Da Redação com Lusa
O jornalista do Expresso que disse ter sido agredido na terça-feira num evento na Universidade Católica, no qual participou o líder do partido Chega, já apresentou queixa na Polícia de Segurança Pública (PSP), disse à Lusa o diretor do jornal.
João Vieira Pereira, diretor do Expresso, afirmou à Lusa que tal queixa foi entregue neste dia 17 na PSP.
Na terça-feira, o jornalista afirmou ter sido agredido num evento que contou com a presença do líder do Chega, André Ventura, na Universidade Católica, mas a organização negou, admitindo apenas que o profissional “foi removido” da sala.
A alegada agressão terá ocorrido num evento organizado pela Associação Académica do Instituto de Estudos Políticos e pela Associação Académica de Direito, da Universidade Católica Portuguesa, intitulado “Conversas Parlamentares”, no qual participou o presidente do Chega, no âmbito de um ciclo de palestras para o qual foram convidados vários líderes partidários.
A convocatória feita pelo Chega para o evento, na véspera (segunda-feira dia 15), limitava apenas a entrada no auditório aos repórteres de imagem (“câmaras”), sem contudo fazer referências à presença de outros jornalistas.
À Lusa, João Dias, presidente da Associação Académica do Instituto de Estudos Políticos, um dos responsáveis pelo evento, afirmou na terça-feira que a palestra era “fechada à comunicação social”.
Segundo notícia divulgada pelo Expresso, o jornalista alega que a sua entrada na sala onde estava André Ventura “foi autorizada por duas jovens junto à porta principal do auditório”.
De acordo com o relato publicado pelo semanário, após ter sido abordado algumas vezes pela organização do evento para sair do auditório, “dois dos jovens prenderam os seus movimentos, agarrando-o pelos pés e pelos braços, forçando a sua saída do evento – deixando todo o equipamento de trabalho na sala, incluindo o computador profissional”, que foi devolvido “após intervenção de um dos assessores de André Ventura”.
Segundo o semanário, o jornalista terá também sido abordado “de forma agressiva” pelo segurança pessoal de André Ventura.
Pelas associações, o responsável João Dias negou a existência de qualquer agressão e disse que o jornalista “foi removido” do auditório depois de ter sido abordado “cinco vezes” por membros da organização para que se saísse da sala.
Hoje, o Chega negou responsabilidades na entrada e expulsão do jornalista do Expresso, remetendo-as implicitamente para os organizadores.
Os líderes da IL e do PAN já participaram neste evento, e, em ambas as ocasiões, os dois partidos comunicaram previamente à imprensa que não era permitida a presença de comunicação social no evento, mostrando-se disponíveis para fazer declarações à chegada.
A direção do Expresso já repudiou “qualquer forma de coação e constrangimento ao trabalho jornalístico”, afirmando que “tomará as devidas ações, de forma a apurar responsabilidades e impedir que atos deste tipo voltem a acontecer”, manifestando “inequívoco apoio ao seu jornalista, que foi impedido de realizar o seu trabalho livremente”.
André Ventura disse não se ter apercebido da situação e recusou responsabilidades, indicando que não há “nenhuma ligação” entre os jovens envolvidos e o partido.
Baseando-se em comentários nas redes sociais de “centenas de testemunhas”, alegou que, “aparentemente”, quando foi abordado para sair da sala, o jornalista “reagiu, provocando os jovens” que se dirigiram a ele.
“Agora, o Ministério Público tem de fazer o seu trabalho”, defendeu.
“Espero que Ministério Público veja mesmo o que aconteceu, porque há centenas de testemunhas”, afirmou o líder do Chega, numa conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa.