Da Redação
Com Lusa
Mais de mil médicos responderam positivamente ao apelo lançado pelo Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, para reforçar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde para combater o surto de Covid-19 em Portugal.
Em comunicado, a Ordem dos Médicos destaca que em apenas 24 horas, mais de mil médicos responderam ao apelo do bastonário.
No domingo, Miguel Guimarães apelou a todos os médicos para reforçarem a resposta dos serviços públicos ao novo coronavírus, pedindo aos que estão fora do Serviço Nacional de Saúde que também ajudem, incluindo os aposentados.
Numa carta enviada a todos os médicos, o bastonário apelava ao espírito solidário e humanista dos clínicos, sobretudo aos que já saíram do Serviço Nacional de Saúde (SNS), recordando que o novo coronavírus já é uma pressão acrescida num SNS “alvo de grande desinvestimento ao longo dos últimos anos”.
“Nesta altura em que enfrentamos o surto do novo coronavírus (Covid-19), escrevo-vos evocando o nosso passado e presente, apelando à vossa colaboração direta neste desafio de saúde pública internacional, considerado pela Organização Mundial de Saúde uma emergência”, sublinhava o bastonário.
Na carta, Miguel Guimarães frisava que o apelo tem “uma relevância especial para os médicos que já saíram do SNS, nomeadamente, os reformados, mas também para os médicos que, estando a trabalhar no SNS, possam dar um contributo adicional, caso venha a ser necessário”.
No apelo, Miguel Guimarães dizia também que a Ordem está em contacto e a pressionar a Direção-Geral da Saúde e o Ministério da Saúde para “garantir que os profissionais de saúde tenham acesso aos equipamentos de proteção adequados e, nomeadamente, ao equipamento de proteção individual para se resguardarem durante o contacto com potenciais doentes e doentes infetados”.
O bastonário lembrava que cada médico poderá dar o seu contributo na sua área de conforto e saber, libertando outros médicos, mais especializados, para que possam dar o seu contributo específico na área do Covid-19.
Linha SNS
A linha SNS 24 vai ser reforçada na sexta-feira com 81 enfermeiros para responder ao aumento de chamadas devido ao surto, anunciou a ministra da Saúde. Questionada pelos deputados na Comissão de Saúde, onde está a ser ouvida numa audição regimental, sobre o que está a ser feito para reforçar a linha SNS 24 (808242424), Marta Temido afirmou que estão a ser delineadas “vários tipos de medidas”.
“Ainda esta sexta-feira, a [operadora] Altice reforçará o número de enfermeiros disponíveis para o atendimento [81]”, avançou a ministra.
Marta Temido adiantou que o contrato que os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) têm com a operadora Altice está neste momento “largamente ultrapassado”.
“O contrato tem um volume de chamadas que fazia parte da previsibilidade de resposta de uma linha deste tipo e aquilo que tem sido a procura associada ao Covid-19 fez de facto aumentar significativamente a necessidade de resposta”, sublinhou.
O deputado social-democrata Ricardo Baptista Leite defendeu que se “aumente drasticamente a capacidade de resposta” da linha e “eventualmente que se crie uma outra para informações genéricas sobre esta matéria”.
Em reposta, Marta Temido disse que na terça-feira o ministério discutiu com os SPMS, que iria ter uma reunião com a Altice, a possibilidade desse desdobramento de linha.
Contudo, sublinhou, “parece-nos que as pessoas já estão muito habituadas à Linha de Saúde 24 e, portanto, estar neste momento a criar aquilo que noutros países foi criado excecionalmente porque não dispunham deste apoio outra linha para este efeito não terá este efeito mais desejável”.
Por outro lado, o Governo está também a apelar a quem precisa da Linha de Saúde 24, apenas para informações que não são de saúde, que as coloque por ‘e-mail’.
“Não é uma abstenção de utilização e o encaminhamento para o ‘e-mail’”, ressalvou.
A ministra avançou ainda que vai haver uma reunião com as ordens profissionais na sexta-feira, adiantando que já conversou com o bastonário da Ordem dos Psicólogos no sentido de equacionar o apoio de psicólogos à Linha de Saúde 24.
“Isto porque há um conjunto de informações que se prendem com o apoio psicológico” e será importante ter esta “área de apoio que não estava considerada na origem”.
Por último, está a ser equacionada a abertura de um ‘call center’ num outro ponto do país.
A diretora-geral de Saúde admitiu na terça-feira no parlamento que a linha Saúde24 atingiu “picos nunca esperados” de procura, mas adiantou que a capacidade de atendimento de chamadas em simultâneo mais do que duplicou nas últimas 24 horas.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.200 mortos. Portugal registra já 59 casos confirmados de infecção, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
A DGS comunicou também que em Portugal se atingiu um total de 375 casos suspeitos desde o início da epidemia, 83 dos quais ainda a aguardar resultados laboratoriais.
Segundo a DGS, há ainda 667 contatos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Por causa da situação, o Governo português decidiu suspender todos os voos com destino ou origem nas zonas mais afetadas em Itália, recomendando também a suspensão de eventos em espaços abertos com mais de 5.000 pessoas.
Face ao aumento de casos em Portugal, o Governo ordenou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte, até agora a mais afetada.
Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do País, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas.