Meus filhos são a quinta geração da família Rebelo de Sousa no Brasil – Nuno

Mundo Lusíada com Lusa

A cerimônia de reinauguração do Museu da Língua Portuguesa acontecerá em 31 de julho, num evento só para convidados, que contará com a presença dos Presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, de Cabo Verde, Jorge Fonseca, e de Moçambique, Filipe Nyusi, além de autoridades brasileiras.

Nuno Rebelo de Sousa, diretor de Comunicação e Stakeholders da EDP no Brasil, uma das patrocinadoras da reconstrução do museu, afirmou nas dependências do museu que o projeto representou uma inovação da lusofonia e, por isto, a sua reconstrução foi apoiada pela empresa, que tem sede em Portugal.

“Investimos 20 milhões de reais [3,3 milhões de euros] num total de 85 milhões de reais [13,9 milhões de euros], grande parte na recuperação do seguro que havia do antigo museu. A EDP foi a principal patrocinadora deste projeto”, disse Nuno Rebelo de Sousa.

O executivo da EDP, que também é filho do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, mora no Brasil há 13 anos, tem uma filha nascida no país sul-americano e contou que, para si, a diversidade da língua está também presente na sua história familiar.

“Sou um português apaixonado pelo Brasil, sou a quarta geração da minha família no Brasil, os meus filhos são a quinta geração da família Rebelo de Sousa no Brasil e, portanto, temos pelo Brasil um carinho especial”, disse Nuno Rebelo de Sousa.

“Meus filhos portugueses moraram aqui comigo, visitamos em família o antigo Museu da Língua Portuguesa antes [do incêndio], salvo erro em 2014 ou 2015. Estivemos aqui todos em família, e foi uma aprendizagem muito gira”, acrescentou.

Falando sobre sua experiência pessoal como cidadão português que convive com falantes brasileiros da língua portuguesa, todos os dias, Nuno Rebelo de Sousa considera que, embora exista uma discussão – “os portugueses em Portugal acham que os brasileiros falam brasileiro, eles não dizem que falam aqui português, e os brasileiros acham que falam português” -, o museu demonstra a evidência de todos, na verdade, comunicarem “numa mesma língua.”

“Não há uma língua mãe. A língua mãe são várias línguas que vieram do latim e que se foram espalhando pelo mundo. Nós vamos ver que o português de hoje, seja o falado em Portugal, seja o falado no Brasil, é um conjunto de palavras que vieram do grego, do latim, do árabe, das línguas indígenas e do que se falava em África. Portanto, acho que é uma aprendizagem, uma educação para as crianças virem [visitar] este museu”, concluiu o executivo da EDP Brasil.

Instalado na histórica Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa foi reconstruído após o incêndio de dezembro de 2015.

Um dos primeiros museus totalmente dedicados a um idioma no mundo, o espaço promove um mergulho na história e na diversidade do idioma através de experiências interativas, conteúdo audiovisual e ambientes imersivos.

A reconstrução do Museu teve como patrocinador principal a EDP Brasil, seguida da Globo, do Itaú Unibanco e da companhia Sabesp, apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e do Governo Federal, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Diversidade

Adaptações criadas para facilitar a interação do público com o acervo digital, durante a pandemia, e a renovação da aposta na valorização da diversidade linguística são os destaques do novo Museu da Língua Portuguesa, que reabre ao público em agosto.

A Lusa fez uma visita ao espaço do museu, localizado na região central da cidade de São Paulo, que foi totalmente renovado, depois de destruído por um grande incêndio, em dezembro de 2015.

A diretora técnica do Museu da Língua Portuguesa, Marília Bonas, explicou que a reconstrução do espaço foi possível através de um convênio firmado entre o Governo do Estado de São Paulo, organizações sociais e empresas privadas, que permitiu a recuperação total do espaço, a implantação da exposição de longa duração e uma atualização de conteúdos sobre a língua portuguesa falada no mundo.

O museu também vai apresentar experiências inéditas, como “Falares”, que reúne os diferentes sotaques e expressões do Brasil, e “Nós da Língua Portuguesa”, que aborda a diversidade cultural da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

“É um desafio reabrir um museu num momento pandêmico; foram feitas muitas adaptações para que seja possível fazer uma visita segura. É um museu muito interativo, portanto, temos várias regras de segurança para a visitação, para o toque [nos equipamentos]”, destacou Marília Bonas.

“Estamos torcendo para que o público venha e descubra estas novas ‘camadas’ da curadoria. Temos uma parte sobre a lusofonia que é nova, uma parte sobre os falares regionais do Brasil que também é nova, que as pessoas se identificam muito, e também a exposição temporária ‘Língua Solta’, nesta reabertura”, acrescentou.

Uma das apostas do museu para enriquecer a experiência dos visitantes, sem descuidar as medidas de segurança necessárias na pandemia, será a distribuição de uma caneta ‘touch’ para o público usar os painéis interativos, dispensando o toque das mãos.

Sobre o acervo, Marília Bonas destacou que o Museu da Língua Portuguesa tem, como um dos seus principais eixos, a valorização da diversidade da língua portuguesa falada no mundo inteiro, não só no Brasil, com as suas línguas de resistência, as línguas indígenas e as línguas africanas, que a influenciam.

A exposição temporária “Língua Solta”, por sua vez, junta ao acervo digital elementos das artes plásticas para brincar com a ideia do que é obra de arte, o que não é obra de arte, o que é erudito e o que é popular.

“É uma exposição muito ‘barroca’, muito polifônica, e isto celebra muitos os princípios do Museu da Língua Portuguesa. Celebramos a diversidade, temos uma agenda contra o preconceito linguístico, e falamos desta riqueza da língua nestes lugares onde ela é falada”, defendeu Marília Bonas.

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