Da Redação
Com Lusa
Trezentos a 400 agricultores foram afetados pelos incêndios que deflagraram no sábado e que atingiram Mação, Vila de Rei e Sertã, afirmou o ministro da Agricultura de Portugal.
A zona afetada pelos fogos caracteriza-se por ser uma região “de pequena e muito pequena agricultura”, mas, apesar das explorações afetadas “serem muito pequenas” e individualmente os prejuízos “não serem muito elevados”, haverá entre 300 a 400 agricultores afetados, disse Luís Capoulas Santos, que falava aos jornalistas após uma visita ao local de distribuição de alimentação para animais que ficaram sem pasto devido ao fogo, situado na Zona Industrial do Carrascal, concelho de Vila de Rei, distrito de Castelo Branco.
O ministro referiu que se estima haver 200 bovinos e cerca de 2.500 ovinos de 235 produtores que “terão necessidades alimentares”, salientando que o trabalho de entrega de alimentação irá durar “até ser reposta a normalidade”.
Para esta ajuda aos animais de pequenos produtores da região, foram doados alimentos do próprio Ministério da Agricultura, através da empresa pública agrícola Companhia das Lezírias, bem como da Associação dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA).
Segundo o secretário-geral da IACA, Jaime Piçarra, a instituição já tinha esta estrutura para dar resposta às necessidades dos animais, face ao apoio já prestado aos agricultores afetados pelos incêndios de 2017.
De acordo com Jaime Piçarra, já foram entregues seis a sete toneladas de ração, esperando-se que as doações possam chegar às 18 ou 20 toneladas na próxima semana.
Luís Capoulas Santos frisou que, a partir desta sexta-feira, os agricultores afetados podem deslocar-se até ao centro de distribuição para receber a alimentação para os seus animais.
Em Sintra
A Câmara Municipal de Sintra, que tem 12 aldeias nos programas “Aldeias Seguras” e “Pessoas Seguras”, anunciou que vai “recolher de imediato todos os componentes inflamáveis” do ‘kit’ entregue pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Em resposta à agência Lusa, a autarquia informou que “desconhecia” as informações vindas a público sobre a composição dos materiais que compõem o ‘kit’ destes programas, e que o presidente da Câmara Municipal, Basílio Horta (eleito pelo PS), decidiu recolher estes materiais, nomeadamente coletes e golas.
Os materiais recolhidos serão substituídos por “equipamento que garanta a segurança dos voluntários”.
No município de Sintra, a ANEPC disponibilizou ‘kits’ aos 24 oficiais de segurança dos programas “Aldeias Seguras” e “Pessoas Seguras” – dois por cada uma das 12 aldeias – e, no âmbito de sessões de esclarecimento, distribuiu “cerca de 30 golas” à população, segundo fonte da autarquia.
A câmara contabilizou a necessidade de substituir 24 coletes e cerca de 54 golas, processo que vai ser assegurado “durante a próxima semana”.
Promovidos pela ANEPC, os programas “Aldeias Seguras” e “Pessoas Seguras”, que visam a defesa da floresta e pessoas, foram implementados em 12 aldeias da freguesia de Colares, em Sintra, designadamente Azóia, Atalaia, Ulgueira, Almoçageme, Casas Novas, Penedo, Banzão, Mucifal, Colares, Vinagre, Eugaria e Gigaroz.
A Proteção Civil esclareceu que os materiais distribuídos no âmbito dos programas “Aldeias Seguras” e “Pessoas Seguras” não são de combate a incêndios nem de proteção individual, mas de sensibilização de boas práticas.
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse hoje que é “irresponsável e alarmista” a notícia sobre as golas antifumo com material inflamável distribuídas no âmbito do programa “Aldeias Seguras”, sublinhando a importância do trabalho que está em curso em mais de 1.600 aldeias do país e assegurando que a distribuição das golas antifumo não põe em causa nem o projeto nem a segurança das pessoas.
O Jornal de Notícias divulgou que 70 mil golas antifumo fabricadas com material inflamável e sem tratamento anticarbonização, que custaram 125 mil euros, foram entregues pela proteção civil no âmbito do programa “Aldeia Segura” e “Pessoas Seguras”.
De acordo com o jornal, as golas antifumo, fabricadas em poliéster, “não têm a eficácia que deveriam ter: evitar inalações de fumos através de um efeito de filtro”.
Em comunicado, a ANEPC lembra que os programas “decorrem da Resolução do Conselho de Ministros n.º 157-A/2017, de 27 de outubro, e visam capacitar as populações no sentido de reforçar a segurança de pessoas e bens mediante a adoção de medidas de autoproteção e a realização de simulacros aos planos de evacuação das localidades”.
Trata-se, segundo a ANEPC, da primeira grande campanha nacional orientada para a autoproteção da população relativamente ao risco de incêndio rural, bem como à sensibilização para as boas práticas a adotar neste âmbito.