“Mea Culpa”, de Carla Pais, vence Prêmio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís

Da Redação
Com Lusa

logo_bandeira-PortugalO romance “Mea Culpa”, de Carla Marisa Pais, venceu o Prêmio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís, no valor de 10.000 euros, promovido pela Estoril Sol.

“Com o romance ‘Mea Culpa’, Carla Marisa Pais, aos 37 anos, sagrou-se vencedora da 9ª edição do Prêmio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís, por maioria do júri”, que foi presidido por Guilherme d`Oliveira Martins, disse à Lusa.

O júri considerou tratar-se de “um romance que transporta o leitor para um duro patamar de existência humana e social. Miséria e decadência sob formas violentas, que vão do incesto a diversos modos de servidão, [que] circunscrevem relações humanas envenenadas por injustiças e desesperos”.

Realçaram os jurados em ata que “a linguagem do romance é ela própria atraentemente crua e distanciada, embora sem nunca perder o sentido da sua orientação literária, quer na riqueza vocabular e imagística, quer no alcance da construção narrativa, quer ainda no modo como a memória da poesia acaba por ocupar uma espécie de espaço de luz em vidas dela afastadas”.

Segundo se lê na ata, “Mea Culpa” é “um romance feito de muitas dores humanas, mas também de esperança”.

O romance “Mea Culpa” levou nove meses a ser escrito e, “passados seis meses sem lhe tocar”, a autora decidiu reescrevê-lo, “porque tinha saudades” das suas personagens.

Estas, disse a escritora à Lusa, “vingaram e foram construídas a partir da revolta para com o julgamento alheio, o facilitismo que temos em julgar o outro pela aparência, pelo nome, pelo sangue de família, pela forma como olha ou fala”.

“A capacidade e o impulso que o homem tem para condenar, espezinhar, humilhar, para demonstrar poder, insensibilidade, arrogância diante dos que considera, aparentemente, mais fracos, dos que não carregam nomes que os protejam”, acrescentou.

Sobre o seu percurso, Carla Marisa Pais afirmou: “Terminei o 12.º ano à noite, pois a vida não me permitiu fazer de outra forma. Casei cedo. Fui mãe cedo. Tive pequenos trabalhos, fui presidente da Associação de Pais da freguesia de Regueira de Pontes, durante quatro anos, e responsável pelo departamento pós-venda, numa empresa de material elétrico, até ao dia em que decidi que a educação dos meus filhos não podia tocar o incerto. Em outubro de 2012, completamente desiludida com o rumo do país, fiz as malas, carreguei um camião com os restos que sobraram de uma vida e mudei-me para Paris, onde vivo até hoje e onde sou feliz”.

Guilherme d`Oliveira Martins, em representação do Centro Nacional de Cultura, presidiu ao júri, que foi constituído também por José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, por Maria Carlos Loureiro, pela Direção Geral do Livro e das Bibliotecas, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, e, ainda, Maria Alzira Seixo e Liberto Cruz, convidados a título individual, e Nuno Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, em representação da Estoril Sol.

A partir da edição deste ano, o regulamento do Prêmio Revelação deixou de estabelecer um limite de idade para os concorrentes, mantendo a exigência de serem autores portugueses, com um romance inédito e sem qualquer obra publicada no gênero.

O Prêmio foi instituído, pela primeira vez, em 2008, pela Estoril Sol, no quadro das comemorações do cinquentenário da empresa, e conta com o apoio da Editorial Gradiva, que assegura a edição da obra vencedora.

A cerimónia de entrega do galardão será anunciada pela Estoril Sol, e a publicação do romance pela Gradiva será “muito provavelmente em 2017”.

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