Ministra justifica silêncio sobre fuga de reclusos para dar espaço à investigação

Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, no concelho de Azambuja, distrito de Lisboa, 09 de setembro de 2024. Cinco reclusos fugiram no dia 07 de setembro do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus. CARLOS BARROSO/LUSA

Da Redação com Lusa

 

A ministra da Justiça de Portugal justificou nesta terça-feira não se ter pronunciado antes sobre a fuga de cinco reclusos da cadeia de Vale dos Judeus ocorrida no sábado com a necessidade de dar “espaço à investigação” do caso.

“Enquanto ministra da Justiça, entendi ser crucial dar espaço à investigação, não contribuindo para o ruído de fundo, que surge sempre nestes momentos”, alegou Rita Alarcão Júdice, em conferência de imprensa, em Lisboa.

A governante confirmou que recebeu hoje o relatório da auditoria à atuação dos serviços de vigilância e segurança, que foi elaborado pela Divisão de Serviços de Segurança da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.

Este relatório resulta do inquérito instaurado no sábado, dia em que a aconteceu a fuga dos reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre.

Na sequência da entrega do relatório, “entendo ser o momento para falar”, salientou Rita Alarcão Júdice, que classificou como de “gravidade extrema” a fuga de cinco reclusos perigosos, em plena luz do dia, com ajuda externa, saltando dois muros, um deles com seis metros.

Auditoria

A ministra ainda anunciou uma auditoria urgente à segurança dos 49 estabelecimentos prisionais de Portugal, na sequência da fuga de sábado.

“Mandatei a Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça para dar início urgente a uma auditoria aos sistemas de segurança de todos os 49 estabelecimentos prisionais do país. Temos de ter confiança nos equipamentos, nos sistemas de segurança e de vigilância”, afirmou Rita Alarcão Júdice em conferência de imprensa.

Segundo a governante, a inspeção-geral “compromete-se a entregar o resultado dessa auditoria até ao final do ano”.

Além dessa, a ministra avançou que determinou uma segunda auditoria de gestão ao sistema prisional para avaliar a organização e afetação de recursos da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) e de todos os estabelecimentos prisionais do país.

“Esta auditoria, necessariamente mais demorada, vai ajudar-nos na tomada de decisões para uma melhor utilização de recursos e para efetuarmos as mudanças que se imponham”, adiantou a ministra.

Rita Alarcão Júdice referiu ainda que aguarda o desfecho de outras investigações em curso e do processo de auditoria que está a ser levado a cabo pelo serviço de auditoria e inspeção da DGRSP, cujo trabalho deverá estar concluído dentro de um mês.

“Não hesitarei em dar impulso aos processos disciplinares ou penais que se revelem necessários”, garantiu.

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