Líder do Chega quer reverter Lei da Nacionalidade e extinção do SEF

Mundo Lusíada com Lusa

O presidente do Chega, André Ventura, anunciou no dia 14 que quer, na próxima legislatura, reverter a Lei da Nacionalidade e também a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

“Se vencermos as eleições, o Chega vai reverter a extinção do SEF levada a cabo pelo PS”, afirmou. André Ventura deixou esta garantia no discurso de encerramento da 6.ª Convenção Nacional do Chega, em Viana do Castelo.

“E vamos reverter esta Lei da Nacionalidade para que ninguém possa entrar, estar ou ser português sem saber falar a língua e conhecer a cultura portuguesa”, afirmou também.

No que toca à imigração, André Ventura defendeu ser necessário “regular alguma imigração”. “Não podemos deixar entrar todos e de qualquer maneira”, sustentou, considerando que Portugal só deve acolher aqueles que tornem o país mais rico e não mais pobre.

Falando também nos portugueses pelo mundo, afirmou que os emigrantes “foram para lá trabalhar, pagar impostos, nunca quiseram mudar os outros países”.

Num discurso de 50 minutos, foi identificando algumas das propostas do partido para as eleições legislativas que se disputam dentro de dois meses, em 10 de março.

André Ventura acusou o PS de “espezinhar, melindrar e humilhar propositadamente” as forças de segurança e voltou a comprometer-se em “equiparar os suplementos da PSP, GNR e guardas prisionais “ao que foi justamente atribuído à Polícia Judiciária”.

Voltando a falar na proposta de equiparar as pensões mais baixas ao salário mínimo nacional até 2030, recusando tratar-se de “uma promessa impossível”.

“Se cortarmos na ideologia de gênero […], de cortarmos em fundações e observatórios quase todos com o cartão do PS, se cortarmos nas subvenções vitalícias dos políticos, se cortarmos no excesso de cargos políticos, nos 20 mil milhões que a corrupção tira todos os anos, então sim, será possível que não haja um único idoso com uma pensão abaixo do salário mínimo em Portugal”, sustentou.

Na habitação, Ventura voltou a defender que os “lucros excessivos da banca” devem ser canalizados para ajudar as famílias a pagar os créditos à habitação, defendendo ser “tempo de, por uma vez na vida, a banca fazer esse pequeno sacrifício”

Na saúde, o presidente do Chega comprometeu-se a “revitalizar as parcerias público-privadas” e “permitir que público e privado funcionem em harmonia”.

“Vamos estabelecer regras vinculativas e não a palhaçada que há hoje” no que toca ao não cumprimento dos tempos máximos para consultas e cirurgias, assinalando que “alguns esperam anos para poder ter uma consulta e alguns morrem sem a cirurgia que precisavam”.

E propôs que “quando o Estado não conseguir cumprir o tempo máximo, que o faça o privado ou o social e nós pagaremos”.

IL

Para o presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, os dados que revelam que 30% dos jovens que nasceram em Portugal emigraram mostram a necessidade de transformar o país, que diz estar bloqueado e estagnado.

“Eu creio que esta estatística, se dúvidas houvesse, diz bem da necessidade que nós temos de transformar o país a partir de 10 de março. Nós não podemos continuar com um país bloqueado, um país estagnado em que sistematicamente temos um em cada três jovens a sair de Portugal”, disse Rui Rocha, que falava em Vila Real, antes de um encontro com jovens da Youth Academy.

Segundo uma estimativa do Observatório da Emigração, mais de 850 mil jovens que têm hoje entre 15 e 39 anos deixaram Portugal e residem atualmente no exterior.

O líder da IL referiu ainda que, de acordo com os mesmos dados, “60% dos que regressaram admitem voltar a sair” do país.

“Portanto isto é o exemplo final, o exemplo definitivo, de como não estamos a gerar oportunidades para os jovens em Portugal”, salientou.

BE

Já a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, considerou que o maior problema de Portugal é ser um país que está obrigar os jovens à emigração, afirmando que tal se deve aos baixos salários.

“É ótimo que quem queira sair, conhecer o mundo, ter outras experiências o possa fazer. Mas há uma diferença entre sair e ser expulso. Um país que expulsa as gerações mais jovens é um país que está a desistir do futuro. Este é o maior problema de Portugal”, declarou Mariana Mortágua.

Em Santo Tirso, Porto, Mariana Mortágua disse que são “mais de 70 mil” portugueses que saem a cada ano, em todos os anos deste século e que “Portugal tem a taxa de emigração mais alta da Europa e uma das mais altas do mundo”.

Perante cerca de 150 apoiantes que participaram no almoço, Mariana Mortágua afirmou que a razão para os jovens estarem a emigrar são os baixos salários.

“Não há nenhum mistério nas causas da emigração. E não vale a pena inventar desculpas. o problema dos salários baixos não é o IRS, é o facto dos salários serem baixos, apesar do esforço, apesar das qualificações e da vontade. O salário não paga a casa nem as contas, e não há nenhuma esperança que daqui a três anos seja diferente, enquanto as carreiras continuarem a ser uma coisa do passado”.

A coordenadora do Bloco de Esquerda observou que a sua geração, bem como outras gerações anteriores e outras posteriores, não quiseram emigrar, nem ceder. Contudo, a “crise atrás de crise” vem demonstrar que aos 40 e 50 anos existe a mesma instabilidade que se sentia aos 20 anos de idade.

“Olhem para quem tem hoje 30, 40 anos. Foi a crise financeira, foi a pandemia, foi a inflação, é a conjuntura externa. Há sempre uma desculpa para os salários baixos, o contrato precário, os horários impossíveis. Há sempre o “agora não pode ser”, que a economia não aguenta melhores salários, que a produtividade não aumenta, que Portugal é um país pobre”, disse, advertindo que “Portugal é um país pobre porque paga salários pobres”.

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