Da Redação com Lusa
Cerca de metade (48%) dos estudantes estrangeiros em Portugal inscreveu-se num bacharelato ou numa licenciatura, sendo o mestrado o segundo nível de formação mais procurado (34%), seguido do doutoramento (12%), de acordo com instituições do Universities Portugal divulgados nesta quinta-feira.
O Universities Portugal é um projeto de promoção internacional das 16 instituições de ensino superior membros do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP).
O estudo que inclui estes dados é apresentado na segunda conferência de internacionalização dedicada ao tema “Será o nosso Ensino Superior inclusivo?”, que decorre até sexta-feira na Universidade do Minho.
“Ao longo da última década têm sido cada vez mais os estudantes estrangeiros que escolhem fazer a sua formação superior em Portugal e, no último ano letivo, registou-se o número mais alto de sempre de alunos internacionais inscritos nas universidades e politécnicos portugueses”, refere num comunicado.
Segundo a nota, no ano letivo de 2021/2022, Portugal teve 69.965 estudantes estrangeiros inscritos em todo o país, mais 18,7% do que no anterior (58.960). Daquele total 41.472 estão integrados nas 16 instituições membros do CRUP.
A maioria dos estudantes internacionais está inscrita no ensino superior público e, no caso dos membros do Universities Portugal, “as Universidades de Lisboa e do Porto lideram as preferências dos alunos estrangeiros (8.570 e 6.042, respectivamente)”.
Em relação às áreas de formação, as mais escolhidas são a de gestão e administração (8.144), direito (4.213) ou eletrónica e automação (3.031).
De acordo com os dados do Universities Portugal, em termos de nacionalidade dos estudantes “o Brasil continua a ser o país emissor de mais estudantes no país (18.859), seguindo-se a Guiné-Bissau (6.478), Cabo Verde (5.694) e Angola (4.702”).
Além da inclusão, a conferência permitirá analisar o impacto econômico e sociocultural da mobilidade de estudantes internacionais.
“O Universities Portugal tem investido em feiras de oferta educativa e em missões de prospecção para aumentar a visibilidade das instituições portuguesas no estrangeiro, de forma a atrair mais estudantes. À semelhança deste ano, em 2023, o foco de promoção continuará nos países da América Latina que têm demonstrado bons resultados e recetividade aos programas internacionais, com destaque para a Bolívia, o Chile, a Costa Rica, o Equador e o Peru”, indica o comunicado.
Bolsas de doutoramento em empresas
Neste dia 24, a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior assumiu a meta de atribuir metade das bolsas de doutoramento a pesquisadores que façam o seu trabalho em empresas até 2027.
“O objetivo é integrar os doutorandos em contexto não acadêmico, favorecendo a transferência de conhecimento e a estabilidade laboral dos investigadores após o doutoramento, e que, até 2027, as bolsas de doutoramento em ambiente não acadêmico passem a representar, pelo menos, 50% do total de novas bolsas atribuídas” afirmou.
Elvira Fortunato falou na abertura de uma sessão promovida pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), que decorreu no Teatro Thalia, em Lisboa, para assinalar o Dia Mundial da Ciência.
Afirmando que o Governo pretende um “sistema científico próximo e eficazmente articulado com o sistema empresarial”, a ministra recordou algumas medidas previstas na proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023).
Desde logo, a partir do próximo ano deverá ser retomada a atribuição de bolsas de doutoramento a investigadores que façam o seu trabalho em empresas, apoio que deixou de ser concedido há seis anos.
“Portugal apresenta hoje uma taxa de novos doutorados semelhante à média europeia, mas o número de doutorados ‘per capita’ continua bem inferior à media europeia. Em particular, a fração de doutorados em empresas continua a ser relativamente modesta, cerca de 8%, mesmo sabendo que o tecido não acadêmico tem muito a ganhar”, considerou.
A propósito dos doutoramentos, o OE2023, que será votado na sexta-feira, prevê também a criação de um regime de contratação de investigadores científicos, com doutoramento concluído, em empresas.
Segundo Elvira Fortunato, através de parceiras com entidades do setor privado e da administração pública, o Governo pretende “criar emprego altamente qualificado e promover a integração de doutorados no mercado de trabalho, contribuindo para a diminuição da precariedade”.
A lei de estímulo ao emprego científico, que data de 2017, prevê a contratação a termo, por um máximo de seis anos, de investigadores doutorados.
A contratação de investigadores é financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) através de dois concursos – um ao qual os cientistas podem concorrer individualmente e outro aberto às instituições científicas, como laboratórios ou universidades.
Ao concurso destinado às instituições científicas podem ainda concorrer empresas, mas desde que a sua atividade tenha “sido reconhecida como de interesse científico ou tecnológico” ou às empresas “tenha sido atribuído o título de laboratório colaborativo”.