Da Redação
Com Lusa
O embaixador brasileiro em Lisboa defendeu que Portugal será porta de entrada na Europa para toda a América Latina, se o Mercosul e a UE alcançarem o acordo de livre comércio que estão a negociar.
Mário Vilalva, que falava num debate organizado pela Câmara de Comércio Luso-Brasileira em Lisboa, em 28 de novembro, disse que atualmente Portugal é apenas uma das portas de entrada para os produtos brasileiros na Europa.
“É uma porta que oferece algumas vantagens competitivas, a língua, a cultura, o fato de nenhum brasileiro se sentir estrangeiro no País”, mas há brasileiros com outras origens e todos acham que os seus países de origem é que são portas de entrada, disse.
Se até junho, como disse esperar, a União Europeia e o Mercosul [Mercado Comum do Sul, bloco econômico de países da América do Sul] chegarem a acordo, Portugal sairá beneficiado, porque “a tendência das empresas do Mercosul será estabelecerem-se no País”, nomeadamente nos portos de Leixões e Sines, se entretanto estiver concluída a ferrovia em bitola europeia até Madrid e daí para França.
Embora Portugal represente apenas 2% do produto interno bruto europeu, a vantagem para Portugal é muito maior do que o seu peso relativo, disse o diplomata.
Segundo Mário Vilalva, as negociações entre os dois blocos estão avançadas e “existe uma perspetiva concreta” de que possam conclui-se até junho. “Se isso ocorrer será um passo transcendental no comércio entre as duas regiões”, afirmou ainda, recordando que as trocas comerciais entre Portugal e Brasil são “muito pequenas”.
O comércio bilateral, especificou, representa apenas 2,5 bilhões de dólares anuais, “é o chamado comércio da saudade”.
Com o acordo UE/Mercosul, as trocas comerciais poderão triplicar em pouco tempo, “porque acabam as barreiras alfandegárias que ainda atrapalham muito o comércio”, disse.
“Há muito tempo que estamos a tentar este acordo e não conseguimos”, lamentou Mário Vilalva, afirmando que a crise pode ser, neste caso, uma oportunidade.
“Será que a Europa vai a deixar a França continuar a gastar o que gasta em subsídios e ao mesmo tempo pedir aos cidadãos que apertem o cinto?”, questionou, lembrando que os cidadãos poderiam deixar de pagar o subsídio e ainda ter o produto mais barato no supermercado.
No dia em que os dois blocos chegarem a acordo, estarão, na opinião do embaixador brasileiro, a gerar “muito mais comércio, muito mais riqueza e muito mais emprego”.
Enquanto isso não acontece, o governo brasileiro está a desenvolver com Portugal um projeto semelhante ao “Programa de Substituição Competitiva de Importações”, que visa facilitar as importações dos países na América do Sul.
“Estamos à procura de nichos de mercado e novas formas de aumentar o comércio, embora saibamos que há limitações. Precisamos de, com imaginação, aumentar aos poucos esse comércio bilateral”, afirmou.