Livro sobre a Educação Imigrante em Santos é lançado no Museu do Café

Da Redação

Com ampla experiência na área de educação, a professora Flaviana de Assis lança, na noite desta sexta-feira (18), o livro ‘Educação Imigrante em Santos – Práticas educacionais em uma cidade portuária’, (298 p, editora Annablume).

A sessão de autógrafos acontece a partir das 18h30, no Museu do Café (Rua XV de Novembro, 95 – Centro Histórico de Santos).
Trata-se da dissertação de mestrado da autora, pela USP, apresentando o período de imigração para o Brasil via Porto de Santos, entre 1890 e 1925.

A abordagem, até então inédita, fala sobre a educação para os estrangeiros adultos recém-chegados, explanando o importante período da História da Educação do País e da Cidade de Santos.

A pesquisa apresentada consiste no mapeamento da educação destinada ao trabalhador imigrante em Santos. “Ao longo das últimas décadas, publicações narraram sob diversos olhares as lutas sindicais, palco da memória trabalhadora na cidade de Santos. Empresas como a Companhia Docas e São Paulo Railway Company estiveram à frente das obras que facilitaram o acesso e a exportação do café. Em decorrência deste processo, chegaram em terras brasileiras milhares de imigrantes europeus, sobretudo aqueles provenientes da Espanha, Portugal e Itália”, detalha.

Flaviana acrescenta que os de nacionalidade italiana, em sua grande maioria, seguiram em direção às lavouras cafeeiras com o sonho da terra própria, enquanto portugueses e espanhóis fixaram moradia em Santos. “Esse crescimento repentino, com uma grande movimentação populacional, acarretou uma miscigenação cultural”.

Foram entrevistadas pessoas vinculadas a associações e sindicatos de modo a compreender por meio da história oral o funcionamento e a atuação dessas entidades.

Também foram consultados fundos documentais públicos e privados, para circunscrever a trajetória da educação, sob todos os aspectos a que ela se vincula, inclusive àqueles que estão além dos muros da escola enquanto estrutura física.

Por fim, o diálogo com a imprensa da Cidade, pioneira na propagação de informações dos mais diferentes aspectos, possibilitou compreender como o trabalhador se preparava para uma das práticas mais contestatórias da educação: a atividade in loco, a greve.

Entre as formações de Flaviana estão doutorado em Ciência Sociais e Humanas pela UFABC, em andamento; especialização em História e Cultura no Brasil Contemporâneo pela Universidade Federal de Juiz de Fora e mestrado em Ciências Humanas, com habilitação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades, pelo Núcleo de Pesquisa Diversitas/FFLCH/USP, além da graduação em pedagogia pela Fundação Lusíada (Santos).

Esta iniciativa contempla o item 4 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Educação de Qualidade.

Resumo

Ao longo das últimas décadas publicações narraram sob diversos olhares as lutas sindicais, palco da memória trabalhadora na cidade de Santos. Empresas como Companhia Docas e São Paulo Railway Company estiveram à frente das obras que facilitaram o acesso e à exportação do café. Em decorrência deste processo, chegaram em terras brasileiras milhares de imigrantes europeus, sobretudo àqueles provenientes da Espanha, Portugal e Itália. Os de nacionalidade italiana, em sua grande maioria, seguiram em direção às lavouras cafeeiras com o sonho da terra própria. Muitos portugueses e espanhóis fixaram moradia na cidade de Santos. O crescimento da cidade e a movimentação populacional acarretou o que chamamos de miscigenação cultural. Em decorrência da cultura operária europeia, ideais libertários foram fortemente propagados na cidade, terreno fértil para a disseminação de um novo modo de vida e visão política. Surgem então, sociedades e associações de auxílio mútuo que de forma organizada produzem acesso à educação, auxílio e luta por melhores condições de trabalho e moradia. A pesquisa apresentada consiste no mapeamento da educação destinada ao trabalhador imigrante na cidade de Santos. Foram entrevistadas pessoas que estão vinculadas às associações e sindicato de modo a compreender por meio da história oral o funcionamento e a atuação dessas entidades. Também foram pesquisados fundos documentais públicos e privados, para que pudéssemos circunscrever a trajetória da educação, sob todos aspectos que ela se vincula, inclusive àqueles que estão além dos muros da escola enquanto estrutura física. Por fim, o diálogo com a imprensa da cidade, que foi pioneira na propagação de informações dos mais diferentes aspetos, possibilitou-nos compreender como o trabalhador se preparava para uma das práticas mais contestatórias da educação: a atividade in loco, a greve.

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