afirmou, em Bruxelas, que “é uma honra ser o próximo presidente do Eurogrupo”, nas suas primeiras palavras, em inglês, na sala de imprensa do Conselho da União Europeia. Ao lado do ainda presidente do fórum de ministros das Finanças da zona euro, Jeroen Dijsselbloem, do comissário europeu dos Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, e do diretor do Mecanismo Europeu de Estabilidade, Klaus Regling, Mário Centeno agradeceu aos seus colegas, “em particular” aos seus concorrentes na eleição, o luxemburguês Pierre Gramegna, a letã Dana Reizniece-Ozola e o eslovaco Peter Kazimir, por “uma corrida justa e muito democrática”.
“E é uma honra [ser o novo presidente] devido à relevância deste grupo, à qualidade dos meus colegas e à importância do trabalho que temos de fazer nos próximos anos”, declarou Centeno, que sublinhou que esse trabalho “tem de ser feito por todos os membros que pertence ao euro, Comissão, instituições europeias”.
Responsabilidades
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa saudou a eleição considerando-a “um sinal importante e positivo”, mas reiterando que traz mais responsabilidades para Portugal. “Não foi à primeira, foi à segunda, o que interessa é que foi”, declarou o chefe de Estado aos jornalistas, à entrada para uma conferência na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Marcelo Rebelo de Sousa já tinha comentado a eleição de Mário Centeno, antes mesmo da contagem dos votos, face às declarações do atual titular do cargo de presidente do Eurogrupo que deu como certo que o seu substituto seria o ministro português das Finanças.
Em declarações aos jornalistas, a seguir a um almoço num centro social, o Presidente afirmou que Portugal vai passar a ter “uma voz mais forte” nas instituições europeias, mas também “um preço de exigência acrescida” em termos financeiros. “É um sinal importante e positivo para o país, para ao Governo, para o ministro, e eu penso que também para a Europa. É um momento de alegria para todos os portugueses”.
“Agora, passa-se à fase seguinte, que é garantir que não nos esquecemos de contribuir para a Europa, mas também de termos cá em Portugal uma política financeira firme, consequente, sem desvios nem aventuras, porque o ministro das Finanças chega a presidente do Eurogrupo por ser ministro das Finanças de Portugal”, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa reiterou a ideia de que “não há bela sem se não”, defendendo que, neste caso, “belo é o aumento de influência de Portugal na Europa, é belo a Europa ver Portugal com outra consideração muito diferente daquela com que via há dois anos quando tinha dúvidas sobre este Governo e a sua política”.
“O senão é uma responsabilidade. Agora que temos a presidência do Eurogrupo, somos ainda mais responsáveis do que éramos anteriormente. Portanto, não pode haver nem descuidos nem aventuras em matéria financeira em Portugal”, completou.
Também o comissário europeu para os Assuntos Econômicos e Financeiros, Pierre Moscovici, salientou que Centeno assume a presidência do Eurogrupo num momento tão delicado como o que aguardou Dijsselbloem, há cinco anos.
Concluir o programa de assistência na Grécia é um dos desafios de Centeno, bem como a reforma da União Econômica e Monetária, referiu, adiantando que o novo líder do Eurogrupo conta com o seu “forte apoio”. “Parabéns, amigo”, disse Moscovici, em português.