Literatura de países lusófonos é destaque na Flip 2017 em Paraty

Da Redação

Em evento realizado no Consulado Geral de Portugal em São Paulo, em 5 de maio, a Flip, com apoio da EDP, anunciou a presença lusófona em sua 15ª edição. A jovem romancista Djaimilia Pereira de Almeida e o rapper e ativista Luaty Beirão,ambos nascidos em Angola, estão confirmados no evento, que acontece entre os dias 26 e 30 de julho, em Paraty. Aos dois autores somam-se Pilar del Río, jornalista e tradutora que preside a Fundação José Saramago, e Frederico Lourenço, já anunciado, ensaísta e tradutor de clássicos gregos como Ilíada e Odisseia, à frente do grande projeto de trazer para a língua portuguesa a Bíblia grega. Novidade desta Flip 2017, a Casa Amado e Saramago instala-se em Paraty com programação própria.

A iniciativa de apoiar a Flip 2017 é uma continuidade dos investimentos recentes que a EDP vem realizando para fomentar a cultura lusófona, iniciados no ano passado quando a Empresa se tornou patrocinadora Máster da reconstrução do Museu da Língua Portuguesa. “Para a EDP, como maior investidor de origem portuguesa no Brasil, é uma satisfação poder auxiliar na preservação da nossa língua que é um símbolo da união entre os dois países e um dos elos mais fortes que une as culturas brasileira e lusitana. A língua portuguesa criou no espaço da lusofonia uma forma idêntica de pensar, por isso Brasil e Portugal são países tão próximos”, afirma o diretor presidente da EDP Brasil, Miguel Setas.

Djaimilia Pereira de Almeida

Djaimilia Pereira de Almeida surpreendeu o circuito literário lusófono com seu romance de estreia, Esse cabelo, que será lançado pela editora Leya durante a Flip. A partir da relação de uma garota negra com seu cabelo, o livro combina ficção, ensaio e memorialismo em uma discussão sobre cultura, identidade e pertencimento. Nascida em Luanda, em 1982, de família metade portuguesa, metade angolana, mudou-se aos três anos para Lisboa, onde vive. Estudou estudos portugueses na Universidade Nova de Lisboa e teoria da literatura na Universidade de Lisboa. Em 2013, foi uma das vencedoras do prêmio de ensaísmo da revista serrote (Instituto Moreira Salles). Tem uma coluna permanente na revista Pessoa.

Luaty Beirão

Letrista, musicista e ativista político, Luaty Beirão chega ao Brasil junto com seu livro Sou eu então mais livre, então, pela Tinta-da-China, escrito durante os dias que passou como preso político numa prisão em Angola, seu país natal. Em junho de 2015, ele foi detido, junto com outros 16 ativistas, porque liam livros proibidos. Foram acusados de preparar um suposto golpe para tirar do poder José Eduardo dos Santos, presidente em exercício do país há 37 anos. Uma greve de fome iniciada por Luaty ganhou manchetes no mundo inteiro e chamou a atenção de diversas organizações de defesa dos direitos humanos. Condenados a penas de até oito anos, eles foram liberados em junho de 2016, em liberdade condicional. Luaty também lançará no Brasil, pelo selo Demônio Negro, Kanguei no Maiki – a expressão, típica do linguajar da juventude angolana, quer dizer “peguei o microfone”. O livro traz uma coletânea com letras que o autor, assinando como Ikonoklasta, compõe desde 1994.

Pilar del Río

À frente da Fundação José Saramago, Pilar del Río se destaca com sua atuação em projetos ligados à lusofonia, como o prêmio José Saramago, que revela novos autores de língua portuguesa. Nascida em Sevilha em 1950, foi ativa jornalista na Espanha até conhecer José Saramago, com quem se casou em 1988. Traduziu seus livros para a língua espanhola. Após a morte do marido, requereu a nacionalidade portuguesa e assumiu a linha de frente de diversos projetos a partir da fundação que zela por sua memória, pela cultura de Portugal e pela defesa dos direitos humanos.

Frederico Lourenço

Nascido em Lisboa em 1963, Frederico Lourenço dá aula de estudos clássicos, grego e literatura grega na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde é professor associado. O primeiro volume de sua tradução da Bíblia grega sai agora pela Companhia das Letras, e durante a Flip a Oficina Raquel lança O livro aberto, de ensaios.

Além dos clássicos de Homero, traduziu duas tragédias de Eurípides, Hipólito e Íon. Além dos ensaios e traduções, é também romancista. O de estreia é Pode um desejo imenso (2002), volume inicial da trilogia de mesmo nome, que inclui O curso das estrelas (2002) e À beira do muro (2003). De seu trabalho de não ficção, destacam-se ainda dois livros autobiográficos: Amar não acaba (2004) e A máquina do Arcanjo (2006).

Casa Amado e Saramago

Celebrando dez anos de vida, a Fundação José Saramago, com apoio do Ministério da Cultura de Portugal e em parceria com a Fundação Casa de Jorge Amado, irá oferecer uma programação paralela durante os dias da Flip. Entre as atividades oferecidas pela casa estão o lançamento de um livro inédito, ainda sem título, que reúne correspondências trocadas por Jorge Amado e José Saramago, uma exposição de fotografias dos dois autores e outra de xilogravuras que J. Borges fez para o livro O lagarto, de Saramago. A programa principal da Flip ainda terá a participação de Pilar del Río, presidenta da Fundação Saramago.

Curadoria

“A presença lusófona na Flip inclui autores novos e com grande frescor, Djaimilia Pereira de Almeida e Luaty Beirão, que ainda não são conhecidos no Brasil e serão apresentados em Paraty, e um outro que é já referência nos estudos clássicos, Frederico Lourenço, cultuado por estudantes de letras e tradutores pela sua excelência”, diz Joselia Aguiar, curadora da 15ª edição da Flip. “Temos ainda Pilar del Río, articulando a Casa Amado e Saramago, que será sem dúvida um dos grandes destaques, por sua liderança vigorosa e contagiante à frente de uma instituição cultural da lusofonia.”

 

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