Jogos Olímpicos Tóquio2020 vão decorrer sem público

Da redação com Lusa

Os Jogos Olímpicos Tóquio2020 vão decorrer “sem público” em nenhum dos locais de prova, devido ao aumento de casos do novo coronavírus na capital do Japão, anunciou a ministra dos Jogos, Tamayo Marukawa.

A decisão foi hoje anunciada pela ministra, horas depois de o Governo ter anunciado um novo estado de emergência, pela voz do primeiro-ministro, Yoshihide Suga, até 22 de agosto.

O Comité Olímpico Internacional (COI) e o Comité Paralímpico Internacional (CPI) divulgaram uma posição conjunta em que afirmam que “respeitam” e “apoiam” a decisão dos organizadores.

A posição do COI e CPI surge poucas horas depois de se saber que não haverá mesmo público presencial em Tóquio, com as organizações a referir que a decisão, tomada após o aumento de contágios de covid-19 no Japão, “é no interesse de uns Jogos seguros para todos”.

A decisão foi divulgada após reunião entre COI, CPI, Comité Organizador de Tóquio2020, Governo Metropolitano de Tóquio e o Governo do Japão.

Nesse encontro, o COI e o CPI “foram informados pela parte japonesa sobre o impacto do anúncio nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos e apoiaram as políticas apresentadas pelas autoridades japonesas”, refere o comunicado.

“O COI e o CPI, respeitando a decisão, apoiam-na no interesse de uns Jogos seguros para todos. Ao mesmo tempo, lamentam profundamente pelos atletas e pelos espetadores que esta medida tenha de ser posta em marcha”.

Em Portugal

O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, lamentou que Jogos Olímpicos tenham de decorrer sem público, receando um agravar das restrições aos participantes.

“Lamento que as circunstâncias obriguem à decisão agora anunciada. Reconhecíamos que havia alguma limitação ao público nos estádios, apenas a residente, mas a evolução da situação pandêmica obrigou as autoridades locais a esta tomada de decisão. Naturalmente, não ajuda”, declarou.

A possibilidade de “medidas concretas” fora da capital nipônica será ainda discutida com as autarquias locais, mas em Sapporo a população já foi instruída a não comparecer na estrada, com grande parte dos outros eventos olímpicos, como o revezamento da tocha, a decorrer já sem público por todo o país.

Para Constantino, “se o quadro conhecido já era muito severo e limitativo” no que toca a medidas de controle e “reduções à mobilidade e circulação”, a nova medida “não vem ajudar à realização dos Jogos e a algum ambiente em torno das competições”.

“Receio que o quadro se possa agravar. As notícias que chegam não são animadoras, e esta decisão, de algum modo já esperada, pode ainda ser agravada com algum tipo de medidas. Vamos ter de esperar”, comentou.

O país asiático também decidiu prolongar estado de emergência na região de Okinawa (sudoeste), onde já estava ativo, e manter certas restrições nas autarquias de Chiba, Saitama e Kanagawa, nos arredores de Tóquio e onde também serão realizadas competições dos Jogos Olímpicos.

Depois de fecharem o acesso a bilhetes a residentes no Japão, os organizadores estariam a estudar lotações cada vez mais reduzidas, com os Jogos a decorrerem agora à porta fechada, fato inédito na história do movimento olímpico.

Cerca de 11.000 atletas são esperados para os Jogos Olímpicos, obrigando as autoridades japonesas a tomar medidas drásticas a todos os participantes das provas.

O Japão foi relativamente poupado da pandemia de covid-19, em comparação com muitos outros países, com cerca de 14.800 mortes registradas desde o início da pandemia, mas os especialistas têm-se mostrado particularmente preocupados com o efeito dos Jogos Olímpicos num eventual aumento de propagação do novo coronavírus.

Tóquio registou hoje 896 novos casos do novo coronavírus, após contabilizar 920 na quarta-feira, valor que não registrava desde maio, quando o anterior estado de emergência ainda vigorava nas áreas mais populosas do território.

Os Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados em um ano devido à pandemia de covid-19, decorrerão entre 23 de julho e 08 de agosto.

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