Da Redação
Com Lusa
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Costa Neves, apresentou cumprimentos ao presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, insistindo no estabelecimento de “pontes” e sublinhando que o Governo acreditará “até ao fim” em compromissos.
À saída da reunião com o presidente do parlamento, o ministro dos Assuntos Parlamentares falou aos jornalistas num tom apaziguador e anunciou que vai também reunir-se com as lideranças das bancadas parlamentares, a começar na terça-feira, pelas 10:30, com o Bloco de Esquerda (BE).
Costa Neves colocou-se à margem de polémicas, como as declarações do vice-primeiro-ministro e líder do CDS, Paulo Portas: “O meu papel é assegurar que as coisas se passem da melhor forma possível, claro que não ignorando que esse combate existe e que é natural que o vice-primeiro-ministro tenha tomado a posição que tomou e a deputada Isabel Moreira tenha respondido da forma que respondeu”.
“Da minha parte, compete-me estabelecer pontes, quer com o presidente da Assembleia quer com os presidentes dos grupos parlamentares”, frisou.
Paulo Portas defendeu no sábado que qualquer tentativa da esquerda para chegar ao poder “na secretaria” estará “ferida de ilegitimidade desde o primeiro dia”.
O ministro insistiu que o PS é o partido com o qual PSD e CDS mais facilmente podem estabelecer essas pontes e sublinhou a necessidade de haver uma boa relação institucional com o presidente da Assembleia da República.
“Importa que a relação seja uma relação funcional que responda aos desafios com que todos, uns e outros, estamos confrontados. A nossa disposição do Governo é a melhor, de manter essa relação num plano produtivo e, sobretudo, do interesse dos portugueses”, afirmou Costa Neves aos jornalistas.
Costa Neves afirmou que quer no plano informal – com as conversas nos corredores e as relações entre deputados – quer no plano institucional, o Governo vai procurar entendimentos.
“Estamos prontos para entendimentos, estamos prontos para compromissos, até ao fim estaremos prontos para compromissos. Pensamos que é isso que corresponde ao interesse nacional”, declarou.
O ministro dos Assuntos Parlamentares não quis pronunciar-se sobre a vida interna do PS, nomeadamente sobre eventuais mudanças de liderança, considerando que uma alternativa ao atual secretário-geral socialista, António Costa, protagonizada por Francisco Assis é “uma hipótese vaga no campo das possibilidades”: “As coisas são como são e sendo como são, e o líder do PS, ninguém põem em causa a sua legitimidade, é o doutor António Costa”.
“A liderança do PS é escolhida pelo PS. A liderança do PS é a que é, a do PSD é a que é, a do PP é a que é, a do PCP é a que é, a do BE é a que é. É com essas pessoas que temos de falar. Eu não elegi os líderes dos outros partidos, eles não elegeram o líder do meu partido”, referiu.
Costa Neves disse que o programa de Governo será discutido e aprovado na quinta-feira em Conselho de Ministros, sendo “natural que se possam introduzir alterações”, e consequentemente entregue no parlamento “muito ao fim do dia de quinta-feira ou na sexta-feira”.
O programa de Governo será discutido a 09 e 10 de novembro na Assembleia da República, estando para esse momento anunciado pela maioria de esquerda a apresentação de moções de rejeição, implicando a sua aprovação a queda do governo.