Mundo Lusíada com Lusa
O reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, está convicto de que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) “será uma oportunidade única para projetar Fátima” junto dos mais jovens.
“A presença do Papa em Fátima será um momento particularmente importante neste contexto da própria JMJ” e será “a primeira vez que o Papa estará presente em Fátima fora de um dia 12 e 13 de maio”, sublinha Carlos Cabecinhas, em entrevista publicada no número de maio do jornal oficial do santuário, Voz da Fátima.
Segundo o reitor, “o santuário tem vindo a preparar-se para acolher os jovens que virão para a JMJ marcada pelo Papa, sem nunca esquecer os restantes peregrinos”, nomeadamente os emigrantes, que “habitualmente não podem vir [a Fátima], porque é em maio e ainda estão a trabalhar nos países de residência. Este ano poderão fazê-lo, e não quererão, com certeza, perder essa oportunidade de estar em Fátima quando o Papa aqui vier”.
O responsável pelo maior santuário do país alimenta, também, a expectativa de que a “declaração da Irmã Lúcia como venerável (…) possa acontecer ainda este ano”.
“Gostaríamos que acontecesse neste período até à Jornada Mundial da Juventude ou que, eventualmente, fosse o Santo Padre a trazer-nos em mãos esse presente”, acrescenta Carlos Cabecinhas na entrevista ao Voz da Fátima.
O reitor aborda ainda o tema do próximo Jubileu de 2025, “Peregrinos da Esperança”, garantindo que o Santuário de Fátima vai adotar “essa mesma temática e procurar levar os peregrinos a fazerem a experiência do santuário como lugar de esperança”.
Carlos Cabecinhas, de 52 anos, foi reconduzido no cargo de reitor do Santuário de Fátima no final de abril, para novo período de cinco anos. O sacerdote é reitor do maior santuário do país desde 2011, ano em que substituiu no cargo Virgílio Antunes, então nomeado bispo de Coimbra.
Peregrinos
Mais de 130 grupos organizados de peregrinos, de 30 países, estão já inscritos nos serviços do Santuário de Fátima para as cerimônias da Peregrinação Internacional Aniversária de 12 e 13 de maio, que começam nesta noite de sexta-feira.
Segundo os serviços do Santuário de Fátima, além de Portugal, Itália é o país com mais grupos organizados registrados. Até ao início da peregrinação são esperadas mais inscrições, admitindo-se, também, que muitos grupos organizados participem na peregrinação sem que efetuem a sua inscrição junto dos serviços do santuário.
As cerimônias, que assinalam o 106.º aniversário das aparições na Cova da Iria, vão registar, segundo as autoridades, um número de peregrinos ao nível do que se registava antes da pandemia de covid-19. Na quinta-feira, a GNR apontou para uma afluência nos dois dias de peregrinação de entre 250 a 300 mil fiéis.
A peregrinação é presidida pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, que já presidira a uma peregrinação em Fátima em outubro de 2016, meses antes da presença naquele santuário do Papa Francisco, para as comemorações do 100.º aniversário das aparições, em maio de 2017, quando canonizou os videntes Francisco e Jacinta Marto.
Pietro Parolin é cardeal desde 12 de janeiro de 2014, tendo recebido a ordenação episcopal das mãos do Papa Bento XVI, em 12 de setembro de 2009, tendo sido nomeado em 31 de agosto de 2013, pelo Papa Francisco, secretário de Estado do Vaticano.
A peregrinação, cujo tema está ligado ao tema proposto pelo Papa Francisco para a JMJ – “Maria levantou-se e partiu apressadamente” – segue o programa habitual, com início hoje, às 21:30, com o terço, seguindo-se a procissão das velas e a celebração da palavra, no altar do recinto.
Antes de se iniciar o terço, os símbolos da JMJ – a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani – descerão até à Capelinha desde o topo norte do recinto e permanecerão no Santuário até ao final da missa internacional, no sábado.
Durante a madrugada de sábado, os símbolos estarão na vigília jovem na Basílica de Nossa Senhora do Rosário e, às 02:00, acompanharão a Via-sacra jovem no caminho dos Pastorinhos até ao Calvário Húngaro.
A Peregrinação Internacional Aniversária de maio prossegue no sábado, com a procissão eucarística no recinto de oração às 07:00, seguida do terço às 09:00 e a missa internacional às 10:00.
Símbolos JMJ
Os dois símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) – cruz peregrina e ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani – vão integrar, a partir desta noite, o programa da Peregrinação Internacional Aniversária ao Santuário de Fátima.
A cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora são entregues ao santuário às 21:00 de hoje, segundo os responsáveis pelo templo mariano.
Os símbolos estarão presentes no recinto durante os principais momentos da peregrinação e, na madrugada de sábado, a partir das 02:30, serão levados na Via-Sacra até aos Valinhos.
Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude encontram-se na diocese de Leiria-Fátima desde 30 de abril, quando terminaram a sua passagem pela diocese de Coimbra.
Durante todo o mês de maio, os símbolos estão a percorrer a diocese de Leiria, passando por cada uma das vigararias, terminando a sua peregrinação em Porto de Mós, onde serão entregues à diocese de Santarém.
Tradicionalmente, nos meses que antecedem cada JMJ, “os símbolos partem em peregrinação para serem anunciadores do Evangelho e acompanharem os jovens, de forma especial, nas realidades em que vivem”, informa a organização da Jornada.
Com 3,8 metros de altura, a cruz peregrina, construída a propósito do Ano Santo, em 1983, foi confiada por João Paulo II aos jovens no Domingo de Ramos do ano seguinte, para que fosse levada por todo o mundo.
Desde então, a cruz peregrina, feita em madeira, iniciou uma peregrinação que já a levou a quase 90 países.
“Foi transportada a pé, de barco e até por meios pouco comuns como trenós, gruas ou tratores. Passou pela selva, visitou igrejas, centros de detenção juvenil, prisões, escolas, universidades, hospitais, monumentos e centros comerciais. No percurso enfrentou muitos obstáculos: desde greves aéreas a dificuldades de transporte, como a impossibilidade de viajar por não caber em nenhum dos aviões disponíveis”, segundo uma nota sobre a JMJLisboa2023.
A organização acrescenta que “em 1985 [a cruz peregrina] esteve em Praga, na atual República Checa, na altura em que a Europa estava dividida pela cortina de ferro, e foi aí sinal de comunhão com o Papa”.
“Pouco depois do 11 de setembro de 2001, viajou até ao ‘Ground Zero’, em Nova Iorque, onde ocorreram os ataques terroristas que vitimaram quase 3.000 pessoas. Passou também pelo Ruanda, em 2006, depois de o país ter sido assolado pela guerra civil”, adianta a nota.
Já o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, que retrata a Virgem Maria com o Menino nos braços, tem 1,20 metros de altura e 80 centímetros de largura, e está associado a uma das mais populares devoções marianas em Itália.
“É antiga a tradição de o levar em procissão pelas ruas de Roma, para afastar perigos e desgraças ou pôr fim a pestes. O ícone original encontra-se na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, e é visitado pelo Papa Francisco que ali reza e deixa um ramo de flores, antes e depois de cada viagem apostólica”, acrescenta o documento divulgado pelo gabinete de comunicação da JMJLisboa2023.
Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer entre os dias 01 e 06 de agosto deste ano, com as principais cerimônias a terem lugar no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
A edição deste ano, que será encerrada pelo Papa, esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19.
Até ao momento já iniciaram o processo de inscrição mais de meio milhão de jovens.