Da Redação
Com Lusa
O presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho, anunciou nesta terça-feira que a manutenção de aeronaves da transportadora já não será feita no Brasil a partir do final deste ano, independente do que venha a acontecer à M&E Brasil [Manutenção e Engenharia].
“Estamos a ver que propostas aparecem, mas, independentemente do que possa acontecer à TAP M&E Brasil, o plano [de reestruturação] já não prevê a realização da atividade de manutenção de aeronaves da TAP no Brasil a partir do final deste ano”, avançou Miguel Frasquilho, em comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, após os requerimentos apresentados pelo PSD e pela Iniciativa Liberal.
A partir daquela data, a manutenção dos aviões da TAP será feita em Portugal, esclareceu o presidente do CA.
O presidente da Comissão Executiva (CEO) da TAP, Ramiro Sequeira, afirmou esta manhã, na comissão parlamentar, que o plano de reestruturação prevê “opções sobre outras empresas” do grupo, incluindo a TAP Manutenção e Engenharia Brasil (M&E Brasil), alvo de um trabalho “muito profundo”.
“Também está previsto no plano – e está a ser trabalhado profundamente – opções sobre outras empresas do grupo, onde esta incluída a Cateringpor, a empresa de ‘catering’, e a M&E Brasil”, disse o responsável, ouvido esta manhã pela comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.
“Estamos a fazer um trabalho muito sério, muito profundo e, como sabem, a M&E Brasil não é uma questão simples”, acrescentou Ramiro Sequeira.
Em dezembro, por ocasião da entrega do plano de reestruturação da transportadora aérea portuguesa à Comissão Europeia, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, disse que se pretendia vender a M&E Brasil, mas que o Governo ia aguardar por um momento mais favorável no mercado.
“Sabemos que a M&E Brasil não é uma empresa com a qual queiramos ficar”, garantiu Pedro Nuno Santos. “Não temos ganho, mas é um trabalho que se vai fazer. A ME Brasil é uma empresa para ser vendida”, acrescentou.
Após cinco anos de gestão privada, em 2020 a TAP voltou ao controle do Estado, que passou a deter 72,5% do seu capital, depois de a companhia ter sido severamente afetada pela pandemia de covid-19 e de a Comissão Europeia ter autorizado um auxílio estatal de até 1.200 milhões de euros à transportadora aérea de bandeira portuguesa.
O plano de reestruturação foi entregue à Comissão Europeia no último dia do prazo, 10 de dezembro, e prevê a redução de 25% da massa salarial do grupo (30% no caso dos órgãos sociais) e do número de aviões que compõem a frota da companhia, de 108 para 88 aviões comerciais.
No total, até 2024, a companhia deverá receber entre 3.414 milhões de euros e 3.725 milhões de euros.
Frota
Sequeira disse que as renegociações do ponto de vista de frota, que inclui adiamento da entrega de aviões Airbus, vão permitir poupar 1.300 milhões de euros até 2025.
“A TAP conseguiu uma poupança de 1.300 milhões de euros até 2025 com todas as negociações do ponto de vista de frota e, do ponto de vista de fornecedores, está a garantir uma projeção entre 200 a 225 milhões de euros ano também de poupança”, afirmou Ramiro Sequeira, na Assembleia da República.
Concretamente com a fabricante de aeronaves Airbus, o responsável lembrou que foi renegociada a entrega de 15 aviões, adiada para 2022 e para depois de 2025.
“Este exercício foi importantíssimo para as contas da TAP, porque estamos a falar de mil milhões de euros”, apontou o presidente da Comissão Executiva.
Empregos
As medidas voluntárias para redução de postos de trabalho estão a ter uma adesão “positiva” e a companhia espera que o processo esteja concluído em 14 de março.
“A adesão [às medidas voluntárias] tem sido positiva e esperamos que esteja concluído o processo em 14 de março”, referiu Ramiro Sequeiro.
Segundo o responsável, estas medidas, que admitiu serem “duras”, “vão permitir uma poupança de 1,4 mil milhões de euros até 2025”.
O responsável sublinhou também que, com os acordos alcançados com as estruturas representativas dos trabalhadores da TAP, reduziu-se de 3.000 para 800 o excesso de postos de trabalho.
“A viabilidade da TAP existe”, garantiu Ramiro Sequeira, referindo que o plano de reestruturação da TAP é “realista”, “sustentável” e “viável do ponto de vista dos custos, das poupanças e da receita”.
“[Isto] esté a acontecer porque existe uma pandemia que afetou a TAP e todas as companhias do mundo – todas sem exceção – e, nesse prisma, decidimos fazer um plano que não fosse otimista por si mesmo”, acrescentou.