Por Igor Lopes
A portuguesa Maria João Soares, mordoma do cartaz oficial da Romaria em Honra de Nossa Senhora d’Agonia 2018, em Viana do Castelo, está no Rio de Janeiro para participar das comemorações dos 64 anos da fundação do tradicional Rancho Folclórico Maria da Fonte da Casa do Minho. O evento, que acontece no dia 8 de dezembro, a partir das 20h, vai contar com uma programação especial, incluindo a apresentação do grupo aniversariante e momentos de fado.
Em entrevista exclusiva ao Mundo Lusíada, Maria João, que tem 23 anos e que foi o rosto da edição deste ano da festa da Agonia, garantiu que a sua presença no Rio de Janeiro vai servir como um momento de aprendizado e de celebração.
“O Rancho Folclórico Maria da Fonte tem 64 anos, o que simboliza o seu amor pelo folclore. Pelo que sei, é um grupo que trabalha de forma exímia para perpetuar as nossas tradições e costumes. Nota-se a chieira das raparigas enquanto dançam e espero aprender muito com eles. Tenho a certeza de que vai ser um tempo bem passado com estes amantes da cultura minhota e tenho a certeza de que vou construir memórias muito felizes durante a minha estadia no brasil”, sublinhou Maria João, que se diz orgulhosa em poder representar a figura feminina da sua região em terras brasileiras.
“Quando recebi o convite, foi uma agradável surpresa. Além disso, representar a mulher minhota fora de terras lusas torna-se uma responsabilidade ainda maior, uma vez que existem inúmeros admiradores dos nossos trajes, danças e cantares. Fiquei genuinamente feliz pelo convite e tenho a certeza de que vai ser uma experiência única vivenciar, através de outra perspectiva, o valor que o Minho tem na vida do povo luso-brasileiro, que tanto se dedica para perpetuar as nossas tradições”, comentou esta jovem, que defendeu ainda que “o folclore é um modo de vida e que, quem está neste meio, tem a chieira de demonstrar, com a maior veracidade possível, a forma como os nossos antepassados envergavam o traje, cantavam, dançavam, faziam as suas lides agrícolas, e como passavam os serões no adro na igreja”.
Maria João, que é componente de um rancho folclórico português, recordou que se dedica à essa arte há 13 anos e revelou ainda ter deixado de lado outras atividades para se dedicar à dança folclórica.
“Na verdade, posso dizer que troquei a patinagem artística pelo folclore. Para mim, fazer parte do Grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela é um privilégio. É uma segunda família. Tanto os ensaios como as atuações pelo País, e a representação do nosso Minho no estrangeiro, permitiu-me crescer enquanto pessoa. É com prazer que, muitas vezes, e principalmente no verão, abdico de ir à praia ou ir passear para ir às atuações. Quando subo no palco o objetivo é sempre representar, o melhor possível, as nossas tradições, desde o traje, às danças e cantigas. Quando as pessoas, no final, vêm ter com a gente e nos parabenizam é sinal de que o nosso dever foi cumprido”, completou Maria João, que fica no Brasil até dia 11 deste mês.
Casa do Minho orgulhosa
Agostinho da Rocha Ferreira dos Santos, presidente da Casa do Minho no Rio de Janeiro, foi o autor do convite que levou Maria João ao Brasil. Segundo este responsável, “conhecer a jovem este ano, durante a festa da Agonia, no último mês de agosto, em Viana, e testemunhar a forma como o público respeita a figura que dá vida ao cartaz oficial, foi muito interessante”.
“É, por isso, e também porque sabemos da imagem renomada que o nosso rancho tem no Brasil e em Portugal, que decidimos convidá-la para estar com a gente no Rio de Janeiro para a festa do Maria da Fonte. Iremos celebrar mais um aniversário do nosso grupo, que soma muitos fãs e que é motivo de orgulho para a comunidade portuguesa e luso-brasileira. Pretendemos promover, mais uma vez, os costumes e as tradições culturais do Minho na cidade maravilha”, assegurou Agostinho dos Santos, que foi presidente da Comissão de Honra da Romaria d’Agonia 2018.
História de sucesso
Com mais de seis décadas de existência, o Rancho Folclórico Maria da Fonte se destaca por ser um autêntico porta-estandarte da Casa do Minho e das tradições minhotas no Brasil e, muitas vezes, além-fronteiras, divulgando e perpetuando a cultura minhota. Para além da exibição dos trajes e das danças e cantares da região do Minho, o Rancho Maria da Fonte reconstitui, habitualmente, quadros etnográficos, como a Desfolhada do milho, as Vindimas e a Espadelada do Linho.
Em março de 2019, a história e os principais momentos desse rancho folclórico vão ser foco de um livro jornalístico sobre os seus 65 anos de fundação.