Da Redação
Com Lusa
O treinador de futebol Jorge Jesus foi neste dia 30 condecorado pelo Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Ordem do Infante D. Henrique, numa cerimônia em que assumiu o “orgulho” por se ter tornado comendador.
“É com orgulho que eu hoje recebo esta condecoração. Sei o significado dela, sei quem era o Infante D. Henrique”, afirmou o treinador do Flamengo, acrescentando: “Claro que não fomos nós – eu e a minha equipa técnica – que descobrimos o Brasil […], também não fui eu que dei a independência, mas fomos nós que em 23 e em 24 de novembro conquistamos dois títulos no Brasil, vamos ficar também na história do Brasil.”
A cerimônia decorreu no Palácio de Belém, em Lisboa, e contou com a presença da família do treinador, dos presidentes do Sporting, Frederico Varandas, do Benfica, Luís Filipe Vieira, e do Sporting de Braga, António Salvador, da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, e da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Pedro Proença.
Jorge Jesus sublinhou a ligação afetiva manifestada pelo povo brasileiro em relação a Portugal, enfatizando que é uma “grande honra” representar o país no estrangeiro.
Também Otávio Machado, Bagão Félix, Manuel Sérgio, o antigo guarda-redes Júlio César e Pimenta Machado marcaram presença.
Na cerimônia, o Presidente da República lembrou que esta Ordem é concedida a personalidades que projetam o nome de Portugal no mundo, e que é uma tradição presidencial agraciarem-se treinadores.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, Jorge Jesus “contribuiu e contribui para o prestígio de Portugal no mundo do desporto, em particular num país muito querido, que sempre foi e sempre será”, assinalando que também os portugueses “vibraram emocionalmente” com os triunfos do treinador de 65 anos no Brasil, ao serviço do Flamengo.
De acordo com a Presidência da República, esta Ordem “destina-se a distinguir quem houver prestado serviços relevantes a Portugal, no país e no estrangeiro, assim como serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua História e dos seus valores”.
Esta é uma honra geralmente concedida a chefes de Estado estrangeiros ou “a pessoas cujos feitos, de natureza extraordinária e especial relevância para Portugal, os tornem merecedores dessa distinção”.
No passado dia 21, o Presidente da República anunciou que iria condecorar com a Ordem do Infante D. Henrique o treinador de futebol pelos resultados que alcançou, tanto no Brasil, ao serviço do Flamengo, como em Portugal.
A nota onde dava conta desta condecoração foi publicada logo após terminar a final do campeonato de mundo de clubes, em que o Flamengo perdeu com o Liverpool por 1-0 na prorrogação.
Regresso a Portugal
Jesus admitiu que mantém o objetivo de regressar ao futebol português, mas que o sucesso alcançado no Brasil torna agora “mais difícil” esse regresso.
“Vou regressar. Não sei quando, mas está mais difícil o meu regresso a Portugal”, afirmou o técnico português, de 65 anos, em declarações após a cerimônia.
Salientando a existência de um contrato válido com o Flamengo até junho e o apreço que encontrou entre os adeptos do clube do Rio de Janeiro, Jorge Jesus destacou igualmente a importância do “consenso” e do “carinho” alcançado entre os portugueses com esta experiência além-fronteiras.
“Se alguma vitória importante conseguimos no Brasil, talvez essa foi a mais importante: a de o povo português se associar a nós”, frisou.
Sobre a presença dos presidentes de Benfica, Sporting e Sporting de Braga, além dos líderes da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga Portuguesa, Jorge Jesus revelou ter ainda convidado o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, (que não compareceu por estar doente) para dar expressão à vontade de unir o futebol português.
“Não poderia ter todos [os presidentes de clubes] aqui, mas sei que chegamos onde chegamos com a ajuda de muita gente. Procurei convidar aqueles que estavam mais perto de Lisboa, bem como todas as referências do futebol português. Quis associar a minha condecoração a eles, porque sem eles, se calhar, não estaria aqui”, declarou, apelando também à pacificação do clima entre os principais clubes no futebol nacional.