Mãe. Amor Inquebrantável

Por Diamantino Bartolo

Tenho plena consciência que todos os dias são próprios para se invocarem princípios, valores, sentimentos, situações, eventos, comemorações e quaisquer outras intervenções: públicas ou privadas; nacionais ou internacionais, por isso, considero que os “chavões” que defendem que todos os dias devem ser atribuídos, por exemplo, à Mãe, o que: por um lado, na verdade, concordo, com essa atitude; mas, por outro aldo, também aceito e admito que haja um dia no ano, no qual se destaque uma celebração que é, em bom rigor, o culminar de todos os restantes dias do ano, dedicado a uma figura, ou acontecimento, significativos.
O dia mundial dedicado a todas as Mães, insere-se nesta lógica, que simboliza todos os sentimentos, preocupações e dedicação que, a esmagadora maioria dos filhos a ela lhe dedicam, não se duvidando que, salvo dolorosas e extraordinárias exceções, os filhos amam as suas Mães e se estas são, ilimitadamente, corajosas, generosas e abnegadas, ao ponto de darem a vida pelos seus entes mais queridos, também estes têm idênticas virtualidades, de resto, é assim mesmo que deve ser.
Mais um ano se passou desde a última celebração do “Dia da Mãe” e, podem afirmar os mais céticos, que nada mudou: que os maltratos para com os idosos, ou até mais jovens progenitores, se têm mantido e, eventualmente, aumentado; todavia, analisar a situação pelo lado positivo, sem ignorar tais realidades, parece ser a melhor perspectiva.
Interpretar, com profundo amor, os sentimentos e emoções das nossas Mães, em relação a nós, seus filhos diletos, é uma atitude que só nos dignifica, independentemente, de continuarmos a ter o privilégio da companhia física de nossas Mães, ou apenas a presença espiritual, e a saudade que dela temos, porque ela será sempre, e em quaisquer circunstâncias, a nossa Mãe, que devemos honrar, glorificar e orgulharmo-nos dela.
Poder-se-ia invocar, agora e aqui, um velho aforismo, segundo o qual: «Mãe há só uma; mulheres há muitas», isto para significar que nenhuma mulher substitui, à partida, a nossa Mãe, tal como nenhum homem, marido, irmão, namorado, amante, amigo, colega a pode permutar, respeitando-se, todavia, as situações de autêntico amor de Mães e Pais adotivos, Madrastas e Padrastos, que, felizmente, ainda há muitos.
É possível que, entre o ser-se filho e mãe/Pai, exista alguma vacilação quanto a um provável nível “hierárquico” de sentimentos, ou seja: a minha Mãe foi tudo na minha vida; mas o meu filho, também é a minha maior alegria, o meu grande tesouro. Então torna-se difícil posicionar-se entre o amor que sinto pela minha Mãe e o amor que vivencio pelo meu filho.
Claro que não existe qualquer dificuldade, porque são amores, fortíssimos, porém, distintos. A Mãe, por qualquer um destes amores, “in extremis”, seria capaz de dar a própria vida, para os salvar. O mesmo se pode aplicar em relação ao Pai que, tal como a Mãe, tem, igualmente, sentimentos autênticos, indestrutíveis e inquebrantáveis, para todo o sempre.
Mas neste dia consagrado à Mãe, é dela e com ela que devemos conversar, conviver, física e/ou espiritualmente. É verdade que todos os dias são adequados e mais do que isso, dedicados à Mãe, todavia, isso não está em causa. O que aqui se pretende é recordar, nomeadamente, às pessoas mais distraídas, que esta nobre função, única no mundo, de ser Mãe, merece, realmente, um dia especial, de apogeu, de consagração, mas também de meditação sobretudo, quanto de bom ou de errado, fizemos ao longo do ano, em relação à nossa Mãe.
Numa sociedade complexa, acelerada, um tanto ou quanto, materialmente egoísta, não é fácil ser-se Mãe, não enquanto fêmea procriadora, mas outro sim, Mãe na verdadeira aceção dos seus sentimentos e responsabilidades. Mãe em todas as dimensões que ao ser humano competem.
Atualmente, primeiro quarto do século XXI, é impossível ignorar e não valorizar o papel da mulher, que, nas suas múltiplas funções de: filha, esposa, Mãe, avó, trabalhadora em vários domínios – numa profissão fora do lar; nas lides de casa -, colega, dirigente de uma qualquer organização, empresária, investida em funções sociais, políticas, judiciais, religiosas, académicas, entre muitas outras, de tudo dando boa conta, com inexcedível competência.
Enaltecer o papel da “Mulher-Mãe”: constitui um ato de justiça da sociedade no seu todo; mas também o reconhecimento da sua importância, num mundo extremamente difícil, repleto de problemas, da mais diferente e imprevisível natureza; conceder às Mães, a todas as Mães do mundo, as condições éticas, morais e materiais para que elas possam exercer, plenamente, esta notável e sublime missão, é uma obrigação de todos os Governos, das empresas, da família.
É a partir da intervenção sensata, amorosa e benevolente da Mãe, no seio da família, que se fomenta a educação e formação das mulheres e dos homens do futuro, naturalmente, em consonância com o Pai, porque ambos são os principais pilares que, inicialmente, nos protegem das vicissitudes da vida, que nos orientam para objetivos verdadeiramente humanistas, também materiais e espirituais.
Mãe, palavra morfologicamente tão pequenina, contudo, simbolicamente grandiosa. Ela, a palavra Mãe, comporta, em cada letra, um significado profundo que muito dificilmente, algum outro animal consegue igualar: “M” de maternidade, uma dimensão maravilhosa, que a maioria das mulheres espera e deseja realizar; “A” de amor, sentimento que, tanto quanto se julga saber, não existe em nenhum outro ser vivo, tão intensa quanto conscientemente, embora se aceite que poderá haver noutros animais, que serão, eventualmente de proteção das suas crias, ou algo do género; “E” de energia vital, inata, para enfrentar todos os obstáculos da vida e vencê-los em benefício dos seus filhos.
Curiosa é a posição da letra “A” que, tanto na palavra Mãe como na de Pai, ambas, igualmente com três letras, mas em que o “A” de amor, fica sempre no meio, porque não devemos ter dúvidas, até prova em contrário, que tanto a Mãe como o Pai, são fontes de amor genuíno, não interessando agora as infelizes exceções de algumas mães e muitos pais.
Certamente que em vista das leis positivas, há deveres e direitos das Mães e Pais para com os filhos, como, igualmente, destes para com os seus progenitores, mas no que respeita, aos sentimentos mais profundos de uma Mãe, pelos seus filhos, nenhuma lei humana estipula quais os limites, a sua natureza, a intensidade e a dádiva com que eles são vivenciados, porque a Mãe tem a noção de quanto representam, e o que significam os seus filhos, quase sempre fruto do amor que a levou a entregar-se ao homem amado, Pai dos seus filhos.
A Mãe, também na sua dimensão de esposa, tem o direito de ser amada, incondicionalmente, pelo seu companheiro, Pai dos seus filhos que ela gerou no mais íntimo do seu corpo: durante longos, por vezes dolorosos, meses; outras vezes com inefável amor, prazer e alegria, porque se trata de uma nova vida, inocente, indefesa, porém, amada, desde o momento da conceção. É indiscutível que: «As mães são o antídoto mais forte para a propagação do individualismo egoísta. “Indivíduo” quer dizer que não se pode dividir”. S mães, em vez disso, “dividem-se” quando hospedam um filho para dá-lo ao mundo e fazê-lo crescer.» (Catequese, 2015, in: FRANCISCO, 2016:99)
Neste “Dia da Mãe”, todos nós, mulheres e homens, temos a obrigação de louvar a nossa Mãe, a nossa esposa e/ou marido, porque é nesta bidimensionalidade e conjugação física, espiritual e sentimental de atos íntimos que o ser humano, desejável e conscientemente, produz: o milagre da vida; o rejuvenescimento da humanidade; e a educação de crianças e jovens para um mundo bem melhor. A Mãe, tal como o Pai, estão no centro deste milagre da vida. Um beijo à minha Mãe, com saudade eterna.

Bibliografia.

PAPA FRANCISCO (2016). Todos os Dias com Francisco. Prefácio, Padre Vitor Melícias. Selecção e Organização, Helder Guégués. Lisboa: Guerra & Paz, Clube do Livro.

 

Venade/Caminha – Portugal, 2022
Por Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG

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