Mundo Lusíada
Com Lusa
A ministra portuguesa da Saúde, Marta Temido, afirmou que a rede do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem capacidade para garantir o que dela se precisar, mas isso não pode, nem deve, fazer “baixar a guarda”.
Na conferência de imprensa de balanço da pandemia da covid-19 em Portugal, a governante deixou uma mensagem de tranquilidade quanto ao sistema de saúde que dá e continuará a dar resposta às necessidades assistenciais.
“Mesmo que todos estejam cansados, os profissionais do SNS continuam a estar lá, a saúde pública está a fazer o seu trabalho, os hospitais estão a fazer o seu trabalho e os cuidados de saúde primários estão a fazer o seu trabalho”, reforçou.
Marta Temido disse que nem sempre têm explicações evidentes para a evolução das doenças, mas aos serviços de saúde e ao sistema de saúde, mais do que todo o resto, incumbe dar resposta às necessidades assistenciais e, isso, está a ser feito e continuará a ser feito.
Portugal tem, neste dia 26 de junho, 402 camas de enfermaria ocupadas com doentes com covid-19 e 67 de cuidados intensivos, disse.
Nesta sequência, a ministra vincou que o país tem 21.500 camas hospitalares no SNS e 534 de cuidados intensivos polivalentes de adultos.
“A rede de SNS tem capacidade de garantir o que dela se precisar neste momento, mas isso não nos deve e não nos pode fazer baixar a guarda. Podem estar certos que não a baixaremos”, concluiu.
Cadeia de transmissão
Segundo a ministra, Portugal não está a conseguir interromper cadeias de transmissão do novo coronavírus, frisando que isso não pode levar a desistir de o tentar.
“Estamos a ter dificuldade em quebrar as cadeias de transmissão, estão a manter-se relativamente persistentes e, portanto, pusemos no terreno um conjunto de instrumentos adicionais”, afirmou Marta Temido.
Questionada sobre uma alegada intervenção irritada do primeiro-ministro para lhe tirar a palavra numa reunião do Governo e do Presidente da República com especialistas, Marta Temido afirmou em tom irônico que, “se o primeiro-ministro ‘puxou as orelhas’ à ministra da Saúde, teria certamente razão, embora os castigos corporais sejam pouco da nossa forma de trabalhar”.
“Todos começamos a ficar bastante cansados e gostaríamos de poder voltar a página da covid-19. É natural que se perca alguma da tranquilidade e possamos perguntar-nos se as coisas estão a evoluir no melhor sentido”, declarou.
O primeiro-ministro considerou na quinta-feira que o processo de desconfinamento em Portugal está a ser possível num quadro de estabilidade, sem aumento significativo de novos casos de covid-19 e sem pressão do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Segundo o primeiro-ministro, a evolução registrada “mostra que foi possível” desconfinar sem um aumento significativo de novos casos e sem qualquer pressão de procura em relação ao SNS, mantendo-se estável a taxa de risco de transmissibilidade (Rt).
Perante os jornalistas, António Costa referiu que, dentro de 15 dias, o Governo fará novo balanço sobre o estado de controle da pandemia em Portugal, e defendeu que o país, desde o início do processo de desconfinamento, a partir do começo de maio, “tem mantido um crescimento ligeiro” de novos casos de covid-19.
“Como por diversas vezes repetimos, não era imaginável que se avançasse para o período de desconfinamento, com o consequente aumento da mobilidade das pessoas, sem que isso implicasse necessariamente um aumento do risco de contágio. Portanto, sempre dissemos que teríamos de estar muito atentos em relação à evolução da situação para observar se esse aumento de risco de contágio se tornaria algo incontrolável, ou então se se mantinha dentro de padrões aceitáveis”, justificou.
De acordo com António Costa, um dos principais elementos para aferir a expansão da pandemia é o risco de transmissibilidade, o chamado Rt, que atingiu em Portugal níveis de 2,41.
“Desde o desconfinamento, ao longo deste último período, o país apresenta Rt variáveis, estando hoje em 1,08. Ao longo de todo o período de desconfinamento, temos mantido um nível de Rt no essencial estável e próximo de um por cento, o que é comparável com o que tem acontecido em outros países que foram prosseguindo o seu processo de desconfinamento”, apontou.
António Costa considerou também “importante” o critério sobre a evolução do número de casos notificados, que estão muitas vezes associados a surtos específicos e que “se tem mantido desde o início de maio até hoje”.
Depois, uma vez mais, o líder do executivo reiterou a tese de que Portugal apostou num aumento do número de testes e, apesar disso, “regista-se uma manutenção ao nível na percentagem de novos casos”.
“No dia em Portugal iniciou o descofinamento tinha 11,4% de casos positivos relativamente aos testes realizados, há 15 dias tinha quatro por cento e hoje está com 4,8% de testes positivos. Portanto há uma estabilidade no que respeita ao número de casos confirmados a nível nacional”, advogou.
Ainda segundo o primeiro-ministro, outro fator “decisivo” passa por aferir a gravidade da situação das pessoas que são testadas como positivas – um critério que tem sobretudo em linha de conta a capacidade de resposta do SNS.
“Se olharmos para o número de internados, verificamos que continuamos sempre com uma tendência descendente, embora relativamente estável nas últimas semanas. De 968 pessoas internadas no início do desconfinamento, passou-se para 436 no dia de hoje. Tivemos uma queda continua até 07 de junho e, desde aí, temos mantido um número estável”, sustentou, antes de aplicar idêntica conclusão aos doentes em unidades de cuidados intensivos.
“Desceu-se de 172 para 67. Houve uma queda mais ou menos continua até 08 de junho, seguindo-se uma ligeira subida com posterior estabilização”, completou.
Por outro lado, ao nível da taxa de ocupação das camas nas unidades de cuidados continuados, critério que classificou como “decisivo”, António Costa afirmou que “nunca foi ultrapassada a fasquia dos oitenta e poucos por cento”.
“Está hoje nos 62% de taxa de ocupação, ao mesmo tempo que se verifica uma diminuição do número de óbitos diários. Portugal tem uma taxa de letalidade de 3,8%, o que representa uma das mais baixas do conjunto da União Europeia”, acrescentou.
Em Portugal, morreram 1.555 pessoas das 40.866 confirmadas como infectadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.