Linha de crédito vai ajudar portugueses a empreender em Portugal

Por Ígor Lopes
Para Mundo Lusíada

Empresários portugueses e lusovenezuelanos que decidam deixar a Venezuela e investir em Portugal contam agora com uma linha de crédito disponibilizada por entidades financeiras portuguesas com o apoio do governo central. A novidade foi avançada pelo Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, durante o terceiro Encontro de Investidores da Diáspora entre os dias 13 e 15 de dezembro, no Pavilhão de Feiras e Exposições de Penafiel.

A iniciativa “Linha Regressar Venezuela” visa “apoiar a concretização de projetos empresariais promovidos por Empresários Regressados da Venezuela (ERV)” e é “destinada, preferencialmente, à pequenas e médias empresas (PME) localizadas em Portugal, cujo capital social seja maioritariamente de ERV”.

Segundo Beatriz Freitas, presidente da SPGM, entidade portuguesa coordenadora da Garantia Mútua, no total, o governo português disponibilizou um montante de 50 milhões de euros para essa linha de crédito, que poderão ser utilizados para a aquisição de partes sociais de empresas existentes, aquisição de imóveis, novos investimentos, compra e requalificação de terrenos e imóveis destinados às atividades produtivas da empresa, utilização como fundo de maneio e investimento ou aquisição de participações sociais.

Ainda segundo essa responsável, o pedido de crédito, que chega a um milhão de euros por empresa, sendo 500 mil euros por empresário retornado da Venezuela, poderá ser pago em até oito anos e conta com carência de 24 meses. Dados financeiros mencionam que existe uma garantia mútua de até 75% do capital em dívida, com spread máximo de 3,25 em modalidade fixa ou variável. Contudo, os juros ficam a cargo do beneficiário.

José Luís Carneiro sublinhou que a linha de crédito serve para que os ERV possam empreender e investir em Portugal, com garantias dadas por um conjunto vasto de entidades, incluindo oito instituições financeiras portuguesas, devido às condições sociais e econômicas pelas quais passa o país liderado por Nicolas Maduro.

O governante reforçou que a criação dessa ajuda financeira em formato de crédito faz parte de um plano de três pontos que contempla também um apoio de arrendamento na ilha da Madeira na ordem dos seis milhões de euros, com mais um milhão de euros para renda apoiada no arquipélago, bem como uma oferta de cerca de 20 mil postos de trabalho disponíveis para cidadãos que queiram ir da Venezuela para Portugal.

Durante o encontro, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, comentou sobre a importância dos portugueses na América Latina, informando que, somente na Venezuela, existem cerca de 400 mil cidadãos lusovenezuelanos.

Projeto pode promover mudanças

Em declarações à nossa reportagem, Leonel Moníz da Silva, conselheiro das Comunidades Portuguesas pela Venezuela Centro-Ocidente, disse aprovar essa iniciativa do governo português e comentou que essa linha de crédito vai ajudar “os portugueses que decidam empreender em Portugal”.

Conversamos também com empresários lusovenezuelanos presentes no evento em Penafiel que se mostraram satisfeitos com o anúncio da linha de crédito, mas que disseram que precisam ainda “ter acesso a mais detalhes” para decidirem se é vantajoso empreender em solo português.

Há algumas semana entrevistamos lusovenezuelanos que ainda vivem na América do Sul. Esses cidadãos divulgaram que muitos luso-descendentes preferem “migrar para Madrid ou Barcelona, uma vez que nunca estudaram a língua portuguesa e que, por terem sido alfabetizados em espanhol, as chances de integração e de melhores empregos é maior na Espanha”.

Novas ações

Em Penafiel, José Carneiro revelou ainda que, em breve, irá se deslocar a alguns países, sem dizer quais, juntamente com o ministro da Economia português, para apresentar, “na plenitude”, um programa de regresso a Portugal “que vai ter várias medidas, não apenas fiscais, mas também de apoio ao investimento e à segurança social, aos custos de viagem e instalação e medidas ligadas à recuperação habitacional”.

Nessa oportunidade, o Secretário de Estado deixou escapar que o Brasil será um dos destinos onde vai “concentrar esse esforço”.

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