Da Redação com Lusa
As autoridades portuguesas controlaram mais de 588 mil pessoas desde o início de reposição do controle documental nas fronteiras no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), tendo impedido a entrada no país de 94 pessoas, foi hoje anunciado.
As fronteiras aéreas são aquelas onde mais cidadãos têm sido controlados no âmbito desta operação – só na sexta-feira foram mais de 77.000 passageiros de 437 voos, a esmagadora maioria com origem fora do Espaço Schengen.
O controlo documental nas fronteiras terrestres, aéreas e marítimas no âmbito da JMJ entrou em vigor no dia 22 e está a ser feito de forma seletiva e direcionado com base em informações e análise de risco.
De acordo com o balanço operacional feito hoje, em comunicado, pelo Sistema de Segurança Interna, nos primeiros sete dias foram fiscalizadas 35.039 pessoas nas fronteiras terrestres, 516.260 passageiros nas fronteiras aéreas e 37.332 nas fronteiras marítimas, num total de 588.631 pessoas.
No âmbito da operação, foi recusada a entrada a 94 pessoas, das quais 59 tentavam chegar a Portugal por via terrestre e 35 por via aérea.
Nas fronteiras aéreas foram controlados desde o início da operação 3.008 voos e detidas quatro pessoas, nas fronteiras terrestres as autoridades controlaram um total de 8.554 viaturas e nas marítimas foram controladas 772 embarcações, 137 das quais nas últimas 24 horas.
Ao todo, foram feitas sete detenções, desde o início da operação (quatro no controle das fronteiras aéreas e três nas fronteiras terrestres).
A reposição de controles documentais nas fronteiras permanecerá ativa até às 00:00 horas de 07 de agosto e acontece “a título excepcional de forma a acautelar eventuais ameaças à ordem pública e à segurança interna”, segundo uma resolução do Governo.
O controle de fronteiras no âmbito da JMJ, evento que vai decorrer em Lisboa entre 01 e 06 de agosto e contará com a presença do Papa Francisco, está a cargo do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), com a assistência da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Guarda Nacional Republicana (GNR), além da eventual colaboração de autoridades de outros países.
Medidas de segurança
A ministra adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, garantiu hoje que foram “todas as medidas tomadas para que haja segurança” durante a Jornada em Lisboa, e considerou que não vale a pena “efabular sobre episódios”.
“Aquilo que posso garantir, falando com o senhor secretário-geral” do Sistema de Segurança Interna, “é que estão todas as medidas tomadas para que haja segurança”, afirmou a ministra aos jornalistas, durante uma visita ao Centro de Imprensa da JMJ, que se encontra instalado no Pavilhão Carlos Lopes, na capital portuguesa.
Ana Catarina Mendes frisou que “o que é absolutamente importante neste momento” é “dar uma palavra de serenidade e tranquilidade”.
“Não vale a pena estarmos a efabular sobre episódios”, acrescentou a governante, referindo-se à intervenção do artista Bordalo II, que estendeu uma “passadeira da vergonha”, composta por representações de notas de 500 euros, no palco-altar no Parque Tejo, numa crítica aos “milhões do dinheiro público” investidos para receber o Papa.
Segundo Ana Catarina Mendes, a segurança “foi trabalhada ao longo de meses para garantir que tudo corre dentro daquilo que é o previsto”.
“Não é por acaso que estão cerca de 20 mil agentes entre os portugueses e aqueles estrangeiros que se juntaram também a nós, num esforço de garantia de segurança de todos os que vão participar” na JMJ.
A ministra referiu que o Governo fez tudo o que estava ao seu alcance “para que o plano de segurança à responsabilidade” do Sistema de Segurança Interna esteja a funcionar no que respeita quer à segurança do Papa Francisco, quer dos peregrinos e de todos os envolvidos na JMJ.
Questionada sobre as declarações do ministro da Administração de Interna, que na sexta-feira rejeitou ter existido uma falha de segurança na instalação da “passadeira da vergonha”, Ana Catarina Mendes reiterou que “não houve uma quebra de segurança, houve, sim, um evento”.
“O meu colega de Governo não desvalorizou e julgo que não vale a pena também interpretar o que não foi dito”, frisou.
A governante congratulou-se pelas condições do Centro de Imprensa do Pavilhão Carlos Lopes, onde começaram já a trabalhar jornalistas que serão “os olhos e a voz” do que acontecer na JMJ.
“Estamos a falar de 4.600 jornalistas e cerca de 500 milhões de espetadores que assistirão, a partir deste centro, a tudo o que aqui vai acontecer”, acrescentou.
Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer de 01 a 06 de agosto, com as principais cerimônias a terem lugar no Parque Eduardo VII e no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
As JMJ nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após um encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
O primeiro encontro aconteceu em 1986, em Roma, tendo já passado, nos moldes atuais, por Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).
A edição deste ano esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19.
O Papa Francisco foi a primeira pessoa a inscrever-se na JMJ Lisboa 2023, no dia 23 de outubro de 2022, no Vaticano, após a celebração do Angelus.