Da Redação
Com Lusa
Mais de metade das escolas públicas de Portugal registrou, pelo menos, um caso de infecção por covid-19, segundo os dados do Ministério da Educação divulgados pela Fenprof, que referem situações em quase três mil estabelecimentos de ensino.
Desde o início do ano letivo, “2.933 escolas públicas do continente, que não incluem o ensino superior”, registraram casos de infecção entre a sua população, segundo informações do Ministério da Educação entregues à Fenprof na sequência de sentença proferida pelo Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa.
Os dados chegaram à Fenprof depois de a federação ter recorrido a tribunal, que obrigou a tutela a ceder esta informação.
A Federação Nacional de Professores lembra que existem no continente 5.568 estabelecimentos de ensino, “o que significa que houve casos de infecção em mais de metade deles”.
Apesar da identificação dos estabelecimentos de ensino não há informação sobre quantos casos foram registados em cada escola, apesar de ter sido solicitado pela federação.
Sem estes dados, não é possível quantificar quantos surtos houve, mas a Fenprof conclui que os números agora divulgados indiciam que o número “de surtos foi bem superior a apenas algumas dezenas, como foi repetido pela Direção-Geral da Saúde”.
A Fenprof volta a contrariar a posição do Ministério da Educação e diretores de escolas que vêm defendendo que a escola é um espaço seguro e com poucos casos: “Demonstra-se, no entanto, pelo elevado número de escolas, que a pandemia não lhes passou ao lado, ao contrário do que foi o discurso oficial, meses a fio, e que o seu funcionamento foi um importante fator de propagação, o que vários estudos já indiciavam e também parece confirmar-se, agora, pela redução do número de novos contágios após o seu encerramento”.
“Foram três meses a encobrir, sem razão que o justificasse, o que se passava nas escolas”, critica a Fenprof em comunicado enviado para as redações, lembrando que os números agora conhecidos são três vezes superiores aos dados que a federação vinha divulgando.
“De acordo com as informações que a Fenprof tinha podido recolher, face ao blackout promovido pelo Ministério, estavam confirmadas situações de infecção em 1071 escolas: 926 básicas e secundárias públicas do continente, 49 privadas, 20 do ensino superior, 51 da Região Autónoma da Madeira e 25 na Região Autónoma dos Açores.
Casos País
A terceira semana de janeiro deste ano foi a que registou mais mortes em Portugal desde o início da pandemia, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE), que contabilizou 4.898 óbitos nesse período.
Mais de 75 por cento das mortes em Portugal entre 11 e 24 de janeiro foram de pessoas com mais de 75 anos, indica o INE no boletim sobre mortalidade, em que se refere que 24,3% das 4.530 mortes da segunda semana e 34,6% das 4.898 verificadas na terceira semana de janeiro (18 a 24) foram atribuídas à covid-19.
O maior excesso de mortalidade verificou-se entre pessoas com 90 anos ou mais, com um aumento de 87,9% em relação à média para o mesmo período calculada com base nos últimos cinco anos.
Na terceira semana houve um excesso de mortalidade (face à média para o mesmo período dos últimos cinco anos) de 70,9%, enquanto na segunda semana esse excesso foi de 60,9%. Desse acréscimo do número de mortes em relação à média, 64,4 % na segunda semana e 83,3% na terceira semana foram atribuídas à covid-19.
Neste período da segunda e terceira semanas de janeiro, 63,1% das 9.428 pessoas que morreram estavam internadas em hospitais. Três regiões concentraram 82,6% do total de mortes: Norte (27,8%), Centro (27,2%) e Área Metropolitana de Lisboa (27,6%).
O maior número de mortes por 100.000 habitantes verificou-se no Alentejo (140,5), Centro (115,7), Área Metropolitana de Lisboa (90,9%) e Algarve (90,3).