Ministra quer amplo consenso político sobre políticas de imigração em Portugal

A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, durante a sua audição na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, na Assembleia da República, em Lisboa, 14 de março de 2023. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Mundo Lusíada com Lusa

A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares afirmou hoje que o Governo português vai procurar alcançar o maior consenso político possível em relação ao novo modelo de segurança e de acolhimento de imigrantes na sequência do fim do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Esta posição foi transmitida por Ana Catarina Mendes em conferência de imprensa, no final do Conselho de Ministros, em que foi aprovada a criação da Agência Portuguesa para as Minorias, Migrações e Asilo (APMMA) e o decreto que estabelece o regime de transição dos trabalhadores do SEF.

“Nestas matérias espera-se sempre o maior consenso possível numa visão sobre migrações. Regular o acolhimento não é criar obstáculos. Regular o acolhimento e a integração de migrantes é um trabalho que temos vindo a fazer”, sustentou a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, assinalando então as alterações introduzidas na lei de estrangeiros.

De acordo com a ministra, com a criação da APMMA, “foi dado mais um passo para garantir o combate ao tráfico de seres humanos e à imigração ilegal”.

“Queremos um fluxo que seja regulado, legal e seguro. Espero que todos tenham esta visão. Os consensos procurar-se-ão no parlamento”, acrescentou.

Na conferência de imprensa, foi também confrontada com a greve dos funcionários não policiais do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que na quarta-feira iniciaram até hoje uma paralisação, depois de uma reunião com o Governo na segunda-feira ter terminado sem entendimento.

“Tivermos oportunidades de ter reuniões com o sindicato, explicando quais era as opções. Numa primeira fase, os serviços vão manter-se exatamente nos mesmos sítios onde estão e a fazerem exatamente às mesmas funções”, defendeu.

A exceção, segundo a ministra, acontece com os funcionários que vão transitar para o Instituto dos Registos e Notariado (IRN).

Nestes casos, “há um conjunto de critérios, que são do conhecimento do sindicato, para que neste processo de transição se saiba quais são os trabalhadores que passam para o IRN”.

“São os trabalhadores que têm as competências das renovações de autorizações de residência e também a competência com os passaportes. Portanto, os sindicatos foram informados, designadamente que o processo tem o seu tempo de seis meses”, completou.

O Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do SEF (SCIF/SEF) suspendeu hoje a greve até segunda-feira, após a aprovação em Conselho de ministros.

Os inspetores são atualmente cerca de 900 e os funcionários não policiais cerca de 700.

Oposição

Já o líder do Chega considerou hoje que a criação da APMA é um “passo no sentido errado” que o país vai “pagar muito caro”.

“Acho que é um passo no sentido objetivamente errado. Nós vamos substituir o SEF, que é um órgão de polícia, com todas as competências de um órgão de polícia, por uma agência de asilo e migrações: é um mau sinal que damos à sociedade”, declarou André Ventura, nesta quinta-feira.

Para André Ventura, há atualmente “um consenso muito grande na sociedade portuguesa de que o SEF está a ser mal desmantelado e mal extinto, e portanto esta decisão do Conselho de Ministro, ainda por cima em cima do ataque ao Centro Ismaelita [em que a PJ afastou qualquer indício de terrorismo], vai no sentido completamente diferente daquele que devia ir”.

“Nós devíamos estar a reforçar o SEF, a reforçar as competências do SEF e, sem nenhum problema, criar, se fosse necessário, uma outra qualquer entidade especificamente para o acolhimento de migrantes ou refugiados. O desmantelamento do SEF soa a punição”, disse.

Ventura acrescentou ainda que o fim do SEF é “um desbaratar as condições de segurança” que o país irá “pagar muito caro”.

“Esperava que o Conselho de Ministros adiasse novamente o diploma, porque acho que as condições assim exigiriam para uma análise mais atenta e ponderosa. Assim não foi feito, acho que vamos pagar um preço muito elevado por isso, é uma decisão errada e que vai no sentido errado”, disse.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *