Da Redação
Com Lusa
A segunda greve climática estudantil, reuniu nesta sexta-feira no Porto, mais de mil jovens que, pelas ruas da cidade exigiram medidas em defesa do planeta e alertaram para a crise climática que está a pôr em risco o seu futuro.
Passavam poucos minutos das 11:00 quando mais de mil estudantes abandonaram a praça da República, no Porto, e munidos de megafones, bandeiras e cartazes deram início à manifestação que, pelas ruas da cidade, “gritou” a favor da defesa do planeta.
“Há medidas a tomar e o governo anda a brincar” e “A nossa a luta é todo o dia, pela água, clima e energia”, foram alguns dos apelos que os estudantes, não só de escolas da cidade do Porto, mas também de cidades vizinhas, foram fazendo ao longo de todo o percurso.
“A juventude continuará a levantar-se sempre que houver injustiças e sempre que for confrontada com problemas que dizem respeito a si mesmos. Estamos a falar do futuro do planeta”, disse, em declarações à Lusa, Francisco Araújo, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e um dos estudantes que esteve envolvido na organização da greve.
Se para muitos dos estudantes, esta foi a primeira vez que se “levantaram a favor da mudança”, para outros “esta luta não é novidade”, como foi o caso de Ana Sampaio, aluna da Escola Secundária José Régio, em Vila do Conde, que voltou a aderir à greve.
“Esta é uma causa que tem de ser defendida por todos os jovens do país, visto que os adultos não conseguem tomar decisões certas”, frisou a jovem de 17 anos, alertando que “fazer reciclagem já não é suficiente”.
“Já não é só a nós que cabe a mudança no dia-a-dia. Já que as eleições europeias estão próximas, pedimos ao governo e aos partidos que se vão candidatar para também defenderem propostas que estão de acordo com aquilo que deve ser o certo”, referiu.
Durante a greve, discursos, cânticos e cartazes como “Faltei à aula de história, para fazer história” e “Quando é que deixou de ser prioritário sobreviver?” apelavam para mudança e tomada de consciência dos decisores políticos.
Além de estudantes, foram também vários os pais e educadores que decidiram trazer os “mais novos” a participar na greve climática, como Filomena Moura, que se fez acompanhar dos dois seus filhos, de 5 e 10 anos.
“É importante eles perceberem desde pequenos que podem fazer a mudança e que podem fazer parte da solução”, afirmou, em declarações à Lusa, adiantando que já em “casa têm a preocupação” de os sensibilizar para as questões relacionadas com o ambiente.
“Este protesto dá-nos esperança, há mais consciência daquela que a minha geração teve, maior vontade de mudar. Estou na casa dos quarenta e para nós é um grande alento perceber que isto está assim”, frisou.
Também a educadora Rita, responsável pelo espaço de apoio educativo ‘Brincar para crescer’ se fez acompanhar de 22 crianças, entre os 2 e 5 anos, e à Lusa, admitiu “ter pena” que mais educadores não viessem para “a rua” acompanhar os jovens.
Esta segunda greve climática, que terminou em frente à Câmara Municipal do Porto, na Avenida dos Aliados, decorreu também em mais de 1.600 cidades de 119 países, sendo que em Portugal estavam agendadas manifestações em 34 localidades.
A greve climática estudantil é inspirada na sueca Greta Thunberg, 16 anos, que no ano passado iniciou um boicote às aulas para exigir do parlamento da Suécia ações urgentes para travar as alterações climáticos, um protesto que rapidamente se replicou por todo o mundo.