Da Redação com Lusa
Neste dia 21, a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou estar a investigar a divulgação de notícias falsas pelo líder do Chega, André Ventura, nas redes sociais, com recurso a grafismos semelhantes a órgãos de comunicação social.
“Confirma-se a recepção de denúncia relacionada com a matéria referenciada. A mesma deu origem a um inquérito no DIAP de Lisboa que visa recolher os elementos e apurar as circunstâncias, de facto e de direito, sobre a matéria”, indicou fonte oficial da PGR, em resposta à Lusa.
Em causa está a divulgação de alegadas notícias por parte de André Ventura na sua página na rede social X (antigo Twitter), através de imagens que têm grafismos semelhantes aos dos ‘sites’ da Rádio Renascença e do jornal Público.
Na semana passada, fontes do grupo Renascença e o jornal Público afirmaram à Lusa ter sido alvo de notícias falsas difundidas por André Ventura nas redes sociais e hoje a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) indicou ter recebido uma participação sobre este tema.
Questionado sobre o assunto em conferência de imprensa, o presidente do Chega defendeu hoje que o partido atuou “dentro da lei” relativamente à acusação de divulgação de desinformação nas suas redes sociais, rejeitando que tenha sido praticado qualquer “ato ilícito”.
“Temos a absoluta consciência de que atuamos dentro da lei e que temos a lei do nosso lado. Aguardaremos a decisão da ERC sobre essa matéria com total tranquilidade”, defendeu, reiterando: “Vamos esperar que a ERC tome uma decisão, quando a ERC tomar uma decisão nós cá estaremos para a comentar. Neste momento, o que nos dizem os nossos advogados é que estamos perfeitamente salvaguardados dentro da lei, o Chega não levou a cabo nenhum ato ilícito”.
Ventura rejeitou tratarem-se de notícias falsas, indicando que “eram do Folha Nacional”, o jornal criado pelo partido e feito por funcionários e dirigentes do Chega.
O líder do Chega sustentou que essa publicação “agora tem três grafismos, com três secções”, apesar de no ‘site’ do Folha Nacional não constar grafismo semelhante ao que foi divulgado por André Ventura e em redes sociais do partido.
Algumas das imagens divulgadas por Ventura aparecem assinadas por “redação”, enquanto no ‘site’ do jornal do partido têm habitualmente a indicação “Folha Nacional” na assinatura, e nenhuma destas publicações tem uma ligação associada para o artigo original.
No que toca à publicação com o título “Milhares de inscritos na JMJ desaparecidos. Imigração ilegal, diz especialista”, que apareceu na página de André Ventura com grafismo semelhante ao da Renascença, não consta no ‘site’ daquela rádio nem é possível encontrar numa pesquisa genérica na internet.
André Ventura disse que o partido “responderá à ERC, como já respondeu no passado, umas vezes com razão, outras vezes com menos razão”.
Ventura rejeitou tratarem-se de notícias falsas, indicando que “eram do Folha Nacional”, o jornal criado pelo partido e feito por funcionários e dirigentes do Chega.
Na conferência de imprensa, o líder do Chega referiu-se também à nova Lei da Saúde Mental que acaba com o prolongamento automático do internamento de inimputáveis e admite o tratamento involuntário, permitindo a libertação de 46 pessoas inimputáveis que ultrapassaram a duração máxima da respetiva pena, mediante autorização dos tribunais.
André Ventura indicou que o partido “pediu hoje ao Ministério da Saúde a entrega do registo clínico” destas pessoas, assim como o registo criminal, questionando se estão “em condições clínicas de ser devolvidas à sociedade” e representam “um risco acrescido para todos”.
Apesar de indicar que esta informação seria enviada “sob confidencialidade ao parlamento”, o presidente do Chega defendeu que “é importante que os portugueses saibam quem está a ser libertado”, bem como que tipo de crimes foram cometidos.
“Criminosos sexuais, incendiários, homicidas, assassinos ou outros só podem sair do sistema hospitalar quando estiverem em condições mentais de se reinserir na sociedade”, defendeu.