Da Redação
Com Lusa
A média de novos casos diários de covid-19 na última semana foi mais do dobro do que se verificou em Portugal no início da pandemia, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
No dia 27 de janeiro foi registrado um total de 90.234 casos contabilizados nos sete dias anteriores, com uma média diária de 12.891 casos, muito acima dos meses de março e abril de 2020, em que o máximo de média diária de novos casos foi 5.618.
Desde 28 de dezembro que o aumento de novos casos confirmados a sete dias tem sofrido “um aumento exponencial”, à semelhança do que aconteceu em março passado, quando foram detetados os primeiros casos de contágio, e em outubro, quando se verificou um novo pico.
Fila de ambulâncias
Neste 29 janeiro, cerca de 30 ambulâncias estavam cerca das 07:30 paradas à porta das urgências do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse à Lusa o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar (SPEPH).
“Esta situação é inaceitável. Estão cerca de 30 ambulâncias à porta do hospital. Esta fila é para doentes covid ou suspeita de covid. Isto já ultrapassa aquilo que é aceitável em termos de dignidade. Um doente estar oito horas deitado numa maca não é fácil”, disse.
Carlos Silva disse também à Lusa que a medida anunciada na quinta-feira pelo presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte de que será feita a partir desta sexta-feira uma pré-triagem aos doentes vai minimizar o número de ambulâncias à porta do hospital.
“É minimamente aceitável e irá minimizar a espera e o número de ambulâncias no local, mas vamos continuar com o mesmo problema: o envio das ambulâncias em excesso. Por isso, consideramos que os protocolos dos meios de emergência médica devem ser alterados”, salientou.
Na quinta-feira à noite em declarações aos jornalistas, o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, Daniel Ferro, anunciou que a partir de hoje será feita uma pré-triagem aos doentes para tentar evitar tantas ambulâncias paradas à porta do hospital.
“A partir de amanhã [hoje] teremos aqui uma equipa do INEM, acompanhada por uma equipe da Proteção Civil, que vai fazer uma pré-triagem das situações e se for uma situação que realmente justifique o acesso aos cuidados do hospital, esse acesso vai ser feito com mais tranquilidade. Foi já combinado, com o ACES de Sete Rios e de Odivelas, que vão receber todas aquelas situações para as quais têm cuidados de igual qualidade”, revelou Daniel Ferro.
Hoje, em declarações à Lusa, o vice-presidente do SPEH disse que a medida vai ajudar, mas defende a necessidade de uma revisão dos protocolos e modelos de atendimento, triagem e encaminhamento de doentes para evitar a atual sobrecarga das urgências dos hospitais.
A Associação de Medicina Geral e Familiar apelou hoje aos utentes para recorrerem sempre primeiro aos cuidados de saúde primários e ao SNS24, seja qual for o sintoma, sublinhando que essa deve ser a porta de entrada no SNS.
“A porta de entrada dos doentes no sistema, no Serviço Nacional de Saúde (SNS), tem de ser os cuidados de saúde primários e não os serviços de urgência hospitalares, que têm de ser reservados para situações efetivamente urgentes e emergentes”, defendeu Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF).