Joana Amendoeira em São Paulo: “O Fado é minha Missão!”

Divulgação

 

>> Joana Amendoeira durante apresentação em São Paulo.

Por Eulália MorenoPara Mundo Lusíada

É a quarta vez que Joana Amendoeira se apresenta em terras brasileiras. A primeira foi há dez anos, no município de Barueri durante as comemorações dos 500 anos da Descoberta do Brasil. Apresentou-se em seguida em Fortaleza, e em Março do corrente ano, em Brasília, durante o ciclo “Nossa Música, Nossa Língua”. Na primeira semana de Novembro, acompanhada na guitarra portuguesa por seu irmão, Pedro Amendoeira, na viola de Fado por Pedro Pinhal e no violoncelo por Davide Zaccaria, apresentou-se nos restaurantes “Quinta do Marquês” e “Marquês de Marialva” e encerrou a sua breve digressão no Centro de Eventos de Barueri, num espetáculo à convite da prefeitura local e com entrada livre.

Grande apreciadora da Música Popular Brasileira , “a seguir ao Fado é o que oiço mais” , confessa sua paixão por Elis Regina: “as minhas referências femininas são Amália e Elis” e tem em Tom Jobim o seu compositor favorito na palavra, Vinicius de Moraes.

O Fado surgiu na vida de Joana Amendoeira quando ela tinha apenas 6 anos de idade para surpresa da família onde ninguém era ligado ao meio artístico mas que a apoiaram desde o início e incentivaram o irmão Pedro, que hoje a acompanha, a aprender guitarra portuguesa.

Com apenas 13 anos ganhou o primeiro prêmio de interpretação feminina na Grande Noite do Fado na cidade do Porto.

“A minha principal referência é sem dúvida, Amália Rodrigues, pois ela para além do timbre maravilhoso tinha uma série de qualidades que a tornam uma das grandes vozes e artistas mundiais do século XX. É um grande privilégio para os portugueses! Depois existem outros grandes fadistas maravilhosos e únicos! O Fado tem uma enorme riqueza de estilos! Em relação a compositores também não é fácil eleger um, mas dos grandes fados tradicionais elejo Alfredo Marceneiro (que para além de um grande fadista, era um grande compositor) e Alain Oulman, que trouxe uma nova linguagem e revolucionou por completo o que se fazia até aos anos 60, através da voz de Amália”.

Desde aquela noite no Porto a sua vida tem sido preenchida com espetáculos em Portugal e países da Europa como Hungria, Suíça, Inglaterra e Holanda. Recentemente esteve na Lituânia.

“É o terceiro ano consecutivo que fomos a Lituânia onde nos apresentamos em diversas cidades. O público vive com uma intensidade enternecedora os nossos concertos. Emocionam-se com o canto, com os sons dos instrumentos e a sonoridade da Língua Portuguesa. Em vários países encontramos pessoas que nos dizem que devido ao Fado quiseram aprender Português para compreender as letras. É comovente e inspirador apresentarmo-nos perante culturas tão, aparentemente, diferentes e que se tornam próximas nesses momentos, porque o Fado canta os sentimentos e Histórias da Vida. E isso é Universal!”.

Culturalmente mais próximo de Portugal, o Fado já conheceu dias melhores no Brasil onde várias Casas de Fado garantiram, ao longo dos anos, a subsistência de muitos Emigrantes que se dedicavam, e teimosamente ainda se dedicam, a música portuguesa. Hoje a realidade é outra e Joana reconhece as suas próprias dificuldades:

“Muitas vezes encontro fadistas que vivem fora de Portugal há muitos anos e outros ainda que já nasceram nesses locais e mesmo assim procuram aprender. Fico muito feliz por ver como há tantas pessoas que são persistentes e lutadores na divulgação das nossas tradições, particularmente, no Fado! É pena que não haja apoios, tal como também os fadistas ou artistas de outros gêneros que mesmo Portugal também não têm muito apoio da parte do Governo para fomentar esta mostra da cultura portuguesa e até de exportação de cultura, neste caso”.

E esse Fado, como cultura, está prestes a torna-se patrimônio imaterial da Humanidade através da Unesco, o que Joana vê com grande entusiasmo e esperança: “Penso que esta candidatura irá dignificar ainda mais esta expressão musical maravilhosa, o Fado, que é realmente única no Mundo e tem de ser reconhecida por isso, tal como o Tango ou o Flamenco! Com certeza, esse reconhecimento solidificará e ainda promoverá ainda mais a divulgação do Fado em culturas que possam estar ainda um pouco afastadas.”

No site de Joana Amendoeira já encontramos agendadas várias digressões para 2011 contemplando países como a Bélgica e o Canadá, mas os seus planos para o novo ano tem horizontes mais amplos: “ Já se começa a delinear um regresso ao Brasil, talvez até percorrendo mais cidades. A partir de Janeiro, o meu disco “Sétimo Fado” será distribuído mundialmente e também a minha empresa, que se chama Nosso Fado, irá avançar ainda mais com as iniciativas, como a TV Nosso Fado, uma televisão online que divulgará todas as tradições portuguesas ao mundo e especialmente a atualidade do Fado, e o lançamento da marca “Filigrana by Joana”, que tem peças de joalharia artesanais da filigrana portuguesa, que foi criada com o intuito de divulgar uma arte que também não se pode perder.

Álbum Sétimo Fado em breve, no Brasil

Joana Amendoeira é considerada uma das mais importantes fadistas da Nova Geração. Nascida em Santarém a 30 de Setembro de 1982, participa em 1995, na Grande Noite do Fado, na cidade do Porto, onde ganha o primeiro prêmio de interpretação feminina.

A partir desse ano inicia uma atividade regular com espetáculos em auditórios e teatros por todo o país e em 1998 desloca-se pela primeira vez ao exterior, onde atua no âmbito do evento “Dias de Portugal”, organizado pelo ICEP na cidade de Budapeste (Hungria).Ainda no mesmo ano, grava o seu primeiro álbum, intitulado “Olhos Garotos”, em 2000 o segundo, “Aquela Rua” e em 2003, o seu terceiro, “Joana Amendoeira”. Ainda nesse ano participa no Disco de Homenagem a Carlos do Carmo, “O Novo Homem na Cidade”.

Recebe o Prêmio Revelação 2004 da Casa da Imprensa e em Julho de 2005 lança o álbum “Ao vivo em Lisboa”, gravado no Teatro Municipal São Luiz. O seu trabalho seguinte, com temas originais, “À Flor da Pele” teve a direção musical de Custódio Castelo. Seguiram-se apresentações pela Europa em Amsterdã, Londres e Budapeste.

O sexto álbum, “Joana Amendoeira & Mar Ensemble” conta com um quarteto de cordas, de sopros e um acordeão que se junta à voz de Joana e ao seu trio de acompanhantes (guitarra portuguesa, viola e contrabaixo) e recebe, em Março de 2009,o prêmio de “Melhor Disco de Fado de 2008”, atribuído pela Fundação Amália Rodrigues.

Em 2010 e com apenas 27 anos de idade, Joana Amendoeira apresenta o seu sétimo disco, “Sétimo Fado”, um trabalho com 17 temas originais que combina o fado tradicional com arranjos de acordeão, piano e violoncelo. Ao lado de Pedro Pinhal e Filipe Raposo a fadista assina a produção e concepção musical do trabalho, reunindo assim uma série de letristas e compositores como Fernando Girão, “O Teu Olhar é Portugal”, Tiago Torres da Silva e Paulo Paz, “Fado Rosa Maria” que também assina com João Monge “Fado de um Amor que Ficou”. João Monge ainda está presente, em parceria, com Armando Machado “O nome que tu me davas” e com Bernardo Sasseti , “Lisboa no Coração”. Igualmente presentes, Helder Moutinho e Francisco Viana, “Todas as Horas são Breves”, Pedro Assis Coimbra e Pedro Amendoeira, “A alma Celta do Fado”, Amélia Muge, “Há mais Fado que Garganta”, João Fezas Vital e AlfredoDuarte, “Fim da Saudade”, José Luis Peixoto e Pedro Pinhal, “Fado para a Minha Mãe”, Rosa Lobato Faria e Mario Moniz Pereira “Meu Amor é Primavera”, Pedro Tamen e Filipe Raposo, “Palavras Minhas”, Domingos Gonçalves da Costa, “Resposta Fácil”, e Davide Zaccaria e Pedro Assis Coimbra, “Quando por fim Amanhece” que com Pedro Pinhal também assina “Pão das Palavras”.

Joana Amendoeira apresenta também nesse seu trabalho algumas de suas composições em parceria com Vasco Graça Moura e Pedro Pinhal , “As Quatro Operações” e com o mesmo Pedro Pinhal, Pedro Rapoula e Ricardo Parreira, “Trago o teu Fado Guardado”. “Sétimo Fado” será brevemente lançado no Brasil e a partir de Janeiro de 2011 estará disponível para compra no I-Tunes. Site de Joana Amendoeira: www.nossofado.com.

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