Por Marina Brandão
As metodologias ágeis parecem ter tomado conta do mercado e a impressão que tenho é que para todo lugar que olhamos encontramos referências e indicações desse que já se tornou um grande legado da indústria de desenvolvimento de softwares. Mas, antes de entender o porquê e como as metodologias ágeis podem e devem ser aplicadas em todas as áreas e tipos de empresas, acho importante conhecermos como surgiram e como passaram a ser tão relevantes no mundo pós-digital e na indústria 4.0.
A era digital democratizou o acesso à informação e à tecnologia. Como consequência, a entrada de novos players tornou o mercado mais competitivo. Para acompanhar esse dinamismo, a indústria de desenvolvimento de softwares precisou se adaptar e abandonar o antigo modelo de produção, considerado lento e burocrático. O ritmo acelerado das transformações cobrou dos desenvolvedores uma mudança de mindset, com o objetivo de reduzir o ciclo de produção de anos e meses, para semanas, dias e até mesmo horas. Assim, em meados de 1990 surgiu o conceito de Agile – agilidade, que seria aplicado a várias metodologias de desenvolvimento e produção.
Entre as características encontradas em todos os métodos ágeis, além de agilidade, estão processos incrementais (o oposto de projetos feitos em “linha de produção”); colaboração dos clientes; adaptabilidade (cada projeto tem seu próprio ritmo e está sujeito a passar por modificações); simplicidade, com feedback constante; projetos com equipes pequenas, mas de alto nível técnico; além de competências complementares.
Hoje, os métodos ágeis mais comuns de serem encontrados são FDD, XP, MSF, DSDM e Scrum. É claro que não existe a melhor para ser aplicada ou adaptada, mas sim aquela que melhor se adequa à cultura da empresa e ao projeto em questão. Fato é que as empresas se apropriaram de alguns dos principais conceitos para tornarem-se mais ágeis e tecnológicas.
É importante destacar que, apesar de desconstruir o antigo mindset linear de produção, as metodologias ágeis não desprezam completamente as boas práticas das técnicas tradicionais, mas sim complementa, adicionando abordagens e simplificando alguns processos antigos, proporcionando uma maneira mais direta de lidar com os problemas encontrados ao longo do percurso.
Provavelmente, o maior legado seja o processo incremental e a abordagem colaborativa junto com os clientes. Esse diálogo direto com quem irá utilizar o serviço ou consumir o produto otimiza os resultados finais, poupando tempo e investimento na produção. Ter o indivíduo como ponto de partida para o entendimento das demandas e desenvolvimento das soluções também é um legado que as metodologias ágeis compartilham com o Design Thinking e o UX – User Experience.
Apesar de parecer muito promissor, antes de aplicar os métodos ágeis dentro das outras áreas da empresa, é preciso questionar-se se o quanto o departamento ou mesmo a empresa como um todo está pronta para implementar a metodologia e, mais do que isso, qual o nível de maturidade digital da empresa. É claro que para sobreviver no mundo digital as empresas precisam se adaptar às transformações tecnológicas, sendo, portanto, matéria obrigatória para crescer e prosperar no mundo corporativo.
Partindo do pressuposto que todo negócio quer se desenvolver e crescer, podemos elencar algumas ações que podem ser tomadas de imediato para aproveitar a cultura das metodologias ágeis. Estimular o open mind – mente aberta – no sentido de provocar seus colaboradores a pensar e agir fora da caixa, sem medo de arriscar e sem medo de errar. Nesse sentido, o open heart – coração aberto – também é muito interessante, uma vez que a empatia, a autenticidade e a valorização do ser humano são centrais para a inovação.
É preciso fugir da zona de conforto, buscando resultados com ações diferentes, pois como diria Einstein: Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes. Boa sorte para nós!
Por Marina Brandão
Headhunter da Yoctoo e tem mais de 7 anos de experiência no recrutamento e seleção para as áreas técnicas. Formada em Administração de Empresas e é pós-graduada em Gestão de Pessoas e Negócios.