Mais de 90% das empresas do turismo terão “vendas zero” em abril e maio

FOTO ESTELA SILVA/LUSA

Da Redação
Com Lusa

Segundo o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) a crise relacionada com a covid-19 atacou o setor de forma “extremamente violenta” antecipando que “mais de 90% das empresas” terão “vendas zero” em abril e maio.

“É difícil atribuir um número” ao impacto da pandemia do novo coronavírus no turismo devido à dimensão das atividades ligadas ao setor, começou por dizer o presidente da CTP, Francisco Calheiros, aos jornalistas no final de uma audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém.

Francisco Calheiros sublinhou, no entanto, que a crise da covid-19 atacou o turismo “de uma forma extremamente violenta”, apontando que os números de março “variam de empresa para empresa” com quedas de “30, 40 ou 50%”.

“Agora, em abril e maio, não variam muito: mais de 90% das empresas têm vendas zero”, rematou o presidente da CTP.

Para Francisco Calheiros, as medidas dirigidas às empresas anunciadas pelo Governo de combate à pandemia como o ‘lay-off’ simplificado ou as linhas de crédito “têm todas tido um problema: estão muito lentas a chegar à economia”.

“As medidas de 1,7 mil milhões de euros, os 900 milhões para o turismo em geral e hotelaria, os 600 da restauração e os 200 milhões das agências de viagens e animação turística ainda não estão minimamente nos bancos”, afirmou o líder da confederação patronal, acrescentando que “nem vão estar amanhã nem depois”.

A audiência do Presidente da República à CTP insere-se numa ronda de reuniões com os vários parceiros sociais sobre as consequências da pandemia da covid-19.

Questionado se seria desejável um Governo mais forte do que o atual executivo minoritário para enfrentar o problema da futura crise econômica, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a defender que a prioridade neste momento é a crise sanitária para a qual existe “unidade nacional”.

No final de audiências com a Confederação do Turismo Português, Marcelo Rebelo Sousa foi questionado se Portugal precisará de um governo de salvação nacional, depois de no domingo o líder do PSD, Rui Rio, ter dito que, após o fim da pandemia da covid-19, “o Governo que vier será de salvação nacional” – ainda que seja o mesmo – para responder aos efeitos da crise econômica.

“Isso é a mesma coisa que falar nas presidenciais, é o que se chama congeminar sobre um futuro longínquo”, começou por afirmar o chefe de Estado.

“Temos o Governo que temos, temos a unidade nacional no parlamento que temos, temos a prioridade que temos: é resolver este problema. Estar a imaginar o que se vai passar depois de um processo em curso é um exercício puramente especulativo”, disse.

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