Mundo Lusíada com Lusa
A linha de alta velocidade Lisboa-Porto vai permitir “triplicar” a oferta, disponibilizando 60 serviços diárias, assim como a procura, estimando a Infraestruturas de Portugal (IP) que o número de passageiros passe de seis para 16 milhões.
“A nossa expectativa é que passemos a ter 60 serviços na linha de alta velocidade”, afirmou Carlos Fernandes, do Conselho de Administração da Infraestruturas de Portugal (IP).
De acordo com o responsável, dos 60 serviços diários na linha de alta velocidade, 17 serão diretos, nove vão ter paragens em estações intermédias e 34 serão serviços mistos, isto é, serviços que usam, em parte, a linha de alta velocidade e noutra a linha convencional.
Aos 60 serviços diários, acrescem os 17 serviços da rede convencional intercidades, fixando a oferta em “cerca de 77 serviços por dia que comparam bem com os 25 serviços que atualmente circulam na linha do Norte”.
“Esperamos triplicar a oferta na rede no eixo entre Lisboa e Porto e a procura irá reagir bem a este tipo de oferta, uma vez que esperamos também triplicar a procura”, destacou Carlos Fernandes, notando que o número de passageiros se fixa, atualmente, nos seis milhões nos vários serviços ferroviários.
“Esperamos no futuro manter na linha do Norte quase seis milhões de passageiros e crescer no conjunto com alta velocidade para 16 milhões de passageiros com a inauguração da segunda fase [do projeto]”, acrescentou.
A nova linha de alta velocidade Porto-Lisboa, que pretende ligar as duas principais cidades do país em apenas uma hora e 15 minutos no serviço direto, não terá paragens e será construída em três fases.
A primeira fase, o troço entre Porto e Soure, prevista concluir até 2028, tem o tempo de percurso estimado de uma hora e 59 minutos.
O segundo troço, entre Soure e Carregado, que deve estar concluído até 2030, e deverá diminuir o tempo de percurso para uma hora e 19 minutos.
A terceira fase, entre Carregado e Lisboa, “será construída mais tarde” e permitirá atingir a duração final de uma hora e 15 minutos de toda a ligação.
Quanto ao plano de concretização dos projetos de alta velocidade, Carlos Fernandes adiantou que os objetivos passam por “finalizar os estudos prévios e de impacto ambiental” e “fechar” os documentos para lançar os concursos públicos.
Os estudos prévios e o Estudo de Impacto Ambiental relativos ao primeiro troço serão submetidos à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) “até ao final de outubro” e os documentos relacionados com o segundo troço “até ao final de novembro”.
“Com estas entregas nestes prazos, esperamos ter as declarações de Impacte Ambiental até ao final do primeiro semestre do próximo ano”, disse, lembrando que estes instrumentos são fundamentais para o lançamento dos concursos públicos.
Avançar sem sobressaltos
O primeiro-ministro afirmou hoje que Portugal tem “condições financeiras” para assumir o projeto da alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo “com tranquilidade” e sem “sobressaltos que o ponham em causa”, sublinhando que reuniu uma “larguíssima maioria”.
“O país tem hoje condições financeiras para poder assumir este projeto com a tranquilidade” que não haverá “sobressaltos que o ponham em causa”, declarou o primeiro-ministro, António Costa.
O governante, que manhã marcou presença de manhã no terminal ferroviário de Campanhã, no Porto, para a apresentação do projeto de alta velocidade para ligação de Lisboa ao Porto e Porto a Vigo (Espanha), salientou que infraestruturas como esta “transcendem qualquer maioria”.
“Os grandes projetos estruturantes, a rodovia, ferrovia e aeroportuária têm de ser objeto de grande consenso nacional, validados na Assembleia da República e ter, pelo menos, o apoio de dois terços”, disse, sublinhando que o projeto reuniu uma “larguíssima maioria” na AR.
Antes, o presidente da IP, Miguel Cruz, recordou que este projeto está incluído no investimento global de 43 mil milhões de euros a realizar até ao final da década na área dos transportes, sendo que 11 mil milhões de euros serão investidos na ferrovia.
Miguel Cruz descreveu os objetivos deste investimento, sublinhando que este está enquadrado nos objetivos de diminuição do impacto ecológico, pretendendo-se “contribuir para a descarbonização do setor dos transportes”.
Estações integradas
A nova linha de alta velocidade Porto-Lisboa, que pretende ligar as duas principais cidades do país em apenas uma hora e 15 minutos no serviço direto, não terá paragens, após construída em três fases.
“Esta linha estará totalmente integrada com o resto da rede ferroviária nacional. As cidades [do Porto e de Lisboa] serão servidas nas estações centrais”, disse Carlos Fernandes.
Na apresentação esta manhã em Campanhã, no Porto, Carlos Fernandes avançou que a nova linha de alta velocidade terá via dupla e ligará o Porto e Lisboa numa hora e 15 minutos.
Carlos Fernandes garantiu, ainda, que estão previstas “múltiplas ligações” entre a linha de alta velocidade e o resto da rede ferroviária.
Quanto às estações centrais – em Lisboa e no Porto – Carlos Fernandes disse que estas serão servidas “sem ter de construir novos troços” porque “os comboios poderão usar ou a Linha do Norte ou a Linha do Oeste e servir as estações sem necessidade de novas construções”.
“Isto não será um eixo autónomo, um eixo independente, será um eixo totalmente integrado na rede ferroviária nacional”, referiu.
O responsável apontou como “grande benefício” da integração da linha de alta velocidade na linha ferroviária nacional “permitir que a construção desta nova linha se estenda ao resto do país”.
“Os benefícios não vão ficar limitados a Lisboa e Porto, ou às cidades intermédias, os benefícios vão-se estender”, frisou, dando exemplos de ganhos em tempos de ligação em cidades como Figueira da Foz, Guarda ou Santarém, bem como Braga ou Guimarães.
Em Campanhã, no Porto, a estação ficará preparada para esta nova linha, bem como para ligações a Norte, incluindo Vigo, e preparada para uma ligação “a construir no futuro” de ligação ao aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Carlos Fernandes disse que a IP está a trabalhar em parceria com a Câmara do Porto para desenvolver um projeto que integre a “nova” estação de Campanhã na cidade.
Já em Vila Nova de Gaia, este projeto implica a construção de uma nova estação, infraestrutura essa que “foi estudada com o Município” e que ficará no cruzamento de duas linhas de metro (linhas amarela e Rubi) em Santo Ovídio.
“Um passageiro que chegue no comboio de alta velocidade poderá, imediatamente, apanhar o metro”, disse Carlos Fernandes, garantindo que também neste caso a solução está articulada com a empresa Metro do Porto.
Em causa está uma estação para servir a área ocidental do Porto e de acesso à alta velocidade a toda a zona Sul do Porto.
Quanto à estação de Aveiro, a IP acredita que será a que necessita de “menor intervenção” por ser uma estação “relativamente recente” localizada no centro da cidade, tendo de intervir “apenas nas plataformas”.
“Na estação de Coimbra temos mais trabalho a fazer. É uma estação onde a intervenção tem vindo a ser adiada, mas é também onde o projeto está mais adiantado. Está tudo integrado com o sistema de mobilidade do Mondego. A partir de Coimbra, no futuro, será possível alcançar mais de 150 destinos por comboio”, acrescentou.
Carlos Fernandes apontou que no âmbito deste projeto a Linha do Norte a Sul de Coimbra será “quadruplicada”.
Na apresentação de hoje, que juntou técnicos, governantes e autarcas, foram ainda apresentados projetos para outras estações e ligações, nomeadamente em Leiria e em Lisboa, local onde será construído um terminal técnico e ampliada a estação do Oriente.
“Iremos construir três novas linhas no lado de terra para acomodar o tráfego de alta velocidade. O terminal técnico será construído a jusante desta estação. O projeto está articulado com uma eventual futura terceira travessia do [rio] Tejo, caso venha a ser construída”, concluiu.