Da Redação
Com Lusa
O Expresso informou neste dia 24 que denunciou junto do Facebook, Twitter e Youtube o vídeo de uma conversa reservada entre os seus jornalistas e o primeiro-ministro, António Costa, por violar os direitos de propriedade que lhe pertencem.
“Depois da divulgação nas redes sociais de imagens e som de uma conversa reservada de jornalistas do Expresso com o primeiro-ministro”, o título do grupo Impresa “desencadeou de imediato os procedimentos internos necessários para avaliar o sucedido”, refere a direção, num comunicado publicado no ‘site’, em que dá as “explicações devidas aos leitores” sobre “a divulgação não autorizada” do respectivo vídeo.
“Após a entrevista, foram recolhidas imagens para construção do vídeo de promoção da conversa mantida com António Costa”, adianta o Expresso, explicando que “os microfones usados na entrevista foram desligados, mas por lapso o microfone interno da câmara não – pelo que ficou em fundo o som da conversa ‘off the record’, reservada, que o primeiro-ministro teve com os jornalistas presentes na entrevista”.
No final da tarde de sexta-feira, o Expresso enviou para duas televisões os sons da entrevista, “incluindo algumas dessas imagens”, conhecidas como planos de corte, que incluíam “a imagem e áudio de sete segundos que resultaram na polémica conhecida”, prossegue a direção.
“Esse envio é um erro da responsabilidade do Expresso, que assumimos por inteiro”, afirma a direção.
O vídeo que circula nas redes sociais mostra António Costa numa conversa ‘off the record’ com jornalistas em que chama “cobardes” aos médicos envolvidos no caso do surto de covid-19 em Reguengos de Monsaraz, que matou 18 pessoas.
O Expresso adianta que, assim que se apercebeu que esse vídeo tinha sido enviado, pediu às televisões que não o usassem e que o apagassem do arquivo.
“A razão é simples: tratava-se de uma conversa confidencial entre uma fonte e os jornalistas, que são parte integrante do trabalho dos órgãos de comunicação social” e a “preservação destas regras é crucial quer para a manutenção da confiança entre as partes, quer para um eficaz apuramento factual da verdade dos factos – fator cada vez mais determinante nas democracias”, explica o Expresso.
Citando o Código Deontológico, em que “o jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, exceto se usarem para canalizar informações falsas”, o Expresso salienta que “estas regras aplicam-se, naturalmente, a qualquer fonte de informação do jornal”.
Adianta ainda que “nenhuma das televisões usou esse vídeo nas peças que passaram”.
No entanto, no sábado à noite, o Expresso recebeu via WhatsApp “um vídeo com os mesmos sete segundos, mas que não é o original”.
Ou seja, “em concreto, houve edição de som, aumentando-o de forma a que fosse perfeitamente audível, e foi gravado de um monitor, o que facilmente pode ser comprovado na sua visualização, por comparação com a qualidade de imagem do vídeo original”.
Em suma, “alguém gravou o vídeo com um telemóvel ou outro dispositivo, fazendo-o correr primeiro via Whatsapp, depois junto de outras redes sociais”, aponta o Expresso.
Reiterando o que afirmou anteriormente, a direção do Expresso salienta tratar-se de “de uma conversa já fora do âmbito da entrevista e, apesar de a sua divulgação ter fugido ao controlo do jornal” e “lamenta profundamente a gravação e difusão deste vídeo”.
Além dos procedimentos desencadeados, “o Expresso continuará o apuramento de responsabilidades internas”, tendo “já tomado medidas que evitem que o erro se volte a repetir”, assevera.
Paralelamente, o semanário “denunciou junto do Facebook, Twitter e Youtube o referido vídeo por violar os direitos de propriedade que nos pertencem”, conclui.
A divulgação não autorizada do vídeo teve o seu impacto, tendo a Ordem dos Médicos (OM) solicitado hoje uma reunião de caráter de urgência com o primeiro-ministro, a qual terá lugar na próxima terça-feira.
Num comunicado, a OM considera que as afirmações de António Costa, “independentemente de serem proferidas de forma pública ou em privado, traduzem um estado de espírito ofensivo para os médicos e um sentimento negativo por uma classe profissional”.