Por António Justo
Repórteres Sem Fronteiras (RSF) acaba de publicar (24.04) a lista sobre o estado da liberdade de imprensa no mundo; baseia-se na comparação da situação de jornalistas e meios de comunicação social em 180 países.
Os países mais respeitadores da liberdade de imprensa são a Noruega (número 1 na lista), a Suécia Lugar 2) os Países Baixos (3) e a Finlândia (4) … Os últimos são: Turquemenistão (178), Eritreia (179) e Coreia do Norte (180).
Portugal ocupa na lista o lugar 14, Alemanha 15, Cabo verde 29, Espanha 31, França 33, Reino Unido 40, USA 45, Itália 46, Polónia 58, Malta 65, Croácia 69, Grécia 74, Guiné-Bissau 83, Israel 87, Timor Leste 95, Moçambique 99, Brasil 102, Angola 121, Rússia 148, Turquia 157, Arábia Saudita 169, Cuba 172, China 176.
Jornalistas comprovadamente presos devido à sua atividade profissional: a Turquia tem 35 jornalistas presos, o Egipto 27, a China 15, a Síria 7, a Rússia 5, o Irão 4, a Arábia Saudita 4, Ucrânia 2, etc. A Turquia é o país que mais jornalistas tem na cadeia. Para o regime turco, jornalistas críticos são apelidados de “traidores” e “terroristas”.
Entre os 14 jornalistas assassinados contam-se 3 na Índia, 2 na Palestina, 1 no Brasil.
A base do ranking é um questionário com 52 perguntas sobre todos os aspectos do trabalho jornalístico independente, bem como o número de ataques, atos de violência e prisões contra jornalistas. Informações detalhadas sobre a metodologia da classificação apresentada: http://ogy.de/8g0o
A democracia vive da crítica, mas, concretamente, na Europa, o clima social encontra-se cada vez mais intoxicado, assistindo-se a um jornalismo emocional crescente, devido à polarização dos interesses de uma classe detentora do poder resultante da marcha institucional da revolução cultural de 1968 e a uma crescente revolta popular a que aqueles apelidam de populismo. Uns e outros servem-se da imprensa para se difamarem mutuamente. A informação torna-se, por vezes, num veículo para criar sentimentos e convicções preconcebidas a gerar na população, independentemente do seu verdadeiro conteúdo e documentação. Mais que a notícia importa o resultado que ela provoca.
Da informação está dependente a formação das opiniões e o desenvolvimento da opinião pública. A grande tentação, de regimes, ideologias e poderes, será possuir o domínio da informação. Com ele refreiam e dirigem as massas.
A imprensa, como “4° poder num Estado” deve ser tratada com cautela. Facto é que não há liberdade de imprensa sem liberdade de expressão. Na nossa sociedade a liberdade de expressão encontra-se em retirada. O medo do moralismo repressivo (principalmente como estratégia de um esquerdismo radical) leva muitas pessoas pensantes a terem uma tesoura na cabeça e deste modo surge uma censura implícita que impede muitas pessoas de se expressarem livremente porque despenderiam demasiadas energias para se oporem ao pensar politicamente correcto, interessado, de momento, em fomentar a guerra e o controlo em nome da segurança.
As forças do ódio e da divisão polarizam e vivem bem de uma “cultura” da confusão onde muitos valores humanistas são apresentados como contrários ao progresso e como obstáculo ao direito do mais forte e àquele que pode gritar mais alto.
A sociedade encontra-se cada vez mais embrulhada por um estilo de democracia de populismo de cima e de populismo de baixo.
Por António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, http://antonio-justo.eu/?p=4767