Ministro aconselha portugueses a abastecerem carros antes da greve do dia 12

Fila de automóveis junto a um posto de abastecimento de combustíveis ainda a abastecer apesar da greve nacional dos motoristas. TIAGO PETINGA/LUSA

Da Redação
Com Lusa

O ministro português das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, defendeu que os portugueses devem começar a “abastecer” as seus veículos para “se precaverem” no caso de haver greve dos motoristas a partir de 12 de agosto.

“Temos todos de nos preparar. O Governo está a fazer o seu trabalho [para evitar a greve], mas todos podíamos começar a precaver-nos, em vez de esperarmos pelo dia 12, que não sabemos se vai acontecer [a paralisação]. Era avisado podermo-nos abastecer para enfrentar com maior segurança o que vier a acontecer”, disse Pedro Nuno Santos aos jornalistas em Matosinhos, à margem da apresentação de um investimento na ferrovia.

Dois sindicatos de motoristas entregaram um pré-aviso de greve com início em 12 de agosto que propõe serviços mínimos de 25% em todo o território nacional, enquanto na greve de abril, que levou a uma corrida aos postos de abastecimento de combustível eram de 40% apenas em Lisboa e Porto.

Em nota dia 22, o Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) ameaça consequências mais graves para a greve que começa dia 12 do que as sentidas em abril, em carta aberta enviada às redações.

“O Governo e a ANTRAM [Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias] tentam esconder, mas a greve do dia 12 vai ter repercussões muito mais graves das do passado mês de abril, pois esta greve está convocada e vai afetar todas as tipologias de transporte de todos os âmbitos”, refere o SIMM.

O sindicato avisa que, além dos combustíveis, a próxima greve vai afetar também o abastecimento às grandes superfícies, à indústria e serviços, podendo “faltar alimentos e outros bens nos supermercados”.

A indústria, avisa o SIMM, “vai sofrer graves perdas e grandes exportadoras como a Autoeuropa correm o risco de parar a laboração”. Foi marcada para este dia 24 uma reunião na Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), para planificar os serviços mínimos.

O pré-aviso dos sindicatos dos motoristas para a greve com início em 12 de agosto propõe serviços mínimos de 25% em todo o território nacional, enquanto na greve de abril eram de 40% apenas em Lisboa e Porto.

De acordo com o documento a que a Lusa teve acesso, a proposta de serviços mínimos a assegurar “tem por referência 25% dos trabalhadores” em cada empresa que preste abastecimento de combustíveis, por exemplo, a “portos, aeroportos e postos de abastecimento das empresas que têm por objeto a prestação de serviço público de transporte de passageiros, rodoviários, ferroviários e fluviais”, bem como a “estruturas residenciais para pessoas idosas, centros de acolhimento residencial para crianças e jovens, estabelecimentos de ensino, IPSS e Santas Casas da Misericórdia”.

Já no caso do “abastecimento de combustíveis e matérias perigosas a hospitais, centros de saúde, clínicas de hemodiálise e outras estruturas de prestação de cuidados de saúde inadiáveis, estabelecimentos prisionais, bases aéreas, serviços de proteção civil, bombeiros, forças de segurança e unidades autônomas de gaseificação”, os sindicatos propõem que estes serviços sejam assegurados na totalidade, “nas mesmas condições em que devem assegurar em dias úteis, de feriado e/ou descanso semanal”.

O secretário de Estado da Energia disse, no dia 18 de julho, numa entrevista ao Dinheiro Vivo e à rádio TSF que “o Governo está preparado para o que vier a acontecer” na eventualidade de uma greve geral de camionistas no dia 12 de agosto, acrescentando que está já a ser preparada “uma rede de abastecimento de emergência” com um mês de antecedência.

“Se acontecer algo semelhante ao que aconteceu na última greve, teremos no terreno um dispositivo que identifica os abastecimentos prioritários, os postos que têm de ser abastecidos, os circuitos que abastecem esses postos, bem como depois a necessidade de motoristas que garantam esses abastecimentos. Iremos definir os serviços mínimos e esperamos que sejam cumpridos, mas se não forem temos medidas alternativas”, sublinhou.

“Haverá um acompanhamento muito próximo de vários membros do Governo, das áreas da Energia, Transportes, Administração Interna, como na greve anterior”, salientou.

Em 19 de julho, o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, disse acreditar que patrões e sindicatos vão continuar a negociar e chegar a um acordo para evitar a greve de motoristas marcada para começar em 12 de agosto.

Ainda assim, o Ministério do Ambiente e da Transição Energética, que tem a tutela da energia, por se tratar de uma situação de greve que pode perturbar a vida normal das pessoas, “concentrou-se em preparar” um plano de emergência para “o fato de a greve vir a existir”, pondo em causa o abastecimento de combustíveis, explicou o governante.

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