Lula encontrou com o “amigo” Marcelo Rebelo de Sousa em Brasília

Arquivo. Foto Ricardo Stuckert

Mundo Lusíada com agencias

Neste dia 2, em seu primeiro dia de trabalho, o presidente brasileiro Lula teve uma série de reuniões bilaterais, como com o rei da Espanha, Filipe VI; e os presidentes da Colômbia (Gustavo Petro), do Equador (Guillermo Lasso), do Chile (Gabriel Boric), de Angola (João Lourenço), do Timor Leste (José Ramos-Horta), e também o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo.

Após o encontro, Lula comentou: “Encontrei-me hoje novamente com meu amigo Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal. Fiquei feliz de poder retribuir a hospitalidade que ele teve comigo quando visitei Lisboa como presidente eleito em novembro” citou o presidente brasileiro.

O chefe de Estado português qualificou hoje o seu encontro como “fraternal, muito rápido, mas muito eficaz” e considerou que abriu “portas para vários encontros no futuro próximo”. “Foi um encontro fraternal, muito rápido, mas muito eficaz. É assim, com a família é assim. Pelo menos comigo e com o Presidente Lula, não precisamos de muito tempo, tratamos as questões, que é uma dúzia, uma dezena fundamental de questões que tratámos”, afirmou Marcelo à agencia Lusa.

Marcelo Rebelo já confirmou que Lula estará em Lisboa no próximo mês de abril para uma cimeira luso-brasileira. Além deste assunto, e também da entrega do Prêmio Camões, também foi abordado a cooperação no plano econômico empresarial. “E terceiro ponto, no plano daquilo que é hoje presente e será cada vez mais no futuro, do digital à energia”, acrescentou.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, falou-se também de “outros níveis de cooperação política, diplomática” e do que “será a posição do Brasil em organizações internacionais onde também está Portugal”.

Os encontros com delegações estrangeiros, que ocorreu no Itamaraty, teve pelo menos quatro horas de atraso, devido a agenda intensa de encontros bilaterais, neste dia seguinte à posse.

Portugal na posse

Mais cedo, o chefe de Estado português realçou a importância dada a Portugal pela administração brasileira na sessão de cumprimentos na posse presidencial. No Congresso dos deputados o primeiro país a ser colocado a cumprimentar o Presidente empossado foi Portugal.

Interrogado pelos jornalistas sobre esse destaque dado a Portugal, o chefe de Estado respondeu: “Eu acho que se deve a duas razões, uma formal, outra substancial. Formal: Portugal foi o primeiro país a felicitar Lula da Silva aquando da vitória”.

“Substancial: eu penso que há compreensão da importância de Portugal em vários dos domínios de que falou. Por exemplo, na União Europeia, é uma prioridade obviamente o tentar avançar com o dossiê União Europeia/Mercosul – Portugal é importante nisso”, acrescentou à agencia Lusa.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “Portugal é importante pelo simples fato de haver um português secretário-geral das Nações Unidas”, e também “pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)”.

“Portugal é importante porque, ao longo do tempo, Lula foi conhecendo muito bem Portugal, conhece Portugal, e conheceu em fases diferentes da sua vida, e quem passou por fases diferentes, no poder e na oposição, sabe de uma constância fundamental da posição portuguesa no mundo”, sustentou.

O chefe de Estado português assinalou que “nos cinco primeiros países a cumprimentar o Presidente Lula” houve “três da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) – além de Portugal, em primeiro lugar, Timor-Leste em terceiro, Cabo Verde em quarto”.

Internacional

Em declarações aos jornalistas, num hotel de Brasília, Marcelo Rebelo de Sousa ainda comentou os dois discursos de Lula da Silva, nos quais viu “sinais de novidade”.

No seu entender, em termos de política externa, a mensagem de Lula “tem muito de novo, porque é uma visão multilateral do Brasil, é uma visão de intervenção no mundo, é uma visão não defensiva, mas ofensiva no bom sentido do termo, de protagonismo internacional”.

“Tudo analisado, são sinais, para quem vê de fora e tem a experiência de duas posses em dois mandatos diferentes, tem o significado de uma visão muito diversa, se quiserem muito contrastante [com a administração anterior]”, considerou Marcelo Rebelo de Sousa.

“Nessa medida, o que o Presidente Steinmeier alemão diz é aquilo que qualquer dos chefes de Estado ali presentes poderia dizer – confirmando, aliás, as expectativas que havia em relação ao Presidente Lula”, sustentou.

Marcelo Rebelo de Sousa referia-se à afirmação do Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, de que com a posse de Lula se abriu uma “nova era política” no Brasil.

O Presidente português realçou que Lula falou no “regresso a organizações latino-americanas” e em “aposta em matéria ambiental” e que destacou “os Estados Unidos da América e China”.

“Não seria de estranhar que Argentina, Estados Unidos e China sejam possíveis destinos privilegiados na intervenção diplomática do Presidente Lula nesta fase intensa de vida internacional”, disse à Lusa.

No último evento da cerimônia de posse no domingo, aconteceu um coquetel no palácio do Itamaraty. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou por volta das nove da noite, acompanhado da primeira dama, e se reuniu com diversas autoridades e chefes de Estado, como a delegação portuguesa.

Entre os organismos internacionais, ainda participaram da cerimônia de posse representantes dos Países de Língua Portuguesa, Associação Latino-Americana de Integração, Banco Interamericano de Desenvolvimento e Organização do Tratado de Cooperação Amazônica.

Após participar dos eventos em Brasília, o presidente português concluiu a visita ao Brasil, informou a Embaixada.

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